Pelos motivos certos ou não, as scooters estão ganhando protagonismo no mercado de duas rodas nacional. A demanda vem crescendo tanto nos últimos anos que até inimaginável aconteceu em tempos de crise: motos inéditas estão chegando para tal categoria. Foi o caso da Yamaha Fluo 125 ABS, lançada em março.
De lá para cá, a moto vem mostrando bom desempenho nas vendas, se mantendo à frente de rivais como a Honda ADV e, em maio, voltou a ser a scooter mais vendida da Yamaha. Custando ainda os mesmos R$ 13.390 do lançamento (sem frete, claro), a moto se encaixou entre a NEO 125 (R$ 11.290 sem frete) e a NMax (R$ 17.290, também sem frete).
Já no papel era possível ser suas vantagens. O conjunto mecânico e o desempenho da Fluo estavam mais próximos da NEO, mas a diferença no preço era compensada com uma lista de equipamentos mais recheada e similar à encontrada na NMax. Mas faltava ver como a Yamaha Fluo 125 ABS se comportava na vida real, e é isso que vamos abordar agora.
Entre os principais itens de série, a Yamaha Fluo 125 traz faróis de LEDs, chave presencial, freio ABS dianteiro, rodas de liga-leve, cavalete central, pisca alerta, pedaleira do garupa com ajuste de altura, tomada 12V ao lado da ignição, start/stop, bocal de abastecimento no escudo frontal e espaço sob o assento com capacidade para 25 litros. A marca diz que o espaço é o suficiente para abrigar um capacete fechado. O painel de instrumentos é digital com tela de LCD, trazendo informações como odômetro parcial, relógio, marcador de combustível e até medidor de voltagem da bateria.
Apesar da cilindrada similar, o motor da Fluo 125 é diferente do usado na NEO. Ele conta com um motor monocilíndrico de 125 cm³ de capacidade, alimentado por injeção eletrônica e arrefecido a ar. Por ter o start/stop, dispensa o motor de arranque tradicional. Rodando apenas com gasolina, ele entrega 9,5 cv de potência a 8.000 rpm e 1,0 kgfm de torque a 5.500 rpm. Os números são um pouco inferiores aos da NEO 125. No entanto, a Fluo é leve, com 98 kg de peso a seco (102 kg em ordem de marcha). O câmbio também é automático do tipo CVT.
A suspensão dianteira tem garfo telescópico com 90 mm de curso. Já a traseira tem amortecedor único de 88 mm de curso. No entanto, o conjunto formado por motor e balança traseira é acoplado ao chassi por meio de um link para melhorar o amortecimento e diminuir a transmissão de vibrações para o piloto.
A roda dianteira tem 12 polegadas de diâmetro, sendo calçada por pneu de medida 100/90, enquanto a traseira, também de 12 polegadas, tem pneu 110/90. Ambos os pneus são Pirelli do modelo Diablo Scooter e suas medidas superam o encontrado na principal rival: a Honda Elite 125. O freio dianteiro é a disco com 200 mm de diâmetro, enquanto o traseiro é a tambor com 130 mm. A altura do assento em relação ao solo é de 780 mm, enquanto o banco em si tem 845 mm de comprimento.
Se você está olhando as fotos da Fluo e estranhando o visual, não é por acaso. A moto foge das linhas angulares encontradas nas demais scooters da Yamaha. E o motivo é simples: apesar de inédita no Brasil, a Fluo já era vendida em outros países, principalmente no sudeste asiático, onde é conhecida como FreeGo. O visual menos agressivo é bem-vindo, afinal, é uma scooter 125, não uma moto de corrida.
No lançamento, a Yamaha organizou o teste-drive inicial em um kartódromo. O motivo da escolha ficou mais claro colocando a Fluo 125 de encontro ao nosso asfalto. O acerto da suspensão dianteira é mais voltado para o macio e, com um curso nem tão longo assim, bate fim de curso com certa facilidade.
Já a traseira é praticamente irrepreensível. Andando sozinho, não se percebe fim de curso nos buracos e, com pneus largos e um grande assento, a Fluo 125 se mostra confortável. Leve e com pneus largos, a scooter da Yamaha é ágil no trânsito. As medidas comedidas também ajudam a passar nos corredores sem muita preocupação, enquanto a moto passa segurança para fazer curvas.
Destaque também para o isolamento do propulsor. As scooters utilizam um sistema unificado para o motor e a balança traseira. Normalmente, essa solução transmite as vibrações do propulsor para o chassi, mas na Fluo há um link para isolar essa questão. Além disso, não há um motor de arranque convencional, então a operação do start/stop da moto funciona quase que de maneira imperceptível.
Claro que há limites no que podemos exigir de desempenho de um motor 125, mas dentro de sua realidade, o propulsor da Yamaha Fluo cumpre o que promete. Até os 80 km/h a moto acelera e retoma com segurança, mas o ritmo começa a cair a partir daí. É possível manter 90 km/h em vias expressas sem dificuldades, mas mais que isso exige paciência e planejamento no caso de ultrapassagens. Na estrada, a moto alcançou 110 km/h, mas já no limite do que o motor pode fazer, então não recomendo.
Rodando sempre na cidade, mas com uso de vias expressas, a moto registrou um consumo real de 44,05 km/l. No entanto, o tanque é pequeno. Com pouco mais de 4 litros e quase 1 litro de reserva, dificilmente você rodará mais que 150 km antes de a moto pedir reserva de fato. É o preço a se pagar pelo tanque instalado no assoalho. Ele libera espaço sob o assento e tem um bocal de abastecimento muito prático posicionado no escudo frontal, mas vai deixar as visitas aos postos de combustível mais constantes.
Mesmo pensada para trajetos curtos em ambiente urbano, o grande assento oferece bastante conforto e opções de posição para o condutor se acomodar por horas a fio. E o garupa agradece também, pois não tem que ficar pendurado praticamente no suporte traseiro. Na questão de praticidade, o espaço sob o banco comporta um capacete e, apertando um pouco, uma capa de chuva completa incluindo galochas. Sem o capacete, leva algumas compras rotineiras sem dificuldades.
De observações mesmo, apenas coisas pequenas e que beiram o gosto pessoal. O espaço para os pés, por exemplo, é justo e não permite esticar as pernas. Já os espelhos precisariam estar mais afastados um dos outro, pois metade do campo de visão fica ocupado pelos cotovelos. Sempre bom ver uma moto com tomada 12V, mas a da Fluo fica no escudo próximo ao contato e a moto não tem porta-trecos por lá. Para usá-lo você precisa ficar com o celular no bolso ou em um suporte, o que não é ideal.
No final do dia, a Yamaha Fluo 125 ABS corrige a falta de equipamentos da NEO, mas sem cobrar tanto quanto a NMax. Além disso, amplia a oferta de motos de entrada disponíveis com ABS, que não é obrigatório nesta categoria. Não é a toa que a Fluo já está trazendo bons números de vendas para a Yamaha e mostra que um pouco mais de concorrência faz bem para o segmento.
Yamaha Fluo 125 ABS
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