Poucos carros vendidos atualmente dispensam apresentação como o Honda Civic. Afinal, o sedã médio é o modelo mais emblemático da marca japonesa e a 10ª geração apostou em um design ousado que ainda impressiona. Agora em sua 11ª geração, o Honda Civic 2022 muda a formula que a fabricante tem aperfeiçoado por décadas.
Ao contrário de seu predecessor, o Honda Civic 2022 não se esforça para chamar sua atenção, mas sim que reconheça que ele amadureceu. Apesar de compartilhar muitos componentes e metais vindos da geração anterior, há mudanças o suficiente para fazer com que pareça um novo carro. Com uma nova direção para o visual e um grande salto em tecnologia na cabine, o novo Civic é um vitória pra a fabricante.
O Civic anterior era tudo menos neutro. Da versão básica LX até o feroz Type R, o carro ousou muito no design anterior – e nem todo mundo gostou disso. Desta vez, a Honda mudou totalmente de direção, optando por um visual que ela chama de “simples e limpo”. Nós chamamos de sem graça, mas vamos esperar a estreia das versões esportivas Civic Si e Type R para decidir se realmente é entediante.
É impressionante como o novo Civic ficou diferente do modelo anterior, considerando que utiliza a mesma plataforma. O entre-eixos cresceu 3,5 centímetros, a bitola traseira está 1,2 cm mais larga e o balanço dianteiro está 2,5 cm mais baixo do que antes. Mas com a mudança forte a partir do para-brisa, o carro agora parece mais baixo e largo.
A Honda manteve a superfície bem limpa, com uma linha de cintura bem nítida que passa por quase todo o comprimento do carro, e é só isso. Ande por volta da frente ou da traseira e você pode até confundir o Civic com o seu irmão maior, o Accord. Mas mesmo os novos designs estilosos para os faróis e lanternas, junto com as linhas elegantes da grade horizontal e dos espelhos laterais montados na porta (que saíram da coluna A), não podemos superar o quão comum o sedã médio parece.
Manterá a versão Civic Sport, com melhorias estéticas fantásticas, usando detalhes em preto para deixar o carro mais agressivo. Após passar um tempo fazendo fotos desta configuração, achamos que ela parece muito melhor do que a topo de linha Touring, mesmo que tenha menos equipamentos e custe US$ 5 mil (R$ 25.200) a menos. A Honda acredita que a versão Sport será a mais vendida nos Estados Unidos e, por seu design mais arrojado, é fácil entender a razão disso.
A simplificação do design externo não ajudou muito o Civic, mas a história é outra do lado de dentro. Nós amamos os elementos principais, como a longa linha de metal na horizontal, complementada por um acabamento em colmeia que esconde as saídas do ar-condicionado. Logo abaixo fica um trio de botões metálicos que oferecem um satisfatório “click” ao girar para os lados.
Ao pressionar os painéis das portas e sentir o plástico de textura suave no console, podemos notar que a Honda não tentou economizar no acabamento. A Honda até colocou um material plástico resistente à impressões digitais na parte central, sabendo que é uma parte que os passageiros irão encostar com frequência. Este tipo de ideia brilhante mostra como a empresa conhece bem o segmento dos sedãs médios.
O espaço da cabine continua praticamente o mesmo da geração anterior, o que não é nenhuma surpresa por ter mantido a plataforma. O espaço para cabeça melhora em menos de 3 cm para os passageiros dianteiros e traseiros, com 95,5 cm e 94,2 cm, respectivamente. Enquanto isso, o espaço para pernas é exatamente igual ao anterior: 107,4 cm na frente e 94,9 cm na parte de trás. Como comparação, o Hyundai Elantra tem 103,1 cm e 94,7 cm de espaço para cabeça, empatando na parte para pernas. Este segmento não é dos melhores para pessoas altas, mas quem tem uma altura um pouco acima da média encontrará conforto o suficiente.
Nós tínhamos duas reclamações fortes sobre o interior do Civic antigo: a central multimídia e o sistema de som, ambos muito fracos. A Honda mexeu nestes dois problemas, trazendo uma renovação muito esperada para o sedã médio, pois os novos equipamentos são uma melhora significativa.
O novo Civic tem duas ofertas de tecnologia. As versões de entrada como LX e Sport trazem uma multimídia sensível ao toque de 7”, que fica ao lado do painel de instrumentos com uma pequena parte digital. As variantes EX e Touring adotam um display de 9” para a multimídia e os instrumentos ficam em uma tela totalmente digital de 10”. Todas as configurações do Civic vem com Android Auto e Apple CarPlay de série, embora só as versões EX e Touring tenham conexão sem fio.
Na prática, a nova multimídia de 9” é de de alta qualidade, lembrando muito a versão atual do sistema MMI da Audi, pela facilidade no acesso a diversos aplicativos direto na tela principal. E, para os donos atuais do Civic que querem um controle físico de volume, a boa notícia é que a marca atendeu este pedido. Você o usará bastante, pois o sistema de som opcional da Bose é ótimo. Entre no carro, coloque o seu smartphone no carregador sem fio, transmita uma música do Spotify pelo Bluetooth e aumente o volume. É algo simples, mas que faz o Civic parecer muito mais premium.
Na hora de segurar o volante e acelerar, o Civic 2022 manteve suas ótimas credenciais como um carro simples e divertido de dirigir. E, melhor ainda, parece tão bom que cria uma ótima base para os futuros esportivos Civic Si e Type R para melhorar ainda mais a fórmula.
Sob o capô do novo Civic está o conhecido motor 2.0 aspirado de quarto cilindros, que na versão oferecida nos Estados Unidos entrega 160 cv a 6.500 rpm e 19 kgfm de torque – conta com duplo comando variável, ao contrário da versão brasileira que usa comando único no cabeçote. É a opção para as versões LX e Sport. Já as variantes EX e Touring adotam o 1.5 turbo de quarto cilindros, melhorado para gerar 182 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm a 1.700 rpm.
Ficamos o dia todo dirigindo a versão com o motor 1.5 turbo, que continua a ser uma ótima mecânica para o sedã. Como era na versão anterior, ainda tem um pouco de lag antes de mostrar sua força, mas quando começa a se mover, os 182 cv parece mais do que suficiente para o dia-a-dia. Ainda tem um leve ganho na economia de combustível, pois agora faz até 14 km/l na cidade e 17,8 km/l na estrada (na versão EX).
A má notícia é que, assim como aconteceu no Brasil recentemente, o Civic não terá uma versão com transmissão manual, deixando o pedal de embreagem para as variantes esportivas. Ou seja, a única opção será a CVT em todas as configurações do sedã médio. Apesar disso, não atrapalha muito a experiência ao dirigir, pois a Honda retrabalhou a transmissão, com uma válvula hidráulica de controle elétrico mais robusta, uma programação voltada para entregar uma aceleração mais eficiente e mais. Tem até modo Sport para dar uma animada.
Para resumir, o Civic parece ter uma sensação muito boa de guiar, que sentimos ao dirigir pelos cânions em Malibu (Califórnia). Também gostamos muito do ajuste do chassi, que se comportou bem quando forçamos o carro, mas sem parecer muito rígido como no Toyota Corolla vendido nos Estados Unidos.
Em diversos pontos, esta nova geração do Civic parece um carro de viagem aprimorado. Além do incrível sistema de som Bose e da cabine mais sofisticada, o pacote Honda Sensing de série agora vem com uma câmera frontal de maior alcance e com maior poder de processamento. Durante nosso breve teste, onde tivemos que enfrentar as estradas de Los Angeles durante a hora do rush, o controle de cruzeiro adaptativo parece mais esperto, movendo-se menos na via graças à tecnologia aprimorada de centralização de pista.
Nos Estados Unidos, o novo Civic fica ainda mais atraente pelo preço, pois não subiu muito apesar da adição de novos equipamentos. Parte de US$ 21.700 (R$ 109.428) na versão LX, enquanto a atraente Sport custa US$ 23.100 (R$ 116.488). Para levar a variante EX com o 1.5 turbo, o cliente terá que pagar US$ 24.700 (R$ 124.557), enquanto a opção topo de linha Touring parte de US$ 28.300 (R$ 142.711). Isso é mais do que o Toyota Corolla, que custa US$ 25.925 (R$ 130.734) na variante mais cara.
Como o Honda Civic deixará de ser oferecido em mercados como Europa e Japão, a marca acabou focando muito nos EUA, onde ainda vende bem apesar da moda dos SUVs. Melhorou em diversos pontos, apesar do design externo mais conservador, a ponto de fazer com que seja o nosso carro favorito no segmento.
Agora falta saber como o novo Honda Civic 2022 chegará ao Brasil. Rumores apontam para o fim da produção do sedã médio em Sumaré (SP), vindo somente importado nas versões mais caras – de certa forma, fazendo o papel que era do Accord antes de mudar para a variante híbrida. Torcemos para que a fabricante japonesa não desista de vez do seu carro mais importante, mesmo que a categoria esteja encolhendo constantemente.
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