Teste: Renault Stepway Zen 1.0 2023 é um claro ataque ao Citroën C3
Versão que aposentou o Sandero pega carona na nova onda de aventureiros com a mesma aposta de espaço de sempre
O lançamento do Renault Stepway 1.0, em outubro, marcou o fim do nome Sandero no Brasil, já que a versão 1.0 S do hatch deixará de ser oferecida. O mais perto que você chegará é esse, o aventureiro que foi anunciado por R$ 77.990 e o seu timing e preço não parecem ter sido por coincidência.
O novo Renault Stepway 1.0 veio pouco após a apresentação do Citroën C3 de nova geração. Olhando para o mercado atual, você terá dificuldades em encontrar um hatch de entrada simples, com até mesmo Kwid e Fiat Mobi trazendo um quê a mais de SUV para pelo menos tentar surfar na nova onda dos aventureiros, além de poder cobrar um pouco a mais por isso, claro. Mas será que a resposta da Renault ao chamado pelos aventureiros de entrada está à altura?
Pacote simplificado, mas OK
Vendido na versão única Zen, o Renault Stepway 1.0 chega praticamente com o mesmo visual de modelo aventureiro das demais versões do Stepway equipadas com motor 1.6. Isso significa que a nova configuração traz para-choque de aspecto mais robusto com maior inserção de plásticos pretos, proteção inferior pintada de prata na parte central e faróis de neblina com moldura cromada. Os faróis seguem como na reestilização do Sandero apresentada em 2019, trazendo assinatura com luz diurna de LED na forma de “C”.
Ele traz molduras pretas nas caixas de roda, barras de teto pintadas de prata, além de emblema com o nome do carro nas portas dianteiras. Comparado ao Stepway 1.6 Iconic CVT, o Zen 1.0 perde as rodas de liga-leve de 16 polegadas usa rodas de aço de 15 polegadas com calotas. As lanternas com acabamento escurecido e assinatura em LEDs e para-choque com refletores e proteção em prata seguem o visual das versões mais caras.
Por dentro o Stepway 1.0 traz acabamento preto brilhante no painel e bancos revestidos com tecido, que trazem novo padrão de figuras geométricas no desenho, além de espumas de maior densidade, segundo a Renault. Debaixo do capô, o Renault Stepway 1.0 traz o já conhecido motor três cilindros 1.0 SCe flex com sistema start-stop, que entrega 79/82 cv de potência a 6.300 rpm e 10,2/10,5 kgfm de torque a 3.500 rpm, sempre trabalhando com um câmbio manual de 5 marchas. Entre as principais medidas, o carro tem 4.070 mm de comprimento, 2.590 mm de entre-eixos e 320 litros de capacidade no bagageiro.
Entre os itens de série, tem banco do motorista com regulagem de altura, ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, vidros elétricos dianteiros com função um toque, indicador de troca de marcha, travas de portas e abertura do porta-malas com acionamento elétrico, sensor de estacionamento e faróis de neblina. Soma também quatro airbags, freios ABS, bem como o central multimídia Media Evolution, que tem suporte a Android Auto e Apple Carplay.
Bom na cidade, 1.0 na estrada...
O visual do novo Renault Stepway Zen 1.0 2023 não traz muitas novidades, mas a simplificação para se tornar a opção mais barata da linha fica clara. Nos modelos 1.6 com rodas de liga-leve de 16 polegadas, o visual é mais coeso. No 1.0, com rodas de ferro de 15 polegadas cobertas com calotas, o carro parece mais baixo e as rodas passam a impressão de serem ainda menores, já que o restante dos apetrechos visuais da carroceria foram pensados para uma roda maior.
Por dentro é o mesmo Sandero 1.0 que conhecemos desde 2019, com bancos largos, apesar de terem pouco suporte lateral. Não ter ajuste de profundidade para o volante atrapalha um pouco na hora de se acomodar, ainda mais para quem não gosta de usar o banco alto, como eu. Sendo um carro de entrada, é possível entender os plásticos duros no acabamento, mas os lançamentos mais recentes, falando mais especificamente do Citroën C3, trazem ao menos um visual um pouco mais inspirado.
No entanto, juntando o acabamento simples, a falta do ajuste de profundidade do volante e a regulagem manual dos espelhos, fica parecendo que pouco sobrou do Stepway que conhecíamos antes. As economias ficam ainda mais explícitas na parte interna do tampão do porta-malas, com pouco acabamento e lata aparente de sobra. Porém, o carro mantém uma característica que sempre foi positiva no Sandero: a cabine é larga e o espaço tanto no banco traseiro quanto no porta-malas é acima da média para a faixa de preço.
E de tecnologia? Posso afirmar que 4 airbags de série você não vai encontrar nos rivais, a não ser o Kwid, e só. Controle de estabilidade e assistente de partida em rampa, de fábrica no C3 1.0 mais básico e até no Kwid, não são encontrados nem como opcionais no Stepway 1.0. Até mesmo a central multimídia fica para trás. É de série, mas a entrada USB fica na face da tela. Então, se você usar um Android Auto ou Apple CarPlay, o cabo fica constantemente pendurado na frente das informações. Até mesmo o Kwid já solucionou isso e o Stepway não. A idade de seu projeto ainda mostra a cara.
Dirigindo, o motor 1.0 SCe brilha. Para sua cilindrada, responde rápido e não pede rotações elevadas para desenvolver. No entanto, a relação de câmbio é curta para auxiliar nas acelerações, o que se refletiu nos testes de aceleração do Motor1.com. O 0 a 60 km/h ocorre em 6,2 segundos, por exemplo. Mas limitado pela cilindrada e sem auxílio de turbo fez um 0 a 100 km/h em 16,1 segundos usando etanol.
No uso, isso significa que arrancar de segunda marcha é uma possibilidade se você não estiver numa ladeira. E também que o carro é esperto nas situações de uso urbano. Um outro ponto positivo é o consumo na cidade. Abastecido com etanol, o Stepway 1.0 fez 10,7 km/l em uso urbano. Por outro lado, com o mesmo combustível na estrada, o número sobe a apenas 11,3 km/l. Reflexo novamente do câmbio curto. A 120 km/h, o motor já trabalha a quase 4.000 rpm, exigindo mais combustível.
Nesse regime de trabalho e velocidade, o isolamento acústico do carro é ok, dentro do esperado para a faixa de preço. Na cidade, porém, é positivo ter o sistema start/stop ativo. Além de atuar com pouca intrusão, disfarça a trepidação em marcha lenta do propulsor de três cilindros.
Para quem está de olho em um aventureiro buscando mais conforto na buraqueira da cidade, o Stepway pode não ser a resposta. Em ondulações pequenas e buracos menores, o carro até atende a esse propósito, mas quanto maior o obstáculo, mais forte é o impacto transmitido para quem está no carro, comportamento que também observei em minha avaliação do Kwid Intense.
A sensação que fica após rodar com o Renault Stepway 1.0 é que a marca foi rápida para responder a esse novo desejo do mercado por aventureiros de entrada e a base do Sandero oferece ainda um diferencial em espaço interno, que permanece sendo um dos positivos do carro. Porém, perto de lançamentos mais recentes - e até mesmo do Kwid renovado, faltam-lhe alguns equipamentos e um pouco mais de refinamento.
Renault Stepway 1.0
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