Você prefere Android ou iOS (iPhone)? Não importa qual é o melhor ou pior, o que importa é o seu poder de escolha. Um ponto importante nisso é que se a Apple não tivesse revolucionado o mercado com o lançamento de um smartphone sem teclas, teríamos essa gama vasta de opções? De todos os preços?
Agora, imagine se as fabricantes de celulares olhassem para o Brasil e a decisão fosse: eles não precisam de smartphones, eles já têm ótimos celulares que fazem chamadas com excelência. Nokia, Motorolla... Parece que existem algumas linhas de pensamento neste sentido.
Ok, o iPhone ainda é caríssimo, mas abriu o mercado e hoje existem vários concorrentes produzindo aparelhos no Brasil. Na indústria automotiva é a mesma coisa. Carros importados, mais sofisticados, mais tecnológicos nos mostram as possibilidades. São caros? Sim, para a grande maioria dos consumidores sim, mas graças à sua chegada ficamos mais exigentes a ponto de passar a querer algumas novidades nos carros mais acessíveis.
E o carro elétrico? É a mesma coisa. É caro, é tecnológico e nos mostra uma nova possibilidade de futuro. Melhor ainda para quem gera sua própria energia limpa, em casa. Claro que ainda existe uma série de desafios e questões sobre o seu processo de produção, principalmente sobre a bateria. Praticamente todas as montadoras já trabalham em soluções para responder essas questões. Ninguém quer ficar "carregando" a parte suja.
Para Tavares, Brasil não precisa de elétrico
O ponto que quero abordar neste artigo é o poder da sua escolha. Quer um carro flex, ok. Híbrido, híbrido plug-in, elétrico a bateria ou hidrogênio. O importante é ter escolha. Nesta semana, o presidente mundial da Stellantis, Carlos Tavares, recebeu um grupo de jornalistas logo após um evento de divulgação dos resultados. Foi direto ao dizer que o Brasil tem etanol, e por isso, não precisa de carro elétrico.
Você pode ler a entrevista completa no Valor Econômico, em matéria assinada pela jornalista Marli Olmos. Quando questionado sobre o mercado de carros elétricos no mercado brasileiro, Tavares disse que o primeiro motivo que faz uma empresa levar carros elétricos para o Brasil é o simples fato de "competir com a líder de mercado, que é de longe a Stellantis (quando soma todas as marcas do grupo)".
Jeep Compass 4xe é a opção híbrida plug-in da marca
Tavares destacou que o etanol e o carro flex é a solução para o Brasil, segundo explicaram “cientistas” que ele encontrou em uma viagem recente na América Latina e emendou: “o elétrico não faz sentido se comparado com o carro que pode rodar com 100% de etanol. Sem contar que é muito mais caro para a classe média”, disse.
O ponto que deixou claro sua posição sobre o mercado brasileiro foi quando afirmou que a sociedade (brasileira), o cidadão, em sua "avaliação honesta é que não, eles não precisam porque vocês tem uma solução muito boa para o planeta", novamente se referindo ao etanol e as grandes terras para cultivo.
Mercedes-Benz EQE
Basicamente considera que o carro elétrico no Brasil não é tão eficiente e mais caro. E voltou a criticar e/ou desafiar os concorrentes: “Nossos concorrentes gostariam de vender o EV como uma declaração moderna, elegante e ecológica para pessoas ricas de áreas urbanas que compram o EV como o segundo ou terceiro carro da família. Isso pode ser um nicho de mercado. Não pretendo deixar esse nicho de mercado para meu concorrente, então estarei lá também. Sejam bem-vindos à competição”, disse.
O executivo falou ainda sobre sua preocupação em reduzir os custos do veículos elétricos, a dependência dos subsídios, a preocupação com o futuro do suprimento de insumos e alta de juros. São preocupações plausíveis e, claro, devem ser ponderadas.
Poder de escolha
Nós testamos todos os tipos de carros aqui. Sabemos que existem opções para todas as necessidades. O carro elétrico, de hoje, não é a solução. É uma alternativa. Alternativa para quem gera energia em casa ou para quem prefere um carro sem ruído, por exemplo. É caro, sim, mas é um caminho para o futuro.
Se alguém falar que o carro elétrico é a solução definitiva para o Brasil, certamente muitas pessoas falarão que não por vários motivos. E é isso. Não podemos ter um único caminho, uma única alternativa. Temos que ter todas, e nós consumidores, escolheremos o que melhor nos atende.
A oferta de veículos elétricos, em um país que a geração de energia limpa supera 84%, além de nos mostrar uma nova possibilidade - e possivelmente nos deixar mais exigentes, também abre caminho para novos negócios. Infraestrutura, geração de energia ou uma futura produção nacional. Você não precisa comprar, mas precisa poder escolher.