Citroën C3 brasileiro não é igual ao europeu; veja o que muda
Com o lançamento de todos os modelos da nova linha de compactos da marca, analisamos as diferenças e semelhanças entre eles
No Brasil, quando se falava em Citroën nos anos 1990 e 2000, haviam duas opiniões gerais: a marca francesa fazia carros excêntricos, que se destacavam pelo luxo e tecnologia comparado aos seus concorrentes; e a dificuldade em mantê-los, já que tantas tecnologias inovadoras em um mercado que há pouco andava em carros carburados eram difíceis de manter.
É uma posição diferente da que a francesa sempre teve em outros mercados, onde atuava abaixo da Peugeot e que foi proposta na época pelo então responsável pela importação dos carros ao Brasil, Sérgio Habib. Com status de marca premium, chegava no começo dos anos 2000 também seu primeiro modelo mais popular e que, assim como seu primo Peugeot 206, praticamente inaugurou uma nova categoria na faixa dos compactos, que ainda ganhou companhia do Volkswagen Polo e do Chevrolet Corsa C, em 2002.
Primeira geração, lançada nos anos 2000
2CV foi inspiração do hatchback
Eram hatchbacks que se diferenciavam pelo seu acabamento mais esmerado, motores acima de 1.000 cm³, opção de câmbio sem embreagem e pacotes que hoje são básicos, como ar-condicionado e direção hidráulica, mas que na época eram itens pouco comuns em modelos de entrada.
Primeira geração do C3 era um 2CV moderno
A primeira geração do C3 era inspirada no clássico 2CV, o ''Fusca'' da francesa, tendo o mesmo visual arredondado do modelo lançado após a Segunda Guerra, mas revisado para a década de 2000, com profusão de cores vivas na parte interna e externa. Seu painel de instrumentos era digital, a direção era elétrica (desde a versão de acesso) e trazia somente motores 1.4 8v e 1.6 16v, sendo o segundo com opção de câmbio manual ou o automático de 4 marchas, o AL4.
Na plataforma, utilizava a mesma PF1 do Peugeot 206, sendo fabricado na planta da antiga PSA em Porto Real (RJ). Nas dimensões, tinha 3,86 m de comprimento, 1,67 m de largura e 2,46 m de entre-eixos.
C3 ganhou segunda geração em 2012
Segunda geração tinha para-brisa panorâmico
Na segunda geração, ainda em par com o modelo europeu, o C3 continuava com seu estilo arredondado, ganhando agora um curioso teto panorâmico (chamado de Zenith pela francesa) e luzes diurnas integradas ao para-choque. Por dentro, entretanto, utilizava solução própria: um painel desenvolvido no Brasil tanto para o hatch quanto sua então minivan, a C3 Picasso. Nas dimensões, tinha 3,94 metros de comprimento, 1,70 m de largura e o mesmo entre-eixos de 2,46 m.
Na motorização, ofereceu inicialmente motores 1.5 aspirado com câmbio manual ou 1.6 16v com opção de câmbio manual e automático (continuava com o AL4, mas com atualizações, passando-se a chamar AL8). Em junho de 2016, ganha o motor 1.2 PureTech, importado, e em 2017 ganha opção de câmbio AISIN de 6 marchas para o motor 1.6 16v. Em 2018 sua novidade foi a versão aventureira Urban Trail, uma ideia do que a marca já pensava em fazer com o hatchback no futuro, com conceito aventureiro.
A linha C-Cubed e os novos C3
A virada da década de 2020 não foi um momento fácil para a Citroën, com a chegada da Stellantis, que reunia as marcas francesas da PSA com o grupo Fiat Chrysler, o então CEO do grupo Carlos Tavares resolveu dar foco em outras marcas, como a Jeep, enquanto as que davam menos lucro tiveram que se virar para se encaixar nessa nova realidade.
O caso da Citroën talvez seja um dos mais emblemáticos, já que a marca deixou de lado sua excentricidade mesmo na sua terra natal e, em países como Índia e Brasil adotou um posicionamento que até então era comum na Fiat, o braço italiano de compactos do grupo Stellantis.
Citroën C3 You T200 2025
Durante sua fase de ''hiato'', a marca viu todos os seus antigos modelos deixarem de ser importados ou saírem de linha, caso de C4 Lounge, C4 Picasso e Grand Picasso, a submarca DS, dentre outros, contando unicamente com o C4 Cactus entre o fim da segunda geração do C3 (em 2020) e o lançamento da terceira (em 2022), parte do ambicioso projeto C-Cubed.
Em 2021, o grupo Stellantis anunciou R$ 220 milhões para a chegada da plataforma CMP ao país, além da preparação da fábrica de Porto Real (RJ). Desenhado em conjunto com outros países emergentes, a atual encarnação do compacto usa a base do atual Peugeot 208 para ser um modelo de baixo custo, se aproximando de subcompactos, mas com proposta de mais espaço e visual aventureiro pelo mesmo preço.
Teste Citroën C3 Aircross Shine 7 lugares
Desta família, surgiram o hatch C3, em 2022, o Aircross em 2023, e em 2024 o SUV-cupê Basalt, que inicialmente era previsto como um sedã. A economia de escala é regra no projeto, utilizando o máximo de elementos possíveis de outros carros do grupo, como os motores 1.0 Firefly, aspirado e com câmbio manual, utilizado em Fiat Argo e Peugeot 208, e o motor 1.0 GSE Turbo, com câmbio CVT, que está presente em praticamente todas as marcas do grupo no Brasil.
Nas dimensões, o C3 de terceira geração mede 3,98 m de comprimento, 17,3 m de largura e 2,54 m de entre-eixos, utilizando a estratégia de espaço de outro modelo de baixo custo, o Dacia/Renault Sandero, mas com visual próximo ao visto em SUVs.
Na Europa, a nova geração do modelo chegou com a mesma proposta de baixo custo, entretanto, com grandes diferenças estéticas e de motorização. Na base, o modelo europeu também tem reforços extras. Na segurança, o nosso oferece apenas 2 airbags, enquanto o europeu tem 6, além de, desde a versão de entrada, trazer sistemas de alerta de colisão com assistente de frenagem de emergência e o alerta de saída de faixas, itens não disponíveis nem como opcionais no brasileiro/indiano.
As dimensões são bem próximas. Em comprimento, o C3 europeu tem 4,01 m , ante os 3,98 m do nosso hatch, mas os 3 cm de diferença estão mais ligados a para-choques e design que a estrutura em si. O entre-eixos de 2,54 m é o mesmo, e a largura de 1,81 m é 80 mm maior que o nosso pelo design dos apliques, feitos para rodas de até 17". No porta-malas, quase um empate: 310 litros no C3 europeu, 315 litros no brasileiro.
Na motorização, novamente o C3 vive duas realidades diferentes: enquanto no europeu, há inclusive uma versão elétrica, chamada de e-C3, dispõe de um motor elétrico dianteiro de 113 cv com um conjunto de baterias de 44 kWh. O nacional dispões de dois motores a combustão: o 1.0 aspirado, de 71 cv de potência com gasolina e 75 cv com etanol, além do 1.0 T200, de 125 cv/130 cv.
Aircross x Aircross brasileiro
No caso do Aircross, o modelo de 7 lugares também recebeu uma versão para o velho continente, por lá, o SUV conta apenas com motores eletrificados, há motor 1.2 turbo de 136 cv associado a um sistema híbrido-leve de 48 Volts. Por sua vez, os modelos mais caros são totalmente elétricos e equipados com motor de 113 cv localizado no eixo dianteiro, além de bateria com capacidade de 44 kWh.
Na dianteira, o europeu traz faróis de LED com a nova identidade da Citroën, presente hoje no Brasil somente no utilitário Jumpy. No interior, a maior diferença: painel tem maior refinamento, com direito a tecido na parte superior, que é dividida em duas partes. Na versão brasileira, o painel é franciscano, seguindo o padrão já visto no hatchback C3, sem nenhum tipo de tecido tanto nas portas quanto no painel.
Citroën Basalt Feel 1.0 2025
E o Basalt?
Exclusivo dos mercados brasileiro e indiano - ao menos por enquanto - o SUV-cupê foi lançado em outubro no país e se diferencia pela proposta de acessibilidade, já que é o modelo mais acessível de sua categoria, mesmo nas versões mais equipadas. Ainda sim, o modelo brasileiro e o indiano têm muitas diferenças, principalmente pelo seu posicionamento diferente de mercado.
Na análise de versões e equipamentos, é possível ver que o modelo indiano começa com um pacote bem mais simples que o nacional, tendo aspecto geral bastante espartano, dispensando recursos como retrovisores pintados, calotas, e faróis de neblina. Mas nos itens de segurança traz 6 airbags de série, não disponíveis no Brasil em nenhuma versão.
Nas versões mais completas da Índia, chamadas de Turbo Max e Turbo Plus, novamente o SUV-cupê se diferencia por trazer equipamentos diferentes, como o vidro traseiro com comando nas portas, saída de ar para passageiros traseiros e faróis de LED com projetor.
Em compensação, ganhamos na motorização, com o motor 1.0 turbo, capaz de entregar 125 cv/130 cv, enquanto o indiano traz motor 1.2 Puretech de com 110 cv de potência, podendo ter câmbio manual ou automático.
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