Teste VW Amarok Extreme 2025: a de sempre, para o bem ou para o mal
Picape mantém qualidades, mas poucas evoluções não mudarão seu mercado
Quando apresentou a Amarok em 2010, muito se questionou como a Volkswagen entraria no segmento de picapes médias para brigar com nomes já bem tradicionais, como Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger. O fato é que a Amarok só ganhou força de mercado (e de motor) quando pegou da Audi o V6 turbodiesel, um diferencial que só ela tinha naquele momento, e leva isso como argumento de venda até hoje.
Eis a VW Amarok 2025, a polêmica reestilização da picape média que nos afastou da nova geração vendida no exterior. Por um lado, sua concorrência oferece mais equipamentos e tecnologias, enquanto a Amarok não trocou nem a chave canivete. Por outro, segue com as boas qualidades que tanto cativaram seus fiéis compradores. Como isso fica na balança? Até onde a nova Amarok vale a pena?
Cara de Saveiro, volante de Saveiro, chave de Saveiro...
Desde que a VW anunciou que a Amarok teria uma reestilização para a nossa região, criou-se uma grande expectativa sobre a modernização de um projeto, como já dito, nascido em 2010. Em design, a Amarok concentrou boa parte das mudanças na dianteira, trazendo um DNA que mistura um pouco da Saveiro e dos SUVs, como as linhas do para-choque e detalhes da grade.
Os faróis em LEDs estão interligados por uma faixa iluminada nas versões Highline e Extreme e ainda não sei se é algo que me agrada ou não. É um conjunto bonito, mas destoa muito quando olhamos para as laterais, que receberam apenas novos desenhos de rodas, e a traseira, com as lanternas escurecidas e uma reorganização dos logos. Parece que começaram a desenhar a nova Amarok e, no meio do caminho, acabou o tempo e entregaram o que podiam.
Outra expectativa era o interior e mudanças como a da Chevrolet S10 nos davam lenha para pensar que a Amarok adotaria muito do que vemos nos modelos atuais da marca, como um painel digital, multimídia VW Play e assistentes de condução mesmo sem trocar de geração. O erro foi acreditar demais e ver que a marca trocou alguns revestimentos e a multimídia - que não é a VW Play - e deixou, por exemplo, a chave canivete que está na Saveiro com partida tradicional e o volante intocado, a mesma peça usada no Polo em suas versões de entrada e...na Saveiro.
A parte boa de ser a Amarok de sempre
Ao optar por não trocar de geração, a VW conseguiu manter o queridinhos dos donos de Amarok (quase) intocado. O 3.0 V6 turbodiesel (EA897) teve atualizações para evitar problemas relacionados ao diesel (mudanças em bombas e alertas sobre água no combustível) e algumas recalibrações evidentes para quem já a conhecia anteriormente. Segue com os 258 cv (272 cv no overboost, disponível entre 50 e 120 km/h por até 10 segundos com o acelerador pressionado acima de 70%) e 59,1 kgfm de torque.
Ainda é a picape média turbodiesel mais potente do Brasil. O que dá para perceber é que, pelas novas normas de emissões, a eletrônica do motor segura os ânimos nas arrancadas do dia a dia. É como se o acelerador estivesse mais manso e ficou mais perceptível o turbolag do V6, o que chega sim a incomodar no uso comum, principalmente em retomadas onde não seria necessário acelerar fundo. O próprio câmbio não faz mais tanta questão de reduzir as marchas nesses momentos.
Isso não tira o brilho da Amarok em seu ambiente favorito: a estrada. Curiosamente, a Amarok 2025 foi mais rápida que sua antecessora em nosso último teste nas retomadas, mas praticamente a mesma nas acelerações. Mas vale observar que o consumo piorou um pouco comparado ao teste anterior. Veja na tabela abaixo os números e comparações.
Amarok 2023 | Amarok 2025 | |
0 a 60 km/h | 3,7 s | 3,7 s |
0 a 80 km/h | 5,5 s | 5,5 s |
0 a 100 km/h | 7,8 s | 7,9 s |
40 a 100 km/h | 5,8 s | 5,6 s |
80 a 120 km/h | 5,5 s | 5,3 s |
Consumo urbano | 9,0 km/litro | 8,3 km/litro |
Consumo rodoviário | 11,7 km/litro | 11,4 km//litro |
A Amarok ganha velocidade como um carro de passeio sem esforço. O câmbio de 8 marchas joga marcha sobre marcha de forma rápida e sem trancos, ao mesmo tempo que dá para desafiar o asfalto molhado com segurança pelo sistema de tração integral automático. Ela pode não ser a melhor no fora-de-estrada, principalmente com as rodas de 20", mas é a picape que se comporta como um carro até nas curvas, com um controle da carroceria bem competente até para quem procurar abusar um pouco mais.
Apesar do marketing da VW tentar vender a Amarok como uma picape pro campo, ela gosta do asfalto liso. Essa suspensão justa vai fazer seus ocupantes reclamarem quando passar em buracos e lombadas mais rápido. A direção hidráulica é comunicativa, porém pesada para manobrar ainda mais com as rodas de 20" e largos pneus 255/60, em um tempo onde as picapes já recebem as primeiras caixas elétricas variáveis. Por outro lado, a Amarok desafia qualquer uma longe da terra e vai levar vantagem, ainda mais em velocidades mais altas e quando a estabilidade falar mais alto.
Para ter isso, era melhor não ter
Apesar do projeto, a ergonomia da Amarok é boa. Os comandos estão onde precisam estar, muito no console central ou logo abaixo da central multimídia. A alegria de ver comandos de ar-condicionado físicos também agrada, assim como os premiados bancos da picape que deveriam dar aulas para outros carros da Volkswagen em conforto e estabilização do corpo. A VW errou no que ela tentou colocar de novo na Amarok.
Entendo a questão da arquitetura eletrônica impedir um botão de partida - apesar de não aceitar, mais uma vez, a chave de Gol em um automóvel de mais de R$ 300 mil...- ou um novo painel. Este, ainda faz bem a função com os mostradores analógicos e a tela colorida central, mas a nova multimídia com tela de 9" tem espelhamentos (Apple CarPlay e Android Auto) apenas por fios e uma interface que não remete nada ao que a marca tem na VW Play. Faz seu trabalho e vale lembrar que aposentou uma tela pequena e um...CD Player.
Só que, na boa, não precisava do tal Safer Tag. Me surpreendi com a capacidade do sistema reconhecer faixas, ler placas e alertar sobre a possibilidade de colisões melhor até que alguns sistemas mais modernos, mas não atua em nenhum comando do carro e insiste em um alerta bem (BEM MESMO) chato e exagerado. Sua posição fica muito longe das mãos para ajustes ou seleções, nos levando a pensar que se estivesse mais perto do motorista, seria até mais útil, por exemplo, já que sua câmera fica no parabrisa, não no mostrador.
No geral, é a mesma VW Amarok de sempre com uma plástica para parecer mais moderna. Pelo lado ruim, sua concorrência está mais moderna e atualizada, dentro das novas exigências de compradores e novos clientes. Só que ao mesmo tempo, nem essa idade tirou o brilho da Amarok ao volante, algo que animou seus fiéis fãs a até trocarem pela nova, mas não vai conseguir roubar os clientes que ainda não tinha roubado de Ranger, S10, Hilux, Frontier, Triton...
Fotos: divulgação, Motor1.com Argentina e Leo Fortunatti
VW Amarok Extreme V6 (2025)
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