Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizaram uma missão à China para investigar de perto a transição para a eletrificação na indústria automotiva. De acordo com a Agência Auto Data, durante a visita, eles se encontraram com montadoras de veículos leves e pesados elétricos, fabricantes de baterias, semicondutores e empresas de tecnologia.

Segundo a publicação, a delegação também teve encontros com a Federação Chinesa dos Trabalhadores Metalúrgicos, a Universidade Politécnica de Xangai, a Embaixada do Brasil na China, o Banco Brics e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC). Ao longo de dez dias, a delegação visitou várias cidades como Xangai, Pequim, Ningde, Zhengzhou e Baldim. Eles puderam observar de perto as operações de empresas como Higer Bus, Nio Automotive, CATL Baterias, SAIC Automotive, Yutong Bus, GWM Motors, GigaDevice, Citic e Kwai.

O Sindicato ainda teria realizado apresentações sobre a região do Grande ABC, destacando seu papel no setor automotivo brasileiro e os esforços para promover a reindustrialização e atrair novos investimentos, agora focados na eletrificação. Após retornar ao Brasil, o próximo passo seria enviar convites às empresas para conhecerem o ABC Paulista e o sindicato, de acordo com a Auto Data. Áreas disponíveis para investimento foram identificadas em São Bernardo do Campo (SP) e Diadema (SP), e serão apresentadas aos interessados em estabelecer operações na região.

VW Novo Polo - Produção São Bernardo do Campo (SP)

Wellington Messias Damasceno, diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que participou da viagem à China, enfatizou a importância desses convites, adaptando o conteúdo conforme o potencial de negócios de cada empresa. Embora não tenha revelado nomes das empresas interessadas por receio de concorrência de outras regiões do Brasil, Damasceno ressaltou o interesse do sindicato em atrair fabricantes de ônibus elétricos para o Grande ABC.

Ele também mencionou planos para eventos que aproximem embaixadas, academia e indústria, visando aprender com a experiência chinesa na eletrificação. Damasceno destacou as diferenças entre Brasil e China, especialmente em relação à qualificação profissional e às relações de trabalho. Ele ressaltou a necessidade de políticas públicas que incentivem a requalificação dos trabalhadores, apontando para a integração entre academia e indústria como um modelo a ser seguido.

A diferença nos salários dos profissionais chineses em comparação com os brasileiros também foi mencionada, refletindo em parte as diferenças nos padrões de trabalho e nas condições salariais. Conforme reportagem publicada pela Agência Auto Data, com base em estudo do Gi Group Holding, na média o rendimento médio mensal do profissional do setor é de € 1 mil, enquanto na China é de € 2,5 mil, para funções semelhantes.

A visita também revelou diferenças nas práticas trabalhistas, como a ausência de produção aos fins de semana na China, onde as relações trabalhistas evoluíram consideravelmente, embora o direito à greve não seja exercido da mesma forma que no Brasil.

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