Teste rápido Audi A3 Sedan mild-hybrid: entrada VIP eletrificada
Sedã recebe sistema híbrido-leve no motor 2.0 turbo e se diferencia nas ruas, como o A3 de sempre
Há alguns anos, o Audi A3 Sedan foi uma boa forma de ter um carro premium na garagem. Era feito em São José dos Pinhais (PR), então tinha um preço até agressivo e acessível. Hoje, a realidade é bem diferente. Somente importado, o sedã parte de R$ 266.990 na versão 2.0 S Line, chegando a R$ 286.990 na Performance Black, sem contar os opcionais.
Isso afasta bastante o carro dos clientes, acabando com o efeito que vimos quando o sedã era nacional e tornando o veículo bem mais exclusivo. Pode não gerar volume, mas cria duas situações boas para a Audi: um lucro maior e uma imagem de exclusividade mesmo em seu modelo "de entrada", algo que não existia na geração anterior, bem mais comum nas ruas.
Com esta situação, a Audi optou por apostar nesta linha de deixar o A3 Sedan mais premium. A versão 1.4 turbo saiu de linha (pouco tempo depois do lançamento desta geração, vale lembrar) para que o foco fosse o motor 2.0 TFSI, agora com 204 cv e 32,6 kgfm de torque e com um novo sistema híbrido-leve de 48V. Não só por ser a motorização de maior procura, mas também por conta das normas do Proconve L7.
O motor 2.0 turbo sempre impressionou, mesmo na geração passada do sedã. Não tem os 220 cv do modelo antigo, por conta das modificações feitas para que melhorasse o consumo e as emissões de poluentes, ficando ainda mais eficiente com a tecnologia MHEV. Os híbridos-leves trabalham de forma bem sutil, dando apenas uma força na aceleração ou mantendo o veículo em movimento em velocidade de cruzeiro, enquanto o motor a combustão é desligado. Na maioria das vezes, você nem vai perceber o sistema em ação.
Sob o capô do A3 Sedan, mostra-se com fôlego o suficiente para faça com que seja bem divertido de dirigir, mesmo no modo Comfort ou Efficiency, que fazem com que a transmissão S Tronic de dupla embreagem faça trocas mais cedo, aproveitando ao máximo as 7 marchas disponíveis. O pequeno auxílio do sistema híbrido-leve ajuda na aceleração enquanto o motor vai passando dos 1.500 rpm, onde os 30,6 kgfm de torque começam a aparecer.
É colocando no modo Dynamic que o sedã vai impressionar. A Audi diz que a aceleração de 0 a 100 km/h leva 7,1 segundos, enquanto nosso teste instrumentado registrou 7,5 segundos. É o mesmo valor que vimos com o A3 Sportback 2.0 sem o auxílio híbrido, mas que tinha um torque maior de 32,6 kgfm e um pouco mais leve. Mesmo que fique só no ambiente urbano, é um carro que acelera bem, chegando a 60 km/h em 3,9 s e alcança os 80 km/h em 5,4 s.
Bem construído e com suspensão multilink na traseira, mostra-se bem ajustado para uma tocada mais esportiva, reduzindo bastante o balanço da carroceria nas curvas e passando muita confiança. O porém é que fica um pouco mais incômodo no asfalto ruim, também por causa dos pneus 225/40 R18 de perfil fino, e um ajuste mais firme para a suspensão.
Não espere médias muito altas de consumo de combustível. Afinal, o sistema híbrido-leve é só um gerador no lugar do alternador, fornecendo um pouco de força para as rodas em momentos bem curtos e em situações de maior consumo, como arrancadas. Não é à toa que registramos 10,9 km/litro no ciclo urbano. Fica um pouco mais interessante na estrada, permitindo que desligue o motor por mais tempo ao entrar em uma velocidade de cruzeiro, tanto é que marcamos 16,4 km/litro, o que é muito bom para um motor 2.0 turbo.
Agora que vem importado da Alemanha, o que elevou os preços consideravelmente, o A3 Sedan teve que mudar a estratégia e oferecer um pacote bem completo para justificar o valor. Vem de série com ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial, painel de instrumentos digital de 12,3”, câmera de ré, faróis e lanternas full-LED, sensores de luz e de chuva, seis airbags, sensor de estacionamento traseiro, freio de estacionamento eletrônico, controle de cruzeiro, central multimídia com tela de 10” com Android Auto e Apple CarPlay com fios, e sistema de som com 6 alto-falantes.
No caso desta versão, a Peformance Black, ainda recebe iluminação ambiente em LED, bancos dianteiros esportivos com ajuste elétrico para o motorista, sensor de estacionamento dianteiro, Park Assist, teto solar elétrico, direção elétrica progressiva e sistema de som com 10 alto-falantes. Ainda conta com alguns itens de design como acabamento de alumínio texturizado no console central e frisos decorativos em preto brilhante. Tem alguns itens opcionais, como os faróis LED Matrix adaptativos e o sistema de som Bang & Olufsen 3D.
É um bom pacote de equipamentos, só que com alguns problemas. Por causa da falta de semicondutores, a Audi tem trazido o carro sem o pacote de segurança ativo, como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de frenagem automática ou assistente de permanência em faixa. Quando o carro chegou ao Brasil, a empresa disse que aguardava uma normalização na produção na Alemanha, o que ainda não aconteceu. Outro ponto que fica devendo é a falta da conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, que só aparece na linha da Audi a partir do A4.
As novas tecnologias colocadas ajudaram no design do interior. A Audi abandonou a tela flutuante que poderia ser escondida no painel e as saídas de ar redondas. No lugar, encontramos linhas retas, com maior integração com as telas e os botões espalhados pela cabine. A multimídia agora fica no centro do painel e levemente inclinada para o motorista, com uma tela wide de boa visibilidade. Ao seu lado ficam as saídas de ar retangulares, acima de um pequeno degrau antes do porta-luvas. São detalhes que fazem o A3 Sedan parecer muito mais moderno do que a geração passada.
O console central vai dar uma discussão por uma questão de gosto, pois deixou de lado a alavanca da transmissão para usar um seletor por meio de uma chave, que remete ao Porsche 911. Isto liberou espaço e dá uma aspecto mais limpo, além de facilitar o acesso ao espaço para guardar o smartphone. Só que obviamente será uma reclamação de quem ainda prefere lidar com a alavanca.
Tem um bom espaço interno para quatro pessoas, apertando um pouco caso alguém vá sentado no meio da segunda fileira, não só pela largura do banco e do carro, como também por causa do túnel central alto - essa base é a mesma dos modelos da família com tração integral quattro. Mesmo assim, tem um bom espaço para a cabeça e para pernas. Seu porta-malas de 425 litros tem um bom tamanho para o segmento, sendo pouca coisa menor do que os 430 litros do BMW Série 2 Gran Coupe ou Mercedes-Benz Classe A Sedan.
O desafio dos concessionários será fazer com que o cliente aceitar o Audi A3 Sedan ao invés de levar o Q3 – afinal, o gosto do público ainda está muito mais inclinado para os SUVs do que os sedãs. Esta versão Performance Black do A3 custa R$ 286.990, antes de receber os opcionais, enquanto o Q3 Prestige custa R$ 285.990. Mesmo na variante Performance Black do SUV sai por R$ 332.990 e ainda tem o diferencial de ter tração integral. Racionalmente, pode até parecer que é uma boa economia, mas a realidade é diferente. Afinal, o Q3 já emplacou 653 unidades no ano, contra os 351 do A3 Sedan. Também não ajuda o A4 Sedan parte de R$ 299.990, maior
É uma opção para quem tem o A3 Sedan anterior e quer passar para o atual ou gosta de sedãs e precisa de algo mais compacto. Não nego que aproveitei muito bem o meu tempo com o Audi e, como prefiro um sedã do que um SUV, o A3 seria a minha escolha ao invés do Q3. A preocupação neste momento é que a Audi comece a oferecer os equipamentos que faltam, como controle de cruzeiro adaptativo, em uma linha 2023, deixando na mão quem comprar o carro agora.
Audi A3 Sedan
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