A moda dos cupês com 4 portas como opção aos sedãs tradicionais começou há 18 anos com o Mercedes-Benz CLS, em 2003. Desde então surgiram concorrentes de diferentes tamanhos e receitas, seja com o porta-malas mais definido ou quase totalmente alinhado a filosofia de cupê, como é o caso do novo A5 Sportback. E quando analisamos o carro da Audi, podemos dizer que ele evoluiu bastante a receita na linha 2021, principalmente no quesito beleza.
O primeiro A5 Sportback surgiu em 2009, dois anos depois do A5 Coupé - um cupê autêntico, duas portas, como manda a cartilha. Já em 2016 o A5 Sportback ganhou sua segunda geração, enquanto seu primeiro facelift surgiu na Europa no ano passado e não demorou para chegar no Brasil, desembarcando em fevereiro deste ano. Com isso, o novo A5 Sportback 2021 trouxe mudanças visuais importantes, além de novidades na lista de itens de série, que ficou mais recheada.
Quando olhamos o novo A5 Sportback 2021, o que prega a atenção logo de cara é a grade frontal, que ficou mais larga e ainda trocou os antigos filetes horizontais por um acabamento tipo colmeia, que sem dúvidas o deixou com estilo mais esportivo. Acima dela é novidade também as três entradas de ar afiladas, uma inspiração direta no clássico Audi Sport quattro de 1984.
E no caso dessa versão topo testada, chamada de Performance Black quattro, uma boa parte dos detalhes da carroceria são pretos: grade, moldura dos radares dos sistemas de assistência, frisos das janelas e detalhes do para-choque traseiro, tudo pintado no tom escuro. Esse acabamento em preto brilhante é exclusivo da versão topo que vem de série com o kit estético S-Line, que se difere também pelo para-choque dianteiro com desenho mais esportivo.
O para-choque mudou e conta com entradas de ar maiores, enquanto os faróis ganharam um novo arranjo interno. Aliás, os faróis LED Matrix agora são de série e garantem um acendimento sequencial das luzes na hora de trancar ou destrancar as portas. Além disso, o conjunto óptico também inclui farol alto automático inteligente, que direciona automaticamente e de forma calculada (seções independentes do LED se apagam quando necessário) o facho de luz mais forte, assim evitando o ofuscamento de veículos que vêm no sentido oposto.
Já atrás, as lanternas contam com uma nova assinatura e setas dinâmicas, com o escapamento trazendo agora um formato retangular igual ao do irmão A4. As rodas de 18 polegadas ostentam um belo desenho, mas não seria má ideia se elas tivessem recebido uma pintura escura para combinar melhor com os detalhes da carroceria.
Quem abre a porta sem coluna do A5 Sportback (uma característica da categoria) vai gostar da cabine, que traz um misto de esportividade com elegância – ou seja, na medida como um bom modelo alemão. Também vai observar na parte de dentro a nova central multimídia com tela de 10,1 polegadas (substituindo a antiga de 8,4”) – agora sensível ao toque e direcionada para o motorista. Lembra do antigo botão giratório à frente da alavanca de câmbio? Ele saiu de cena e agora em seu lugar há um novo porta-objetos.
O novo sistema multimídia MMI Plus é tão responsivo quanto um smartphone top de linha e traz layout minimalista e, principalmente, um sistema intuitivo. Traz sistema de espelhamento compatível com Apple CarPlay e Android Auto, além de concentrar diversas funções do carro. Como o sistema é sem fio, um carregador por indução faz parte do conjunto.
O banco do motorista traz abas laterais pronunciadas e apoia bem o corpo em curvas mais fechadas, enquanto quem vai atrás pode escolher uma temperatura diferente do motorista e do passageiro à frente, pois aqui temos um ar-condicionado de três zonas. Já atrás, três pessoas se acomodam razoavelmente, apesar do ocupante que vai no meio sofrer com o túnel central alto – culpa da tração integral Quattro.
Talvez o único ponto que possa incomodar na cabine do A5 Sportback é no momento de entrar nele, isso por ser baixo, afinal, estamos falando de um carro com pouco mais de 1,36 m de altura. Mas para os fãs de esportividade, essa posição mais baixa de dirigir vai agradar junto com o volante de base achatada e o largo console central, deixando o clima de cockpit ainda mais evidente. Quem quiser um modelo mais alto, é só abraçar um dos SUVs da extensa lista de modelos da marca, como o recentemente renovado Q5 e Q5 Sportback.
Outro detalhe é que a porta traseira não tem um grande ângulo de abertura, dificultando um pouco na hora de acessar a cabine. Mas vale uma observação: apesar desses pequenos pênaltis, a cabine é bastante ampla, sensação reforçada pela luz ambiente vista nas portas, embaixo do painel e debaixo dos bancos na parte traseira.
Chama a atenção o acabamento que combina couro e Alcantara nos bancos e painéis das portas, o que ajuda a manter a aura esportiva também na parte interna. O painel é o Audi Virtual Cockpit Plus com tela de 12,3 polegadas, totalmente configurável e com 3 visualizações diferentes, que vai da clássica com marcador de velocidade e conta-giros redondos até um mais moderno com design inspirado na aviação. Aliás, ele perdeu a marcação analógica de combustível e de temperatura, que foram para o computador de bordo.
Um opcional que vai agradar quem valoriza um som automotivo de qualidade – e que equipava a unidade testada - é o sistema de som opcional da Bang Bang & Olufsen 3D (R$ 8.000), que se destaca pelos 755 watts de potência e alta definição com 18 alto-falantes e o subwoofer, que garante bons graves sem qualquer tipo de distorção.
Assim como o irmão A4, a Audi manteve o motor turbo 2.0 TFSI de 249 cv no A5 Sportback, embora curiosamente este mesmo propulsor rendesse 252 cv no modelo antigo. Apesar disso, a fabricante das quatro argolas não declarou nenhuma mudança. Assim, o cupê de quatro portas tem 37,7 kgfm (5,1 kgfm a mais que o A5 Prestige Plus) de torque desde 1.600 rotações, força suficiente para despachá-lo de 0 a 100 km/h em apenas 5,8 segundos em nossos testes – e sem destracionar qualquer roda.
Mérito da tração integral quattro da Audi, que transfere toda a força do 2.0 turbo com vigor e progressividade para o asfalto. Sob demanda, o conjunto traz o sistema Haldex, que prioriza o eixo dianteiro, assim, ao menor sinal da roda patinar, o sistema ativa o eixo traseiro rapidamente. Isso explica o equilíbrio e eficiência da tração mesmo em dias de chuva. Além disso, as trocas de marchas são rápidas, isso já padrão em modelos da fabricante equipados com a transmissão automatizada S-Tronic de 7 marchas com dupla embreagem.
Assim como o A4, o A5 Sportback também tem o seletor de modos de condução que permite mudar a personalidade do carro ao clique de um botão no painel. São cinco níveis de condução: Automatic, Efficiency, Comfort, Dynamic e Individual. Como o nome já sugere, no Efficiency ele busca eficiência ao reduzir o consumo de combustível.
Para isso, joga uma marcha seguida da outra e deixa o acelerador menos ‘sensível” – embora não negue fogo quando é preciso pisar fundo em ultrapassagens. No outro extremo tem o Dynamic, que troca as marchas em altas rotações de forma mais rápida, deixando a direção mais pesada e o pedal direito mais arisco - no bom sentido da palavra.
Mais legal ainda é que quem vê cara não vê coração. No dia em que fui buscar o A5 Sportback, pensei em como esse carro deveria sofrer no nosso asfalto lunar de São Paulo, principalmente com suas rodas de liga-leve de 18 polegadas calçadas com pneus 245/40 de perfil baixo e altura mais próxima do solo. Assim, pelo visual mais esportivo, o A5 engana e nos faz pensar ele traz suspensão com calibragem mais rígida e todas aquelas características esperadas de um carro desta proposta.
Previsivelmente, ele anda pregado nas curvas como boa parte dos Audi, mesmo naquelas contornadas de forma mais empolgada. Mas a cereja do bolo é o trabalho de calibração da marca bem equilibrado, tanto que o conjunto de suspensão consegue ao mesmo tempo combinar dinâmica afiada e boa dose de conforto.
O sedã-cupê simplesmente não sente as junções de pontes em rodovias, enquanto que na cidade os buracos e valetas são bem filtrados pelos amortecedores. Aliás, em nenhum momento a suspensão deu final de curso, mesmo naquelas armadilhas que são os desníveis de tampa de bueiro em vias recém recapeadas. Atenção mesmo só com a dianteira mais “bicuda” e baixa, que raspa fácil em saídas de garagem e valetas.
Voltando ao motor, outro detalhe interessante é o sistema elétrico auxiliar elétrico de 12V, que troca o motor de partida por um gerador. Ele lembra um sistema híbrido-leve, mas não é, pois, além de ter corrente de 12V (contra 48V de modelos como o Q7 e Q8), o sistema é diferente também por não contribuir no aumento de potência do veículo, sem dar aquele “gás” nas acelerações e retomadas.
Composto por uma bateria de íons de lítio e um alternador de correia (BAS), o sistema elétrico de 12V desliga o motor em velocidades de cruzeiro entre 55 km/h e 160 km/h de forma imperceptível, mas o liga rapidamente quando necessário. Em rodovia realmente era até difícil de perceber em alguns momentos quando o sistema entrava em ação, tamanha suavidade de sua operação. Já o sistema start-stop começa a funcionar depois dos 22 km/h. Toda essa parafernália tem a missão de manter as emissões e consumo de combustível mais baixos.
E por falar em consumo, o A5 Sportback teve números razoavelmente melhores que o irmão A4. Na cidade eles ficaram parelhos, com o cupê 4 portas fazendo 8,6 km/litro e o sedã 8,7 km/litro, respectivamente, enquanto que na estrada a diferença foi maior e virou a favor do cupê: foram 14,5 km/litro contra 13,4 km/litro.
Apesar de dividirem a mesma plataforma MLB, o A5 Sportback é um tanto mais leve que o A4. São 1.535 kg em ordem de marcha contra 1.660 kg do sedã, ou seja, o cupê tem 125 kg a menos, o que com certeza colabora para um menor consumo de combustível. Outro ponto que podemos levar em consideração ainda é a menor altura da carroceria do A5 Sportback, sendo 43 milímetros mais baixo que o sedã (1,38 m contra 1,42 m do A4). O bom coeficiente aerodinâmico (cx) de 0.26 do A5 também contribui para seu desempenho nesse sentido, pois ele sofre menos com a resistência do ar. Ponto para a área de engenharia e design.
Bem equipado, o A5 Sportback Performance Black sai por R$ 354.990. Com isso, ele agrega ar-condicionado de três zonas, painel de instrumentos 100% digital, central multimídia MMI com tela de 10,1”, bancos dianteiros elétricos com memória para o do motorista, acabamento em Alcantara nos assentos e portas, teto revestido em preto, detalhes externos e internos em preto brilhante (kit S-Line), faróis dianteiros Matrix LED, lanternas em LEDs com apresentação dinâmica, volante com base achatada, carregador de celular por indução e sistema de som com 10 alto-falantes.
Ele soma ainda teto solar elétrico panorâmico, soleiras das portas em alumínio, luz de cortesia nas maçanetas, porta-malas com abertura ou fechamento elétrico, piloto automático adaptativo, alerta de saída de faixa, assistente de estacionamento e retrovisores rebatíveis com aquecimento e memória.
A unidade testada ainda contava com alguns opcionais e pintura metálica, fazendo seu preço subir dos R$ 354.990 para R$ 380.690. Os opcionais disponíveis para o A5 Sportback são o sistema de head-Up display (R$ 7.500), sistema de som Bang&Olufsen (R$ 8.000) e o pacote Assistance City, que inclui assistente de mudança de faixa e pre-sense traseiro (que detecta o perigo de colisão traseira e prepara o carro para isso, apertando o cinto de segurança e fechando as janelas, por exemplo) por R$ 8.000 adicionais.
Antigamente o BMW Série 4 Gran Coupé, que deixou de ser vendido no Brasil (e ganhou sua nova geração em junho), era o principal rival do Audi A5 Sportback, mas hoje o sedã-cupê de Ingolstadt não tem concorrentes no mercado brasileiro. Até tem modelos na mesma proposta como BMW Série 2 Gran Coupé (R$ 270.950) e Mercedes CLA 250 (R$ 327.900), mas ambos têm porte menor que o A5 Sportback. Com isso ele desponta sozinho nesse nicho no mercado de sedãs premium, sendo o 5º modelo mais vendido, ficando atrás de sedãs convencionais como Mercedes Classe A Sedan, Mercedes Classe C, Audi A4 e BMW Série 3 no ranking de vendas.
Mas todos eles são sedãs três volumes tradicionais, ou seja, são mais “caretas” e acabam pegando outro público. Quem procura um A5 Sportback quer o estilo de cupê com a praticidade das quatro portas, isso sem passar despercebido com essa diferente pintura metálica verde District (R$ 2.200), que chama bastante a atenção pelas ruas. Mas se você é do tipo racional e discreto e não faz questão do estilo do A5, basta abraçar o irmão A4 (de R$ 324.990) que você terá a mesma plataforma, interior e motor nas versões equivalentes.
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Audi A5 Sportback 2.0T quattro
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