A Volvo é uma marca de poucos carros no Brasil, mas que ainda assim tem uma boa história. O XC60 foi o campeão de vendas em seu segmento entre 2009 e 2015, superando rivais de peso como Audi Q5, BMW X3, Mercedes-Benz GLC e Porsche Macan. Agora, com a segunda geração do XC60, quer repetir o sucesso, voltar à liderança e mostrar que os carros em sua faixa de preço podem ser muito seguros.
O que é?
Produzido em Ghent (Bélgica), o novo Volvo XC60 é constantemente chamado no exterior como mini-XC90. E com bom motivos. A plataforma é a mesma, a Scalable Product Architecture (SPA), base modular criada especialmente para o uso em carros de tração integral e receber sistemas híbridos – a Volvo promete lançar apenas veículos "verdes" a partir de 2019.
Em relação à geração anterior, ele cresceu 9 cm de entre-eixos e 6 cm de comprimento, o que contribuiu muito com o aumento do espaço interno. O porta-malas foi de 495 para 505 litros. Há mais conforto para quem viaja nos bancos traseiros, com espaço de sobra para as pernas, mesmo com os assentos dianteiros posicionados mais para trás.
A Volvo tem mostrado como trabalhar uma identidade visual sem que todos os seus modelos fiquem iguais. A grade frontal é a mesma, cromada, com hastes na horizontal e o logo no meio. No XC60, as hastes são sólidas, enquanto as do XC90 são vazadas. Os faróis continuam com o T deitado em LED (chamado pela marca de “martelo de Thor"), só que eles encostam na grade, elemento não visto no modelo maior. Na traseira, ele recebeu lanternas em forma de L, que passam por toda a lateral do vidro traseiro até entrar no porta-malas. As luzes em LED acentuam esse formato, com linhas bem finas. É um elemento que não aparece no XC90 e reforça a identidade do XC60.
O interior também tem seu charme. As linhas gerais são as mesmas, dando destaque para a tela de 9 polegadas da central multimídia, posicionada na vertical. Quase não há botões, e os que estão lá são para ligar o pisca-alerta, controle do desembaçador (dianteiro e traseiro), avançar e retornar a música e o dial do volume. Todo o resto que não envolve a condução do carro é controlado pela tela.
O cuidado da Volvo com o acabamento é impressionante. Ela usou plástico macio ao toque nas partes de cima e de baixo do painel, e couro no meio (que a marca faz questão de destacar como couro verdadeiro). Até aí, qualquer marca premium faz isso. A diferença está no restante. Passe a mão nas laterais do console central e verá que é coberto por carpete, enquanto os rivais colocam plástico. Mesma coisa no porta-objetos das portas, com carpete nas laterais e piso de borracha. Dependendo da versão, há uma linha de madeira atravessando o painel ou, na configuração mais esportiva R-Design, aço escovado.
Conhecida por seu foco na segurança, a Volvo oferece uma série de equipamentos. Claro, vem com sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista), como é de se esperar. Vem de série com o sistema City Safety, que freia o veículo automaticamente em situações de emergência, para evitar colisão com veículos, ciclistas, pedestres e até animais. E funciona inclusive de noite. Tem alerta de mudança de faixa e de colisão frontal, monitoramento de pressão dos pneus, controle de estabilidade e tração, ISOFIX e cintos de segurança com pré-tensores. As versões Inscription e R-Design recebem o alerta de ponto cego e o sistema de mitigação de pista oposta, que avisa caso o carro invada a contra-mão (se o motorista dormir ou estiver distraído), ajudando a retornar para a faixa correta.
De resto, vem tão completo quanto a concorrência. Tem sensor de chuva e crepuscular, câmera de ré, sensor de estacionamento, computador de bordo, central multimídia, start-stop para o motor, piloto automático e abertura das tampa do porta-malas por um sensor embaixo do carro.
Como anda?
Neste primeiro momento, o Volvo XC60 chega somente com uma opção de motor, o 2.0 Drive-E turbo, de 254 cv e 35,7 kgfm de torque. Este quatro cilindros é abastecido somente com gasolina e trabalha com o câmbio automático de 8 marchas e tração integral. A diferença entre as três versões (Momentum, Inscription e R-Design) é de equipamento e acabamento. Versões a diesel e híbrida chegam em 2018.
Ao ligar o motor, ouço seu ronco bem baixo. O isolamento acústico é um dos grandes pontos do carro. Começo a rodar em velocidades mais altas e, dentro do veículo, tudo em silêncio. Só fará mais barulho em acelerações com o pé embaixo, quando o câmbio joga as rotações lá para cima. Em velocidade de cruzeiro, não há barulho de vento passando pelas laterais, e o ruído do pneu no asfalto é mínimo.
Os bancos são macios e não cansam, mesmo depois de um dia inteiro de viagem. Conforto e segurança estão até na central multimídia. A tela parece um tablet e é muito fácil de usar. Quer aumentar a temperatura do ar-condicionado? Coloque o dedo sobre a temperatura para aparecer uma lista. A ideia da Volvo é simples. Distrair o motorista do ato de dirigir é perigoso, então é melhor que gaste o mínimo de tempo possível para fazer algo no sistema.
O mais impressionante no XC60 é a sensação de confiança que ele transmite. Bastam alguns minutos dirigindo para entender como ele é capaz de fazer retomadas e ultrapassagens com facilidade e segurança. E isso em uma situação de chuva intensa. É tão estável que parecia estar no asfalto seco.
A mecânica ajuda muito. Como o torque aparece a 1.500 rpm, basta pisar um pouco para que o ótimo câmbio automático faça as reduções e comece a acelerar. Tem um ajuste tão bom quem nem precisamos usar as trocas manuais (disponíveis pela alavanca ou por paddle shifts atrás do volante). A marca diz que acelera de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos e atinge 220 km/h.
O percurso mais legal do test-drive passava por um bom trecho de estrada de terra e que, com a chuva que não parava desde o dia anterior, virou lama. Se eu forçava um pouco mais em uma curva, o controle de estabilidade logo colocava o carro de volta no lugar. E a tração integral fazia sua parte para não deixar o carro patinar em falso.
Quem comprar o XC60 pode pasar boa parte do tempo sem dirigir, graças ao piloto automático semi-autônomo. Basta colocar uma velocidade que ele irá seguir o trânsito, reduzindo de acordo com o carro da frente. Ele conta com o sistema que faz leves curvas sozinho, mantendo o veículo na faixa. Não realiza curvas muito fechadas e desativa acima de 130 km/h. Basta manter as mãos sobre o volante e ficar de olho caso ele avise que não pode completar a manobra.
Mas nem tudo é perfeito no SUV belga. O vidro traseiro tem uma inclinação que provoca acúmulo de água. Ficou ainda mais óbvio depois da pequena trilha. A água suja de lama formou uma linha que atrapalhava a visão. Claro, a sujeira do off-road é uma condição específica, só que mesmo a chuva já reduz a visilibilidade.
Também bebe bastante, como a maioria dos carros neste segmento. Recebe a nota A do Inmetro para sua área, mas D na categoria geral. Segundo a entidade, faz 8,5 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada. Durante o teste, o computador de bordo marcou 9 km/l no pequeno trajeto urbano e 10 km/l no rodoviário, bem próximo do resultado oficial.
Quanto custa?
Como tudo no Brasil nos últimos tempos, o XC60 também fica mais caro. Parte de R$ 239.950, na versão Momentum, sobe para R$ 259.950 na configuração Inscription e R$ 269.950 no modelo R-Design. Quando lançaram a versão Inscription com o motor 2.0 na geração passada, custava R$ 225.990. Em 2015, o modelo mais barato custava R$ 144.950.
Esse valor não está ruim dentro de seu segmento. A Audi acaba de lançar o novo Q5 a partir de R$ 244.990, um pouco mais do que o Volvo. O BMW X3 está mais barato, com preços que partem de R$ 232.950. As manutenções de 10 mil, 30 mil e 50 mil quilômetros custam R$ 949, enquanto as demais até 60 mil km têm valores específicos: R$ 1.849 (20 mil ou 12 meses), R$ 2.349 (40 mil ou 24 meses) e R$ 3.499 (60 mil ou 36 meses).
Galeria: Volvo XC60 2018
Os preços acima de R$ 200 mil têm uma justificativa. A marca já confirma o lançamento do XC40, seu novo SUV de entrada que vai brigar com Audi Q3, BMW X1 e Mercedes GLA. Chega ao Brasil até abril de 2018 e, com esse posicionamento de mercado, deve custar algo na faixa de R$ 150 mil. Se você não quiser esperar ou prefere um modelo maior e dinheiro não é problema, o novo Volvo XC60 é uma boa pedida.
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