Exclusivo: Já andamos na picape Ford Maverick que chega em 2022

Com preço de EcoSport nos EUA, picape híbrida seria muito boa em nosso mercado

Ford Maverick 2022 Ford Maverick 2022

No Brasil, já nos acostumamos com a presença da Fiat Toro. Ela inaugurou um segmento que mistura picape com SUV e seu sucesso chamou a atenção de diversas empresas não apenas por aqui, mas também no exterior. A Ford apresentou a Maverick com esta proposta e, nos Estados Unidos, ela faz o que a Toro fez por aqui em 2016.

Para os padrões dos EUA, a Ford Maverick é uma picape pequena. Com ela, se criou um cenário interessante, totalmente novo por lá e que, ao mesmo tempo, atrai os compradores de diversos segmentos como sedãs, SUVs e as versões de entrada das picapes maiores tão tradicionais por lá - te lembra o que aconteceu com alguém no Brasil? Pois é...

Esta avaliação, feita nos Estados Unidos, é com a nova Ford Maverick XL, a versão de entrada da picape com a motorização híbrida, configuração que infelizmente não deve chegar ao Brasil, mas já cria um bom parâmetro sobre o que teremos por aqui em 2022, dividindo o conjunto mecânico com o Bronco Sport, que tem o 2.0 turbo de 240 cv e câmbio automático de 8 marchas.

Voltando aos anos 1990...

O design da Ford Maverick não é inédito. É uma picape monobloco, semelhante à Hyundai Santa Cruz, Honda Ridgeline e Fiat Toro, com uma pegada das antigas Chevrolet S10 dos anos 1990, bem menor que a atual geração e o estilo que remete a atual F150, sua irmã (bem) maior. Mas o que a Maverick oferece desde a versão mais básica de sua gama é única no mercado norte-americano atual e seria um sucesso no Brasil...

A versão XL "pelada" custa a partir de US$ 19.995 (R$ 109.242) e vem de fábrica com uma motorização híbrida e tração dianteira, o que a torna a única picape híbrida de série nos EUA. O sistema elétrico é alimentado por um conjunto de baterias de 1,1 kWh e funciona em conjunto com um motor de quatro cilindros 2.5 de ciclo Atkinson para entregar um consumo de até 17 km/l, segundo as medições locais. O conjunto é o mesmo que foi usado no antigo Fusion Hybrid, que teve passagem pelo Brasil.

A tecnologia, porém, não atrapalha a praticidade. Combinados, os motores entregam 191 cv, suficiente para rebocar até 907 kg ou transportar 680 kg na caçamba. Para uma picape que é  quase 30 cm menor e custa US$ 5 mil (R$ 37.283) a menos que a Ford Ranger norte-americana, isso é impressionante.

Se o modelo básico não for o suficiente para suas necessidades, a Ford tem uma opção mais forte. As versões XLT e Lariat estão disponíveis com o EcoBoost 2.0 litros turbo que oferece 250 cv e 38,3 kgfm (que será oferecido no Brasil, mas não sabemos se com esses números ou os mesmos do Bronco Sport), dobrando a capacidade máxima de reboque para 1.814 kg. Além disso, a tração integral é opcional, mas será de série por aqui.

Outros opcionais que podem aumentar o público em potencial da Maverick incluem o pacote off-road FX4, com pneus de uso misto e e protetores de chassi, bem como o pacote de segurança Ford Co-Pilot 360, que adiciona controle de cruzeiro adaptativo, monitoramento de tráfego cruzado e uma série de outros recursos de assistência à condução - mais uma vez, que deverá ser de série aqui.

Resumindo, os clientes podem configurar a Maverick tão facilmente quanto a F-150, o veículo mais vendido dos EUA. Conforme o preço sobe e a lista de opcionais fica mais longa, o preço se torna mais parecido com o de muitas outras caminhonetes disponíveis por lá. Onde a Maverick realmente se destaca, no entanto, é como um modelo básico.

Ainda é uma picape Ford

Mesmo sendo a mais barata, com rodas de aço de 17" e um painel de plástico rígido, a Ford deu atenção a cada elemento de design da cabine da Maverick, que é confortável e inteligente. Os designers acrescentaram maçanetas atraentes e robustas e colocaram porta-trecos ​​em cada centímetro quadrado sem fazer com que parecessem muito desordenados. Acabamentos de borracha no console central são de fábrica e lembram da natureza simples e de trabalho das versões mais baratas nos EUA.

Todas as versões trazem de série Android Auto e Apple CarPlay, bem como uma tela de 4,2" sensível ao toque. Há botões físicos para o rádio, enquanto o controle do ar-condicionado é legível e fácil de usar, mesmo no modelo básico. Em suma, mesmo sentado nos assentos de tecido ​de uma cabine reduzida à sua funcionalidade mais básica, a Maverick é um lugar agradável para se estar.

O conjunto motriz do modelo básico também é extremamente atraente. Como o híbrido combina freios a disco nas quatro rodas com uma regeneração bastante forte do motor elétrico, pode ser difícil modular as paradas sem trancos. Ainda assim, me adaptei rapidamente e os ganhos de eficiência do híbrido sobrepõem a estranheza inicial.

Uma transmissão automática do tipo CVT (eCVT) extrai o máximo da potência do motor a combustão e do motor elétrico, como acontece com a maioria dos híbridos. O eCVT é tão agradável e fácil de usar quanto a quanto no Escape Hybrid, SUV de entrada da marca com o qual a Maverick compartilha a plataforma e algumas das opções de motor.

A única coisa decepcionante na Maverick básica é que o controle de cruzeiro e os espelhos retrovisores com ajuste elétrico não estão disponíveis. Você precisa ir para a versão XLT para tê-los. Estes são os únicos dois elementos da picape da Ford que lembram o comprador de que ele comprou um veículo de entrada

A qualidade de rodagem em todas versões é o que você da plataforma da Ford que também equipa o Bronco Sport, Escape e o Focus no mercado europeu: confortável e quase imune as trepidações da caçamba vazia, tão comum em caminhonetes tradicionais. A posição dos assentos e a visibilidade são semelhantes às de uma Ranger ou Hilux dos anos 1990, mas, ao contrário dos modelos antigos, encoraja a viajar distâncias maiores.

Graças ao interior bem projetado, estacionar e manobrar a Maverick é simples mesmo em espaços apertados, algo que virá a calhar em ambientes urbanos. O design pequeno favorece a manobrabilidade e a altura de rodagem é confortável para pessoas muito mais baixas do que eu.

A parte mais importante de qualquer caminhonete é a caçamba. Nisso, a Maverick é bastante funcional. Ela tem apenas 1,5 m de comprimento, mas a Ford colocou o máximo de funcionalidade possível. Além da carga útil mencionada anteriormente, a porta traseira tem duas posições de abertura e fechamento. Se o objeto foi mais comprido, por exemplo, pode-se deixar a tampa entreaberta, apoioando-o na peça 

A Ford ainda equipou com uma grande variedade de ganchos de amarração, reentrâncias e outras soluções projetadas especificamente para incentivar os donos da Maverick a criar suas próprias soluções de transporte.

As tomadas 12V e um plugue opcional de 110V montado na caçamba são especialmente úteis para quem pretende acampar ou trabalhar com a Maverick. A Ford também já tem capota marítima, coberturas e outros acessórios especificamente para proteção contra intempéries. Resumindo, esta é uma picape pequena, mas que ainda pode ser usada como uma picape tradicional.

Atendendo todas as propostas

E é isso que torna a Maverick muito mais atraente para mim como um veículo de uso geral, mais do que apenas uma picape. É uma opção acessível para para se ter uma caminhonete com quase nenhum dos sacrifícios exigidos em uma caminhonete média.

A Maverick híbrida de entrada oferece conforto, facilidade de uso e consumo de combustível similares a qualquer carro pequeno ou SUV com preço comparável no mercado, ao mesmo tempo em que acomoda quatro adultos confortavelmente e serve como picape com facilidade. E se você pegar as versões FX4 com tração nas quatro rodas, a Maverick tem um apelo convincente como um veículo aventureiro, segmento que tem rivais de peso como o Subaru Crosstrek ou mesmo o Bronco Sport da própria Ford.

Na versão XL básica, entregando bastante pelo que cobra, a Maverick é uma forte concorrente para diversos crossovers de entrada, como o Kia Soul ou o Honda HR-V. E o consumo excepcional que consegui em meus testes torna a Maverick híbrida uma competidora também no mercado de eletrificados, trazendo a briga ainda a modelos como Toyota RAV4 Hybrid e Honda CR-V Hybrid, embora cobrando bem menos.

Saí da Maverick impressionada como grande foco em ser uma picape útil. Ela pode atrair muitos compradores em diversos segmentos de mercado diferentes. A Ford entende que a Maverick tem o potencial de mudar a forma como os americanos pensam nas picapes, reduzindo os pontos negativos desse tipo de veículo, ao mesmo tempo em que traz a experiência de décadas da empresa nas caminhonetes grandes da Série F. A Maverick é excepcionalmente atraente e espero que ela seja alternativa para os consumidores que nunca haviam imaginado uma picape Ford em sua garagem.

E no Brasil?

Tudo indica que teremos a Ford Maverick em 2022, mas como aconteceu com o Bronco Sport, em uma versão topo de linha, 2.0 turbo com tração integral e todos os equipamentos disponíveis. Seria genial ter a versão híbrida, um diferencial em um segmento tão concorrido e forte, mas pelo jeito não será assim. Mas, ao entender a avaliação aqui, será uma boa opção em nosso mercado mesmo em um patamar de preços mais alto e perto, por exemplo, da Fiat Toro turbodiesel. 

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