A Renault anunciou em janeiro seu plano de reestruturação chamado Renaulution, que redefine, entre outras coisas, o posicionamento das marcas do grupo - e vai mexer também com a América Latina no que diz respeito a produtos e serviços. Para cá, a principal novidade ficará por conta do inédito SUV médio antecipado pelo conceito Bigster, que, segundo apuramos, terá visual e nome distintos do protótipo quando chegar ao mercado, entre 2024 e 2025.
Para já, no entanto, a Renault vai começar a focar em segmentos mais lucrativos. E o primeiro passo será refinar o Captur, seu modelo mais caro atualmente. Previsto para meados de 2021, o Captur reestilizado vai chegar como linha 2022 e estrear o motor 1.3 turboflex da Renault (feito em parceria com a Mercedes-Benz), além de também trazer evoluções no acabamento e na lista de equipamentos para se distanciar do Duster.
Em teoria, o próximo passo na direção de aumentar as vendas seria a nacionalização do Kiger, SUV derivado do Kwid que é irmão de projeto do Nissan Magnite - já previsto para ser produzido no Brasil em 2022. Mesma plataforma, mesmo grupo... fica fácil imaginar que a Renault também pretende fazer o Kiger por aqui, afinal, é usar a estrutura do Kwid num modelo mais caro - e, portanto, com maior margem de lucro.
No entanto, segundo apuramos com fontes ligadas à Renault, a decisão não é tão simples quanto parece. "Existem estudos para trazer o Kiger ao Brasil, mas não é interessante competir com a Nissan no lançamento deles", explica um informante. A ideia é analisar a performance do Magnite nas vendas para ver se há espaço para mais um produto da Aliança Renault-Nissan no segmento, e então tomar a decisão. "Basicamente, o Magnite precisa pagar a conta dele para o Kiger ficar atrativo também".
Lançado na Índia em janeiro, o Kiger usa a plataforma CMF-A+, derivação da base do Kwid modificada para modelos maiores. Foi desenvolvida para entregar bom espaço interno, considerando que o mini-SUV tem somente 3,991 metros de comprimento, 1,750 m de largura, 1,600 m de altura e entre-eixos de 2,500 m. O porta-malas, por exemplo, é de surpreendentes 405 litros.
Com design mais parrudo que o do hatch e 205 mm de altura livre do solo, o Kiger tem duas opções de motor: 1.0 aspirado de 72 cv e 9,8 kgfm, e 1.0 turbo de 100 cv e 16,3 kgfm. O câmbio é manual de 5 marchas com opção de automático CVT na versão turbo.
Para justificar o posicionamento acima do Kwid, o Kiger também se diferencia nos equipamentos, trazendo, por exemplo, painel digital com tela TFT de 7", multimídia de 8", ar-condicionado digital, chave presencial, partida por botão e piloto automático, além de 3 modos de condução e sistema de som 3D da Arkamys.
Agora resta esperar a estreia do Magnite por aqui e a resposta do mercado, mas, considerando que o consumidor anda ávido por SUVs, diríamos que o Kiger tem boas chances de pintar no Brasil também.
Fotos: divulgação