Depois de quase 2 anos, a Audi volta a produzir no Brasil. A marca investiu R$ 100 milhões para a atualização da linha em São José dos Pinhais (PR), que começou a operar em regime de produtos para clientes nos últimos dias com o Q3 e Q3 Sportback. Dentro disso, há alguns pontos que valem ser explicados.
O Audi Q3 e Q3 Sportback são nacionais em seu registro e inclusive em numeração de chassis, mas o seu processo é o SKD, ou Semi Knocked-Down. Isso significa que o Q3 chega da Hungria parcialmente montado, ficando para as cerca de 200 pessoas da linha do Paraná a finalização da montagem. Durante nossa visita, vimos que é feito o casamento de powertrain com a carroceria do Q3 por aqui.
O carro chega da Hungria com todas as partes da carroceria e interior montados. No Brasil, ele recebe a gravação de números de chassis e outras identificações necessárias e a retirada de proteções de transporte. De um lado, carroceria, do outro motor e câmbio se encontram com suspensão, assim como o diferencial traseiro e o eixo cardã. No processo seguinte, o casamento disso tudo, inclusive sistema de direção e freios, além de parte de fluídos e ar-condicionado.
O que a Audi ganha com isso? A marca gera empregos e, com um compromisso de produção com o governo do Paraná até 2030, também aproveita sua linha de montagem em São José dos Pinhais, que já recebeu R$ 446 milhões desde o Inovar-Auto em 2012, incluso os últimos R$ 100 milhões. Vale gastar esse dinheiro?
Na verdade, há uma troca. No lugar dos 35% de IPI de importação de um carro completo, como vindo da Hungria, o carro em SKD paga 18% pelos componentes - segundo a Audi, não há nenhuma parte nacional no Q3 até o momento, nem mesmo pneus ou bateria. Isso é válido para um teto de 4.000 unidades por ano, mas serão feitas 1.500 do Q3 e Q3 Sportback, juntos, em 2022.
Mas não espere que isso irá reduzir o preço do Q3. Segundo a marca, os valores de lançamento (a partir de R$ 273.990) já foram calculados com o imposto das unidades nacionais, ou seja, as primeiras (seja importadas prontas ou as poucas que ainda chegaram em SKD sem o imposto diferente) foram faturadas com "prejuízo" para a marca, ou ao menos um lucro menor.
Sobre o SKD, a Audi afirma que é um esquema de produção bastante utilizado principalmente por marcas premium ao redor do mundo, pois permitem a montagem de veículos em países mesmo com baixo volume de vendas. A marca já fez isso com o Q3 anterior no Paraná, assim como o A3 Sedan. Jaguar Land Rover faz o mesmo, enquanto a BMW já importa o carro em CKD, completamente desmontado, e faz a armação estrutural e pintura no Brasil, ao menos do Série 3.
Com a fábrica em ação, a Audi já observa o futuro. Como a marca só lançará modelos eletrificados a partir de 2026, isso envolverá a produção local de eletrificados. Ainda é cedo, segundo a empresa, para dar um prazo exato pra isso. A Audi também não pretende utilizar a tecnologia híbrido-leve flex que a Volkswagen desenvolve no Brasil, já que isso depende de modelos com maior volume de vendas para ser viável.
E sobre a polêmica do IPI e os créditos devidos a Audi, a marca não falou abertamente sobre o assunto, mas deixou escapar que ainda não foram pagos pelo governo federal. Mesmo assim, a matriz na Alemanha aprovou a reabertura da fábrica.
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