Latin NCAP: Citroën Aircross falha gravemente em segurança
Fabricado no Brasil, o SUV obteve avaliação crítica, com zero estrela nos testes de segurança mais recentes da entidade
Atualizado às 12:48 com o posicionamento da Citroën. O Citroën Aircross, produzido no Brasil, foi destaque negativo na nova rodada de testes do Latin NCAP, recebendo zero estrela em segurança. O modelo, que traz como itens de série dois airbags e controle eletrônico de estabilidade (ESC), apresentou desempenho insatisfatório em todas as categorias avaliadas: 33,01% em proteção para ocupantes adultos, 11,37% para crianças, 49,57% para pedestres e 34,88% em assistência à segurança.
Os testes realizados incluíram impacto frontal, lateral e chicotada cervical, além da avaliação da proteção para pedestres e a funcionalidade do ESC. O impacto lateral revelou intrusão significativa na cabine, aumentando os riscos de lesões graves, especialmente pela ausência de airbags de cabeça, item nem sequer oferecido como opcional.
Galeria: Citroën C3 Aircross no Latin NCAP 2024
A Latin NCAP ainda reforçou que o resultado seria o mesmo se o Aircross tivesse airbags laterais (tórax), pois não ofereceria proteção para cabeça ao não ter airbags de cortina. Já no impacto frontal, a proteção do peito do passageiro foi considerada fraca, enquanto o teste de chicotada cervical apontou deficiência na proteção do pescoço dos ocupantes dianteiros.
Para o público infantil, os resultados foram igualmente preocupantes. O modelo não obteve pontos pela proteção dinâmica devido à má sinalização das ancoragens ISOFIX, que não atendem aos padrões do Latin NCAP. Além disso, diz o Latin NCAP, o airbag frontal não pode ser desativado, o que compromete a instalação de sistemas de retenção infantil (SRI) voltados para trás. No entanto, vale lembrar que crianças com menos de 10 anos e 1,45 m de altura são proibidas de ocupar o assento dianteiro no Brasil, independente de ser usar SRIs ou não. Essa possibilidade existe em outros países.
A maioria dos SRIs testados falhou nos ensaios de instalação, reforçando a falta de preparo do veículo para proteger crianças de acordo com a entidade.
Citroën C3 Aircross no Latin NCAP 2024
No quesito proteção para pedestres, o Aircross obteve avaliações que variaram de marginal a fraca em diversos pontos, com uma área limitada de boa proteção na região da cabeça. Outros sistemas de segurança, como frenagem autônoma de emergência e assistentes de manutenção em faixa, não estão disponíveis nem como opcionais.
O secretário-geral da entidade, Alejandro Furas, destacou que os engenheiros da Stellantis, grupo responsável pela Citroën, sabem como melhorar a segurança de seus veículos, mas a decisão corporativa opta por manter padrões mínimos para a América Latina.
Essa situação contrasta com a postura de outros fabricantes que têm investido em melhores níveis de segurança para seus modelos populares. Furas ressaltou a importância de um maior comprometimento da Citroën e da Stellantis para elevar o padrão de seus veículos. “A decisão de priorizar segurança precisa ser uma mudança de foco, para proteger verdadeiramente os consumidores da região”, afirmou.
A posição da Citroën
Logo após a publicação do texto aqui no Motor1.com Brasil, a Citroën entrou em contato para se posicionar a respeito dos resultados do SUV nos testes. Veja o que a empresa tem a dizer:
“A Stellantis reforça seu compromisso com a Segurança Veicular e que seus modelos comercializados atendem todas as regulamentações vigentes. A segurança de um carro é um conjunto pensado desde o início do desenvolvimento, e vai muito além da oferta individual de itens de segurança ativa e passiva. A variante da plataforma CMP permite ao Aircross ter uma carroceria robusta com ampla proteção ao habitáculo.”
Galeria: Toyota Corolla no Latin NCAP 2024
Corolla perde 1 uma estrela fora do Brasil
Na mesma rodada de testes, o Toyota Corolla, vendido no México, também foi avaliado, desta vez em um teste de auditoria. A versão mexicana, que anteriormente havia conquistado cinco estrelas, perdeu pontos devido a mudanças na cobertura dos airbags de cortina e marcações inadequadas no sistema de advertência para passageiros, sendo que a única alteração em relação ao teste original foi a fábrica de origem do carro. Esses fatores comprometeram as notas para ocupantes adultos e infantis, resultando na reclassificação do modelo para quatro estrelas.
Embora a versão testada não seja a mesma vendida no Brasil, vale ressaltar, a queda do Corolla reforça o impacto do monitoramento realizado pelo Latin NCAP. Alejandro Furas, secretário-geral da entidade, ressaltou que, apesar de quatro estrelas representarem um bom nível de segurança, é essencial que a Toyota retome o padrão de excelência que consolidou sua liderança em segurança na região.
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