Um carro que fazia o coração acelerar mais forte com o ronco envolvente do motor V8 318, o mais potente já produzido pela indústria nacional. Está pode ser a definição perfeita para um carro jovial de apelo masculino que deu origem a uma série de outros modelos e com uma história ainda mais longa em seu país de origem, os Estados Unidos, berço dos muscle cars.
A história da Chrysler por aqui não começou aqui em 1969, quando o Dodge Dart foi lançado. Ela remonta o ano de 1947, quando a Brasmotor começou a montar aqui caminhões das marcas Dodge, Fargo e De Soto. Os veículos vinham desmontados dos Estados Unidos e eram montados, soldados e finalizados no Brasil. Esta operação não tinha nenhuma relação com o grupo Chrysler dos Estados Unidos, que passaram a observar nosso mercado somente a partir dos anos 1960.
Um pouco antes, na Europa, os norteamericanos comprariam 15% das ações da Societé Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobile (SIMCA) que tinha sido parceira da Fiat e depois havia comprado a Ford na França. Ao longo dos anos 1960, de olho no mercado europeu, a Simca e a Chrysler formaram uma só empresa. No Brasil daquela época, a Simca ocupava uma posição de destaque fabricando modelos considerados luxuosos. Na verdade fabricávamos aqui o Simca já descontinuado na Europa com as máquinas e ferramentas enviados para cá. A linha era composta pelo Simca Chambord, Présidence, Rallye e Jangada usando antiquados motores V8 com rendimento de 100 a 112cv, depois atualizados para até 140cv com o propulsor rebatizado de Emi-Sul.
Foi quando em 1967 a Chrysler comunicou a aquisição de 92% das ações da Simca. No mesmo ano a gigante norteamericana enviou ao Brasil o executivo Victor Pike, que assumiu o comando da antiga fábrica solicitando a limpeza do chão da unidade, completamente sujo. A produção dos carros chegou a ser interrompida por três dias. Logo após a Chrysler lançava o Simca Espanada, uma atualização do Chambord, com linhas mais retas. O carro teve garantia ampliada e ganhou até o emblema "fabricado pela Chrysler do Brasil" na tampa do porta-malas. Mas a intenção real era tropicalizar os modelos dos EUA após o sucesso do Ford Galaxie, veículo de luxo produzido no Brasil idêntico ao modelo norteamericano e o Willys Itamaraty.
Victor Pike trabalhou a toque de caixa para lançar um modelo que era sucesso desde 1960. A Chrysler esperava alinhar os modelos brasileiros à linha americana lançando o versátil Dart, primeiro na versão sedã, e depois ampliando para um esportivo e um cupê.
Assim, em 1969, chegava ao mercado o Dodge Dart fabricado no Brasil. Era um carro dinâmico seguindo a receita clássica americana: motor V8 318 com tração traseira de 5,2 litros e 198cv de potência. Ele não era tão grande como o Galaxie e andava mais. Fez sucesso imediato e era mais barato que seu concorrente. Eram seis cores alegres no catálogo, tais como amarelo, verde, azul (dois tons), preto e branco. Tinha como opcionais apenas teto de vinil e cores metálicas.
A imprensa à época, elogiou o equilíbrio do carro. O motor V8 era o mais rápido produzido no Brasil e as vendas deixavam Victor Pike sorrindo de orelha a orelha. Em 1971 chegaria a versão cupê com duas portas focada no público jovem e logo depois o Charger R/T, versão esportiva com 215 cv. E o carro não parou de melhorar. Somente a partir daquele ano teria direção hidráulica, ar condicionado e até câmbio automático Torqueflite de três marchas como itens opcionais. O Dart transitava entre o Chevrolet Opala e o Ford Galaxie com maestria. A Dodge lançava logo o Polara, ainda como Dodge 1800, um carro pequeno derivado de um projeto inglês.
O carro foi reestilizado em 1973, quando veio a crise do petróleo. A exuberância dos carros com motor V8 que circulavam cantando pneus pelas ruas da cidade ficaria cada vez mais rara. No mesmo ano em que a Ford colocaria o Maverick no mercado, o novo produto já nasceria ofuscado por uma crise. Assim, Ford Galaxie a Maverick, a linha Dodge inteira e até o Chevrolet Opala com motor seis cilindros tiveram as vendas abaladas.
O Dart ganhou até um "econômetro" no painel, para medir o consumo de combustível. A Chrysler tentava reagir e chegou a testar modelos de seis e quatro cilindros e o motor do Valiant argentino (seis cilindros em linha, como no Opala), tudo para evitar a morte prematura dos modelos produzidos com V8. A tabela de carros usados mostrava que os motores grandes perdiam espaço e chegavam a valer até 30% menos que carros compactos como Fusca e Corcel fabricados no mesmo ano.
Em 1979 a linha Dodge chegou a ganhar uma reestilização, no mesmo ano em que a Volkswagen anunciava a compra de 67% das ações da Chrysler do Brasil. Foram publicados anúncios nos jornais e revistas onde a gigante alemã se comprometia a manter os Dodges em produção, tanto os automóveis quanto os caminhões. Isso era verdade em parte. No ano seguinte o fim da produção do Polara, Dart, Charger R/T e do cupê Le Baron foi anunciada e alguns unidades ainda foram fabricadas em 1981. A Volkswagen usou a fábrica da Chrysler para produzir caminhões e os carros deixaram de ser produzidos.
O Auto Show Collection terá uma homenagem aos clássicos modelos da Chrysler, especialmente a linha Dodge fabricada no Brasil. Reunindo exemplares brasileiros e importados, além das linhas Jeep, Plymouth, Imperial e DeSoto em um evento com desfile, exposição de clássicos, música ao vivo entre outros, o evento será realizado no próximo dia 01 de outubro do sambódromo do Anhembi.
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