O Jaguar E-Pace é o segundo SUV da fabricante britânica, ficando ao lado do muito bem sucedido F-Pace nas lojas. E bota sucesso nisso. O F-Pace, com apenas um ano de produção, foi eleito Carro do Ano de 2017 e tornou-se o modelo mais vendido da Jaguar. Então, faz todo sentido que a marca queira criar outro SUV, menor e mais barato.
Infelizmente, E-Pace não quer dizer elétrico - essa versão verde será outro SUV, o futuro i-Pace - apenas indica que ele é menor do que o F-Pace. Ao invés disso, o SUV menor estará disponível com motores de quatro cilindros a gasolina (no resto do mundo também terá versões a diesel), e tração integral.
Como as configurações com motores a diesel não serão vendidas no Brasil, preferimos focar as primeiras impressões na versão R-Dynamic com motor 2.0 de 300 cv e câmbio automático de 9 marchas. A Jaguar o descreve como o mais próximo que a marca irá chegar de produzir um compacto esportivo. A fabricante quer diferenciá-lo do Land Rover Discovery Sport e Range Rover Evoque, com no foco no desempenho e esportividade.
Pessoalmente, como mostram as fotos dele na pintura prata Silicon Silver, o Jaguar E-Pace tem tamanho similar ao do Audi Q3 e do futuro Volvo XC40: compacto, mas perfeitamente formado. Ele pode ser o segundo SUV da história da Jaguar, mas oferece um design afiado e confiante, trazendo os melhores aspectos do esportivo F-Type. Os mais óbvios são os faróis largos e as laterais traseiras musculosas, que são claramente do F-Type. O interior traz elementos como a inclinação exagerada do painel de instrumentos, e a alça de apoio para o passageiro ao lado da alavanca de câmbio, que mais parece um manche de avião. Tudo isso dá um aspecto muito mais esportivo do que você encontra em rivais da BMW e Mercedes.
Estas proporções chamativas têm prioridade sobre o espaço para os passageiros. O acesso ao banco traseiro, por exemplo, é atrapalhado tanto pelo caimento do teto quanto pela grande caixa de roda feita para acomodar até 20 polegadas. Os porta-objetos para os bancos traseiros são bons, com um console central que conta com várias portas USB e tem capacidade para duas garrafas de 1 litro, mas o espaço para os pés dos passageiros é apertado. Recomendamos que leve um carrinho de bebê ou algumas malas no test-drive para ter certeza que há espaço suficiente para você e sua família.
O E-Pace é baseado na mesma plataforma que o Range Rover Evoque e Land Rover Discovery Sport, mas tem mudanças substanciais para melhorar a dinâmica, além de algumas atualizações que serão utilizadas na próxima geração do Evoque. Porém, embora tanto o Evoque quanto o Discovery Sport sejam montados no Brasil em Itatiaia (RJ), não há planos para nacionalizar o E-Pace.
A Jaguar não teve medo de brincar um pouco com seu SUV compacto. Não só podemos comprar o crossover com uma pulseira opcional chamada Activity Key para abrir o carro sem a chave, como também há alguns detalhes escondidos, como o desenho de um Jaguar com seu filhote na parte de baixo do para-brisa.
Todas as versões vêm, de série, com rodas de 18 polegadas e com a grande, porém inferior, central multimídia, que não conta com Apple CarPlay, Android Auto, ou a facilidade de uso dos sistemas usados pelos rivais da BMW e Audi. A multimídia mais bacana é exclusividade das versões mais caras.
Os fundamentos são tão previsíveis quanto atraentes. A posição de dirigir é baixa e com pegada mais esportiva, enquanto visibilidade é boa e a direção é precisa e tem peso exato. Tudo parece previsível e seguro. Sendo um Jaguar, o E-Pace não irá atravessar obstáculos na terra e lama como o Evoque, então a frente parece mais pontuda e os pneus Pirelli P Zero têm mais aderência na pista molhada. Até agora, é bem Jaguar.
O motor 2.0 a gasolina é menos convincente. Pode ser o mesmo usado no F-Type Coupé, porém, enquanto a potência é entregue de forma suave e linear, na prática parece menos ajustada e o SUV não passa a sensação de ser tão rápido quanto os números sugerem.
No Brasil, o E-Pace será vendido sempre com tração integral. Um sistema ativo que, quando o carro está andando em velocidade constante de cruzeiro, a força é transmitida inteiramente para as rodas dianteiras para economizar combustível. Se acelerar mais, o veículo divide a tração, enviando 50% para as rodas traseiras. Apesar disso, e com o pacote opcional que permite personalizar o peso do volante, a resposta do acelerador e a velocidade do câmbio automático, o E-Pace nunca parece muito excitante ao dirigir.
Um dos fatores que acabam com parte da diversão e com as intenções esportivas desse carro é seu peso. Apesar das dimensões compactas, o E-Pace é inexplicavelmente pesado. A Jaguar normalmente fala muito das virtudes de um chassi de alumínio e, embora este possa ser o caso para o F-Pace, a estrutura do E-Pace é feita com aço boro de alta resistência. Apenas o capô, tampa do porta-malas e teto são feitos de alumínio.
Os chefões da Jaguar dizem que uma estrutura de aço ajudou a melhorar a construção do interior, ao mesmo tempo que faz com que o E-Pace seja tão firme quanto o esportivo F-Type. Pode ser verdade, mas também fez com que o SUV compacto pese quase duas toneladas. É mais pesado do que seu irmão maior, o F-Pace. O E-Pace pode tentar ser mais ágil nas curvas, mas não consegue disfarçar o efeito do peso nas frenagens, aceleração, conforto e no consumo.
Cortar custos deve ser o outro motivo para a troca de material, porém, o E-Pace também não parece ser um bom negócio. Sim, seu preço no Brasil começa em R$ 195.400 na versão com menos equipamentos que ninguém deve comprar (afinal, tem que ser encomendada). Mas mesmo a versão logo acima, de R$ 222.300, tem preço muito próximo de modelos que deveriam estar acima, como o Audi Q5 e o Volvo XC60, que partem de R$ 244.990 e R$ 239.950, respectivamente. Aliás, a JLR do Brasil coloca o E-Pace como rival destes modelos, mesmo que ele seja consideravelmente menor. Para ter o E-Pace R-Dynamic igual ao dessas fotos, é necessário desembolsar R$ 278.080.
Apesar de toda a presença, beleza e potencial teórico, o Jaguar E-Pace prioriza estilo sobre substância, empurrando custo-benefício, praticidade e refinamento mecânico para o lado, muito mais do que um carro deste segmento pode se dar ao luxo de fazer. Tem aparência legal e soa como uma escolha menos comum no segmento, ele tem rivais que oferecem mais espaço, performance e tecnologias melhores pelo mesmo preço. Criar um SUV compacto da Jaguar é uma ótima ideia. Fazer um que possa vencer os rivais é, definitivamente, mais difícil.
Jaguar E-Pace R-Dynamic
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