Tesla Gate: marca escondeu 1.000 acidentes quase fatais do Autopilot
Jornal alemão obteve relatórios com milhares de reclamações dos proprietários sobre o sistema de condução autônomo
A Tesla tem lidado com uma série de acusações envolvendo o Autopilot, seu sistema de condução semiautônoma que equipa todos os seus veículos, com reclamações sobre acidentes fatais e que até teria feito uma propaganda enganosa sobre a tecnologia em 2016. Enquanto é investigada nos EUA, a fabricante ainda vê seu nome parar em um dos principais jornais da Alemanha, que obteve documentos provando que a empresa escondeu mais de 1.000 acidentes.
O jornal Handelsblatt recebeu mais de 100 gigabytes de arquivos internos da Tesla, enviados por um informante anônimo, publicados na reportagem "'Meu Autopilot quase me matou': arquivos da Tesla geram dúvidas sobre promessas de Elon Musk". São mais de 23 mil arquivos, com reclamações de clientes envolvendo algumas falhas perigosas envolvendo o Autopilot, junto com as diretrizes internas para o atendimento aos proprietários. A publicação logo confirmou a veracidade dos arquivos com a ajuda do Fraunhofer Institute for Secure Information Technology.
Segundo o Handelsblatt, os documentos relatam mais de 2.400 casos de aceleração involuntária e mais de 1.500 situações de frenagem involuntária, incluindo 139 casos de frenagem de emergência e 383 momentos em que o carro parou completamente por causa de um aviso falso de colisão. Foram mais de 1.000 colisões causadas por falhas do Autopilot e o número de reclamações dos clientes quanto à segurança do sistema semiautônomo passam de 3.000 relatórios.
A publicação ainda entrou em contato com dezenas de proprietários nos países da Ásia, Estados Unidos e Europa, que não só confirmaram as informações dos documentos, como também deram mais detalhes e alguns até tinham vídeos dos acidentes. As reclamações dos materiais teriam sido feitas entre 2015 e 2022, mostrando que não só é um problema antigo, como também persiste até hoje.
Para evitar possíveis processos, a Tesla teria adotado algumas regras, que aparecem nos documentos obtidos, para evitar a criação de qualquer tipo de evidência. As diretrizes do atendimento ao cliente apontam que os funcionários devem evitar passar informações e, se tiver que fazê-lo, conversar com os proprietários somente verbalmente, evitando e-mails, mensagens de texto ou até deixar mensagens de voz. Um dono de um carro na Califórina diz que seu carro acelerou sozinho em 2021, batendo contra dois pilares de concreto. E, quando foi falar com a empresa, eles sempre respondiam seus e-mails com contatos via telefone.
O Handelsblatt diz que muitos dos clientes consultados venderam os seus carros ou tentaram devolvê-los para a Tesla, por medo da falha do Autopilot. A fabricante, como de costume, não respondeu nenhuma das perguntas da publicação – apesar de ter feito a ameaça de entrar com um processo caso os dados fossem publicados.
A revelação destes mais de 1.000 acidentes pode ser um grande problema para a Tesla, pois a fabricante está enfrentando uma série de processos, não só de pessoas que foram afetadas pelos acidentes causados por seus carros, como também pelos próprios acionistas. O Departamento de Justiça dos EUA, em janeiro, entrou com um pedido para que a Tesla compartilhe todos os documentos relacionados ao Autopilot e sua evolução, o Full Self-Driving. Isto é parte da investigação iniciada em 2021 junto com o NHTSA, organização do governo que cuida da segurança viária do país.
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Fonte: Handelsblatt
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