Pneu sem ar: o que é, como funciona e quando será lançado
Será o fim dos pneus furados ou da manutenção que um pneu tradicional exige hoje, mas terá seu preço
Adeus furos e o trabalho de calibrar os pneus de tempos e tempos. Hoje parece ser só um sonho, mas daqui há alguns anos, todos poderemos usar pneus sem ar, que abandonam a necessidade de uma câmara inflada para fazer sustentação do veículo.
Esta é uma tecnologia muito promissora que está a caminho de ser fabricada em série, utilizando um composto de borracha integrado com as hastes feitas de plástico reforçado com fibra de vidro. Algumas das principais fabricantes de pneus do mundo já anunciaram a intenção de produzir os pneus sem ar a partir de 2024.
Aqui está tudo o que já sabemos sobre como os pneus sem ar são feitos e quando poderemos comprar estes compostos:
- Como funciona
- Vantagens
- Desvantagens
- Uma história que passa pela Lua
- Modelos a caminho
- Quando chegarão
Como funciona
Os pneus sem ar, embora tenham diferenças na construção de acordo com cada fabricante, são essencialmente baseados no mesmo princípio para operar. A clássica banda de rodagem de borracha, que faz o contato com o piso, não é sustentada por uma câmara de ar com a pressão correta, e sim por uma estrutura robusta e flexível de polímeros termoplásticos, normalmente do tipo reticulares ou com hastes de fibra de vidro.
A união destas duas partes é feita por uma faixa reforçada entre a estrutura reticular e a banda de rodagem, fazendo o papel da carcaça de lona dos pneus tradicionais. O quarto componente principal é a roda, que em alguns casos, é integrada firmemente ao resto do pneu sem ar.
Praticamente todos os protótipos apresentados até agora mostram os pneus sem ar sem os ombros e as laterais, o que pode ser uma decisão de marketing, demonstrando como a estrutura interna funciona. Quando começarem a ser produzidos, o mais provável é que recebam a lateral de borracha como nos pneus atuais.
Vantagens
Uma das principais vantagens dos pneus sem ar é que eles podem ser perfurados, o que significa que nunca esvaziam porque, em vez de ar, há uma estrutura interna de suporte feita de materiais plásticos.
Mesmo cortes na banda de rodagem e nos ombros não reduzem a eficiência de funcionamento do pneu sem ar, que se torna praticamente indestrutível. Como resultado, ficar com o carro parado por causa de um pneu furado é quase impossível e o desgaste causado pelo excesso ou falta de ar na câmara vira um problema do passado.
Também não devemos esquecer a vantagem de que pneus deste tipo não podem estourar, então acaba com acidentes ocasionados por isso. E, por não precisar trocar o pneu em caso de furos, podemos dar adeus ao estepe, kit de reparo e macaco. A disseminação desses pneus levaria a um uso maciço de materiais reciclados, recicláveis e bioplásticos impressos em 3D. Não menos importante é o benefício de reduzir o número de pneus sucateados a cada ano devido a perfurações, rupturas ou danos diversos, um número que a Michelin calcula ser de cerca de 200 milhões em todo o mundo.
- Sem furos
- Sem cortes ou rasgos destrutivos
- Sem explosões
- Nenhum desgaste anormal devido a quantidade incorreta de ar
- Não há necessidade de estepe, macaco e kit de reparo
- Materiais reciclados, recicláveis e bioplásticos
- 200 milhões a menos de pneus danificados a cada ano
Desvantagens
As possíveis desvantagens dos pneus sem ar que podemos citar são o peso maior devido à sua construção; maior resistência ao rolamento (que poderia melhorar com a evolução da tecnologia); menor capacidade de absorver as imperfeições das ruas; e, em alguns casos, um problema com ruído e vibrações, bem como possíveis dificuldades no alinhamento e balanceamento.
Outro problema parece ser o calor gerado dentro da estrutura de suporte do pneu durante a condução, devido à compressão e descompressão contínua dos raios feitos de plástico. Mas a grande dificuldade para tornar estes pneus populares deve ser o preço, que deve começar bem mais alto do que os pneus atuais e pode levar um tempo para ficar mais acessível.
- Mais pesado
- Maior resistência ao rolamento
- Aumento de ruído e vibração
- Problemas com o alinhamento das rodas
- Menor capacidade de absorção de buracos
- Desenvolvimento de calor ao dirigir
- Preço médio mais alto
Uma história da lua
A idéia de pneus sem ar certamente não é nova e foi revista várias vezes nos últimos cem anos, começando com os veículos militares no início do século XX. O verdadeiro pioneiro desta tecnologia, porém, foi James Vernon Martin, um aviador e inventor americano que patenteou seu Pneu Elástico já em 1931, seguido em 1938 pelo Safety Tire e o ainda mais avançado Lightweight Resilient Tire de 1944, que também foi testado em jipes durante a guerra.
Alguns exemplos 'extraterrestres', ou melhor, lunares, merecem ser lembrados. O primeiro diz respeito às simples rodas com raios de metal da sonda lunar russa Lunokhod 1 de 1970. O Lunar Roving Vehicle (LRV ou Lunar Rover) que a NASA criou em 1971 tem um pneu sem ar bem mais parecido com os atuais.
Projetadas pela General Motors após uma série de experiências diferentes, estas rodas lunares de metal são feitas de alumínio, têm carcaça de aço e uma banda de rodagem com sulcos de titânio. Uma verdadeira jóia da engenharia automotiva aplicada à exploração espacial.
As propostas mais recentes e confiáveis no mundo automotivo, por outro lado, começam com uma patente da Goodyear datada de 1982 e o desenvolvimento da tecnologia Tweel pela Michelin desde 2005, utilizada em veículos agrícolas ou de construção como Bobcats, mas continuou com um experimento até 2013 para aplicações automotivas. Suas evoluções naturais são chamadas de Michelin Vision Concept, de 2017, e o mais recente Michelin Uptis (Unique Puncture-Proof Tire System) de 2019.
Em 2006, a Toyo começou a fazer experimentos com seu pneu sem ar, enquanto a Bridgestone mostrou o Non-Pneumatic Concept Tire em 2011, que depois evoluiu em 2013 sob o nome Air Free Concept Tire, sempre apenas como um protótipo.
Outras propostas também vieram da Hankook, Toyo e do grupo Sumitomo com as marcas Falken e Dunlop, assim como da Goodyear.
Modelos à caminho
No momento, as "especialistas em pneus" que parecem estar à frente na corrida para produzir pneus sem ar em massa são Michelin e Toyo.
Michelin
O anúncio feito pela Michelin em 2019 e reiterado em 2021 de que equiparia os primeiros carros (junto com a GM) com pneus Uptis já em 2024, ou seja, daqui a dois anos, causou uma grande agitação. Uma demonstração espetacular de como Michelin Uptis trabalha também foi feita no Salão de Munique em 2021.
Toyo
Igualmente encorajadora, embora sem uma data precisa, é a promessa feita pela Toyo Tires de que está pronta para a produção em massa do Noair, que foi aperfeiçoado em várias gerações desde 2006 e até chegar ao formato atual. Diz-se que o desempenho é igual ao dos pneus infláveis, mas ainda não foi homologado para ser usado nas ruas do Japão, como em quase todos os países do mundo.
Bridgestone
A Bridgestone também vem trabalhando com pneus sem ar há algum tempo e as últimas aplicações foram apresentadas na feira CES 2020 com o conceito AirFree, que ainda está sendo desenvolvido com clientes e frotas, mas não está à venda por enquanto.
Hankook
A sul-coreana Hankook também tem alguns estudos bem interessantes, que levaram à criação do conceito iFlex de 2013, evoluiundo para i-Flex em 2022 (revelado na CES com a Hyundai). Apresenta uma estrutura de suporte alveolar com células de forma hexagonal e tetragonal. Mais uma vez, a posição oficial da empresa é que "a pesquisa e desenvolvimento continuam para mais melhorias".
Kumho
Também da Coreia do Sul, a Kumho tem mostrado conceitos futuristas de pneus sem ar há mais de cinco anos, inclusive ganhando prêmios por seu design. O mais recente e, aparentemente próximo de ser produzido, é o Kumho e-NIMF, que promete ser capaz de substituir até mesmo uma banda de rodagem desgastada. Apresentado mais recentemente, o Kumho Fin-Sread é uma opção mais tecnológica, usando um controle independente para cada uma das rodas e que é capaz de reduzir os ruídos. Até o momento, não há nenhuma indicação de sua eventual chegada ao mercado.
Goodyear
É impossível que uma gigante como a Goodyear fique de fora da evolução dos pneus, visto que já brincou com esta tecnologia em 1982 quando fez a patente de um pneu deste tipo. Desde 2018, a Goodyear vem testando seus pneus sem ar em alguns veículos autônomos, em colaboração com a cidade de Jacksonville (Flórida). Outros 120.000 km foram rodados com um Tesla usando o Goodyear NPT. A missão é iniciar a produção antes de 2030 para "colocar o primeiro pneu sustentável e sem manutenção no mercado até o final da década."
Falken
A gigante japonesa Sumitomo Rubber Group também deve ser lembrada. Tem trabalhado desde 2015 na tecnologia Gyroblade das marcas Falken e Dunlop Japan. Porém, ainda não tem uma data de lançamento.
Quando eles chegam
Os mais próximos são a Michelin, que já confirmou a meta de lançar o seu pneu Uptis nas lojas em 2024; e a Toyo, que afirma estar bem próxima do uso real para seu composto. No caso da Michelin, a estreia começará por frotas e a colaboração com algumas fabricantes, principalmente em mercados emergentes, que costumam ter ruas mais acidentadas e com maior risco de furos e danos para os pneus tradicionais. Por outro lado, a Bridgestone acredita que estará no mercado dos pneus sem ar daqui a cinco a dez anos.
As outras fabricantes ainda não indicaram uma data para a chegada de seus pneus sem ar, mas algumas estimativas apontam para 2026 como o ano em que muitos estarão no mercado. Pesquisas recentes da Market Research Future prevêem que o mercado de pneus sem ar poderá atingir um valor de US$ 63,6 milhões em 2027, com um crescimento anual de 4% a partir de 2026.
O mesmo estudo indica que os principais países para o mercado dos pneus sem ar são China, Índia e o restando da Ásia, assim como a América do Norte, inicialmente para o segmento off-road.
Galeria: Pneus sem ar
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Hyundai terá painéis com botões e descarta concentrar tudo nas telas
Novo Duster vira carro de rali com conceito Dakar
GM: abandonar o Apple CarPlay foi a melhor decisão
Chevrolet Silverado chega à Argentina em versão que não temos
Câmara discute regras para carros autônomos, hoje proibidos no Brasil
Aguardado no Brasil, Omoda C5 muda visual e vira Chery Tiggo 5x na China
Hyundai explica câmbio de dupla embreagem do novo Creta e reforça garantia