Teste: Honda Accord Touring é o caminho da evolução do novo Civic 11
Saiba qual é o salto do Civic Touring para o Accord e também o que estará na nova geração do sedã médio
Um sedã japonês com sabor americano? Assim eu consigo definir o Honda Accord após alguns dias de convivência. Com a iminente chegada da versão híbrida e da versão reestilizada, que já dirigimos no Japão, a intenção deste avaliá-lo novamente foi a de entender as evoluções que emprestará ao irmão menor em sua nova encarnação. Se você quiser saber se é perceptível o salto entre o Accord e Civic Touring, pegue uma carona conosco.
Sabor americano
Esta geração do Honda Accord vem importada dos Estados Unidos. Com exceção dos impostos e do preço que fica sempre atrelado à variação do dólar, há algumas virtudes de sua origem que me agradam bastante.
Já sabemos que a nova geração do Civic terá um estilo mais conservador. Se seguir a receita do Accord, é possível deixá-lo com um visual mais esportivo. No Accord, chama muito a atenção a dianteira proeminente, desenho dos faróis Full-LED, a grade cromada e suas belas rodas esportivas com aro de 18 polegadas.
A frente longa, que já contou com um motor V6, agora acomoda um propulsor 2.0 Turbo que entrega 256 cv e 37,7 kgfm de torque. Seguindo pela lateral, a linha de cintura arqueada e o recorte na linhas dos vidros na coluna C também estarão presentes no novo Civic. Até mesmo um detalhe de acabamento, neste caso cromado, na parte inferior do carro estarão no irmão menor.
Não há dúvida que a traseira do Civic 10 é o ponto mais polêmico, do tipo ame ou odeie, com seu tamanho avantajado no estilo bumerangue. No Accord as coisas são mais comportadas, embora a marca tenha tentado encaixar o mesmo conceito de forma horizontal. Ao sair do Civic e encarar o Accord, é grande a percepção de que se trata de um carro maior, e pelo menos na dianteira e lateral, até mais esportivo.
Interior mais sóbrio
Se o exterior tem essa pegada mais esportiva, cabine do Accord é bem mais tradicional. O painel com traços retos traz material de alta qualidade, arremates precisos e macios aos toque, embora mantenha uma divisão no estilo "dual cockpit". A central multimídia, mais sofisticada, fica em posição elevada - no novo padrão flutuante, maior e mais rápida que a presente no atual Civic. Imagine tudo isso na nova geração do sedã médio, mas com desenho ainda mais horizontal e com elementos separados, ou seja, uma parte superior horizontal, outro bloco separado também horizontal para os comandos do ar-condicionado e painéis de portas também separados.
No Accord, o console central chama a atenção por não contar com a alavanca de câmbio. No seu lugar estão botões, o que deixa a região bem ampla e confere uma sensação de ainda mais espaço. No novo Civic, o sketch divulgado pela Honda mostra que a alavanca de câmbio seguirá presente.
Ponto que esperava mais no Accord é o painel de instrumentos. Do lado direito traz um velocímetro analógico, simples, enquanto no lado esquerdo há uma tela colorida que traz um pouco personalização. O conta-giros do motor é alterado quando selecionamos o mode Sport. É legal, mas pelo porte do modelo, um grande painel digital faz mais sentido. Para compensar, o modelo traz um head-up display, projetando a velocidade e outras informações no para-brisas. Em relação ao Civic atual (EXL e Touring), o painel digital é mais interessante. Na nova geração do sedã médio, a expectativa é de que seja muito semelhante ao do Accord.
Desempenho é muito mais esportivo
Lembra que falei do sabor americano? Eu tive a oportunidade de avaliar vários modelos nos Estados Unidos e uma diferença que sempre noto por lá é o tipo de couro usado no revestimento dos bancos. Noto tanto pelo toque quanto pelo cheiro. Dirigir o Accord, importado dos EUA, aqui no Brasil resgatou essa sensação. Infelizmente essa convivência se deu neste momento de pandemia, com vias mais vazias.
Por outro lado, também aproveitei os 256 cv em vias recém-pavimentadas, o que aumentou ainda mais esse feeling. Sei que não é a realidade da maioria das ruas e estradas brasileiras, mas conduzir um carro deste porte, com este potência, suspensão ligeiramente mais firme que a do Civic e rodas de 18 polegadas sem sentir aquelas batidas secas ao passar em buracos, me ajudou ter uma percepção ainda mais esportiva do sedã.
Dirigindo sem alterar o modo condução, o Accord é um sedã pacato, mas que responde bem aos comandos do acelerador. No entanto, ao mudar para o modo Sport - o painel muda ligeiramente no lado direito e deixa o conta-giros com detalhes vermelhos - é literalmente outra história.
Em termos de dinâmica o Civic ainda é mais afiado, mas é incomparável o desempenho esportivo deste motor 2.0 turbo associado à transmissão automática de 10 marchas. Estamos falando de um câmbio automático, não CVT, que oferece respostas muito rápidas. Em nosso teste instrumentado, bastou apenas 6,6 segundos para alcançar os 100 km/h. Em termos de performance, é outro mundo.
Vale a pena mudar do Civic para Accord, mas...
Se a sua dúvida era se vale a pena migrar do Civic Touring para o Accord Touring, a resposta é sim. Se você gosta do visual e quer mais espaço e desempenho, encontrará no irmão maior. No entanto, existem alguns pontos importantes que você deve considerar: preço, status e a chegada do Accord híbrido.
Galeria: Honda Accord Touring - BR
Com todas as mudanças causadas pela pandemia, mais a alta do dólar e até mesmo de tributos, os preços dos carros dispararam, como sabemos. Como o Civic Touring 2021 custa R$ 152.100, será preciso adicionar mais de R$ 100 mil para poder levar um Accord para garagem: seu preço atual é R$ 257.900. É um salto gigantesco, embora existam itens interessantes, como o pacote Honda Sensing que adiciona o ACC (controle de cruzeiro adaptativo com ajuste de velocidade) CMBS (sistema de frenagem para mitigação de colisão), LKAS (Lane Keeping Assist System), sistema de assistência de faixa e RDM (sistema para mitigação de evasão de pista).
Nesta faixa de preço, a questão do status esbarra na concorrência pesada dos alemães BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C e Audi A4. O trio oferece entre-eixos semelhante, mas entregam menos potência e comprimento total menor em cerca de 20 mm em relação ao japonês.
Outro fator a se considerar neste momento é o Accord renovado. O modelo já foi lançado com novo visual nos Estados Unidos e que deve chegar em breve ao Brasil inaugurando a era de eletrificação no país. Em 2019 eu fui até o Japão conhecer e dirigir essa novidade. No entanto, o novo Accord Híbrido entrega menos performance do que o modelo atual.
O que mais o novo Civic herdará do Accord?
Além da inspiração no estilo mais conservador, a geração 11 do Civic, que usa a mesma plataforma do Accord, deve crescer em tamanho. Será mais comprido e o entre-eixos deve ser ampliado para oferecer mais espaço interno. No interior, imagine painel de instrumentos semelhante ao do Accord, assim com a central multimídia. Até mesmo os comandos do ar-condicionado devem ser parecidos.
Do Accord, o novo Civic também deve herdar os sistemas de assistência de condução, ou seja, o Honda Sensing com o piloto automático adaptativo, sistemas de frenagem automática, permanência em faixa, entre outros.
Não espere o mesmo desempenho, pois já vimos na China que o novo Civic deve manter os mesmos motores atuais, porém com novos ajustes para entregar mais potência e torque. Por outro lado, fique do olho no Accord híbrido que chegará em breve, pois são grandes as chances do sedã médio ganhar a mesma tecnologia no futuro.
Por fim, existem muitos rumores de que a produção nacional do Civic seja descontinuada. Nós buscamos a resposta para essa pergunta junto à Honda, mas a resposta é sempre a mesma: "a empresa não comenta projetos futuros". Fato é que o Civic deve continuar sendo vendido por aqui. Se não for mais fabricado em solo nacional, terá mais uma herança do Accord: a nacionalidade norte-americana.
Ficha Técnica - Honda Accord Touring
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.998 cm3, injeção direta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
256 cv a 6.500 rpm; 37,7 kgfm entre 1.500 rpm e 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático com 10 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 18" com pneus 235/45 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.547 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.889 mm, largura 1.862 mm, altura 1.460 mm, entre-eixos 2.830 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 574 litros, tanque 56 litros |
PREÇO | R$ 257.900 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Honda Accord 2.0T | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,3 s | |
0 a 80 km/h | 4,8 s | |
0 a 100 km/h | 6,6 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 4,6 s | |
80 a 120 km/h em D | 4,2 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 38,7 m | |
80 km/h a 0 | 24,3 m | |
60 km/h a 0 | 13,6 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 6,4 km/l | |
Ciclo estrada | 15,1 km/l |
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