Por anos, a Chevrolet Spin foi a única opção de minivan com sete lugares a um preço não tão alto. Aos 12 anos, a Spin 2025 tem grandes mudanças no visual e em tecnologias para seguir cativa deste público e mais alguns, só que agora tem um concorrente com jeito de SUV, projeto barato e motor turbo, o Citroën C3 Aircross. 

Se você precisa de 7 lugares e da garantia de fábrica, mas não tem mais de R$ 150 mil para jogar num carro, não tem o que fazer: é Spin ou C3 Aircross - e agradeça, porque até o final do ano passado só a minivan da Chevrolet estava no páreo. Colocamos frente a frente as duas únicas opções dessa categoria nas respectivas versões topo de linha: de um lado a Spin Premier cobrando R$ 144.990, do outro o C3 Aircross Shine 7 por R$ 136.590. Quem se sai melhor?

Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7

Espaço interno e modularidade

Quando a Chevrolet Spin era de fato um carro novo, seus 2.620 mm de entre-eixos eram considerados até grandes. A minivan compartilha a plataforma com o finado Cobalt e ambos carros traziam bom espaço interno para os passageiros. Doze anos depois, chega o C3 Aircross e a Citroën oferece um genérico de minivan com cara SUV que já chega em 2.670 mm.

A novidade tem mais largura (1.796 mm contra 1.768 mm) em números, mas o Aircross é mais largo apenas por fora em função dos paralamas alargados, um efeito justamenta para dar essa impressão visual. Na hora do vamos ver, nos bancos dianteiros o espaço é farto para ambas as opções e não há desvantagem para quem viaja na Spin apesar da diferença no papel.

E a melhor parte: o entre-eixos maior não dá vitória automática para o Aircross. A segunda fileira da Spin corre e reclina, algo que o rival não faz pois tem assentos fixos atrás - que difere entre as versões de 5 e 7 lugares nesse deslocamento. A Spin precisa que a segunda fileira esteja mais à frente para um ser humano conseguir entrar na terceira fileira. No Aircross o espaço dos últimos assentos é só para crianças, que ainda vão com as cabeças coladas no vidro traseiro e pernas bem flexionadas para cima, algo que a Spin é um pouco mais cômoda, apesar de ainda ser uma acomodação quase emergencial.

Teste: Chevrolet Spin Premier 2025
Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7

O espaço para as pernas na segunda fileira do Citroën tem ligeira vantagem usando os 7 lugares, mas é bem pouca e por conta dos bancos dianteiros com as costas recortadas. Em largura e o acesso para a terceira fielira, rebatendo-se a segunda, é similar nos dois carros.

Aí chegamos ao porta-malas. Os números dirão que a Spin tem vantagem sobre o C3 Aircross tanto com as três fileiras em uso (162 litros contra 42 litros) quanto usando 5 lugares (553 litros contra 493 litros). A minivan da Chevrolet ainda tem uma abertura maior do porta-malas porque não se rendeu totalmente ao visual de SUV e nem deriva de um hatch compacto, como o Citroën.

Mas a real é que ambos têm problemas. A terceira fileira da Spin rebate, mas não some. Fica o trambolho no bagageiro sempre, atrapalhando o espaço e exigindo que a segunda fileira vá para frente para ser rebatido. O Aircross tem uma solução bem mais inteligente: os dois últimos bancos são removíveis e leves. Se não precisar deles, é só deixar em casa. Só que você não tem modularidade na segunda fileira, a abertura é menor no tampão e oferece menos volume de carga mesmo sem os bancos. No perde e ganha, um empate é justo, ficando a escolha pela necessidade pessoal.

Vantagem: Empate

Acabamento e ergonomia

Se você olhar o C3 Aircross isoladamente, vai ver alguma evolução em relação C3 hatch em que se baseia. Há mais texturas, porta-trecos e bancos mais confortáveis. Mas o acabamento ainda tem a qualidade que só um carro de R$ 80 mil pode te oferecer, com profusão de plásticos duros e os botões do ar-condicionado parecem ter saído de um Celta 2001. Para as portas traseiras, o acabamento é ainda mais simples.

Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7

Isso sem contar que os botões para acionar as funções do carro parecem ter sido dispostos em ordem aleatória. À esquerda do painel, da esquerda para direita, estão ajuste dos espelhos, controle de cruzeiro, travamento dos vidros elétricos, modo Sport e travamento das portas, nesta ordem. O Aircross tem uma quantidade ok de porta-trecos, mas as economias continuam. Os botões dos vidros elétricos traseiros ficam no fim do console central. Não há acionamento nas portas traseiras, nem redundância para o motorista. Falha grave de ergonomia que, nesta faixa de preço, não se justifica.

Aí você sai do C3 Aircross e entra na Spin e parece um salto de qualidade. Claro, a Chevrolet não dispensou os plásticos no acabamento, mas o visual é mais moderno e tudo que se toca dá uma sensação de qualidade maior. O ar-condicionado, automático, tem botões com textura emborrachada. As portas dianteiras também misturam texturas, acompanhando o painel e há maior cuidado na escolha dos materiais, como preto brilhante e alumínio para dar um ar mais refinado.

Teste: Chevrolet Spin Premier 2025

A Spin ainda tem mais porta-trecos, dignos de alguém na Chevrolet que sentou no carro e pensou um pouco onde poderiam ser instalados. São espaços como a espécie de "segundo andar" sobre o porta-luvas para deixar pequenos objetos, ou os buracos estreitos e fundos em cada puxador de porta, ideal para celulares e cartões de estacionamento, ou qualquer coisa que precise de acesso rápido. Na ergonomia, a minivan só tem dois reveses: os botões da trava das portas são muito baixos no console central e o botão de volume da multimídia fica um tanto longe da mão do motorista.

Vantagem Spin

Equipamentos e conectividade

Aqui vou listar apenas os itens que a Spin 2025 tem na versão Premier e o C3 Aircross Shine 7 fica devendo: faróis de LED, partida por botão, ar-condicionado automático, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, Wi-Fi nativo e carregador de smartphone sem fios. A parte de segurança será esmiuçada mais abaixo.

Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7
Teste: Chevrolet Spin Premier 2025
Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7
Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7
Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7

Spin e C3 Aircross contam com centrais multimídias com telas grandes, mas a da Citroën é maior na horizontal, enquanto da Chevrolet é mais quadrada. Ambas têm atalhos para funções da central quando se usa Android Auto ou Apple Car Play, mas a da Spin aproveita melhor o espaço usando espalhamento. Ambas contam com essa função sem fios, mas é algo que exige da bateria do smartphone. O Aircross não oferecer carregador sem fio faz com que você fique preso ao cabo de qualquer forma, problema que a Spin não tem.

A Chevrolet ainda tem uma série de serviços remotos, incluindo chamada de emergência em caso de acidente e rastreador. Você pode achar útil ou não, mas tem na Spin não tem no Aircross. Ambos ainda contam com rodas de liga-leve. São de 16" na Chevrolet e de 17" no Citroën, mas como as curvas do Aircross forçam um porte maior, as rodas parecem menores. Bancos de couro também são de série nos dois, com cores preta e cinza no Citroën e azuis na Chevrolet. A dupla conta com painéis de instrumentos digitais, sendo que o do Aircross é mais fácil de customizar, mas o da Spin é mais bonito e traz as informações importantes de forma clara.

Vantagem: Spin

Segurança e assistências

Aqui não tem outro jeito de me expressar: se você se preocupa com a segurança da sua família, vá de Spin. A veterana minivan vem com 6 airbags de fábrica, cobrindo os dois dianteiros, dois laterais dianteiros e os de cortina, que se estendem para os bancos traseiros inclusive na terceira fileira. O C3 Aircross tem 4, cobrindo apenas a dianteira.

Teste: Chevrolet Spin Premier 2025

A versão mais completa do carro da Chevrolet ainda tem uma série de assistências ao condutor que passaram longe do Citroën. Entre eles vale citar o medidor de distância em relação ao carro à frente, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência, monitor de ponto cego e alerta de mudança involuntária de faixa. O Aircross tem só o obrigatório por lei, como controle de estabilidade.

Vantagem: Spin

Dirigibilidade, desempenho e consumo

Aqui teremos mais um caso de empate. Não porque os dois são bons de formas parecidas, mas porque ambos são ok em algum aspecto e patinam em outros. Começando pela dirigibilidade, o C3 Aircross é mais confortável no geral, ao custo de ter uma suspensão mais macia e uma direção que parece desconectada das rodas. A Spin na comparação é um pouco mais firme e controlada, passando mais segurança principalmente nas estradas com um conjunto mais firme, sem perder conforto, com a nova calibração de molas e amortecedores, bitolas mais largas e o estilo SUV, mais alto.

Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7
Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7

Mas no desempenho o jogo vira. De um lado, o 1.0 turbo da Stellantis, com 125/130 cv e 20,4 kgfm de torque, um dos mais modernos do mercado com variador de fase e abertura de válvulas e injeção direta. No outro, o veterano 1.8 aspirado da Chevrolet, com 8 válvulas e comando simples sem variador, com 106/111 cv e 16,8/17,7 kgfm, com melhorias eletrônicas nesta nova fase. 

Basta ver o 0 a 100 km/h de ambos. O Aicross cumpriu a tarefa em 10,4 segundos, 4 segundos mais rápido que a Spin. O Citroën com o motor 1.0 turbo de até 130 cv de potência e quase 3 kgfm a mais de torque que o Chevrolet com o veterano 1.8 aspirado de até 111 cv. O que mais faz a diferença são as retomadas, bem mais rápidas no Citroën que, no uso, é um exemplo de como ele se comporta na estrada em uma situação de ultrapassagem, por exemplo, ainda mais carregado. 

Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7
Comparativo: Chevrolet Spin Premier vs. Citroën C3 Aircross Shine 7

No dia a dia, a Spin até parece mais ágil, vantagem do motor aspirado e câmbio automático de 6 marchas, enquanto o C3 Aircross ainda tem um turbolag e as respostas mais lentas do CVT com simulação de 7 marchas. Só que enquanto o C3 Aircross desenvolve velocidades mais altas com maior desenvoltura, a Spin fica nos 4.000 rpm, já que acima disso ta entregando mais barulho que desempenho.

No consumo ficam meio que no elas por elas. O Aircross foi melhor com gasolina na cidade: 10,4 km/l contra 9,9 km/l da Spin. Com gasolina na estrada, o jogo virou e a minivan da Chevrolet surpreendeu com 15,3 km/l contra 12,5 km/l. Vai mais do seu uso. A Spin é melhor de dirigibilidade, o Aircross em desempenho, mas ninguém tem uma vitória clara no consumo. Então ninguém ganha.

Vantagem: Empate

Custo/benefício

O Citroën C3 Aircross Shine 7 T200 CVT (sim, esse é o nome inteiro) custa R$ 136.590, ou R$ 8.400 a menos que a nova Chevrolet Spin Premier 1.8 AT6. Vocês já viram o tanto de coisa a Spin entrega a mais que o Aircross. Isso sem contar o acabamento e a ausência de itens de segurança no Citroën. Não tem segredo, a diferença que a Spin cobra a mais volta em forma de equipamentos extras. O Aircross precisaria ser mais de R$ 15 mil mais em conta pra começar a valer a pena.

Vantagem: Spin

Conclusão

Se este fosse um comparativo da antiga Spin com o C3 Aircross, o resultado seria uma certa vantagem do Citroën, mas nada muito grande. A Chevrolet conhece o mercado e, o principal, o mercado conhece a Spin. A Citroën fez uma aposta no preço, mas para ser mais barato, o C3 Aircross deve equipamentos, o que é grave ao se considerar a ausência de itens de segurança em um carro familiar. O que você paga a mais na Spin Premier vale a pena nesse cenário e a veterana leva o comparativo, mesmo andando menos.

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

Fichas técnicas

  Chevrolet Spin Premier 1.8 AT6 Citroën C3 Aircross Shine 7 T200 CVT
MOTOR
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.796 cm3, 8 válvulas, comando único; injeção indireta, aspirado, flex
dianteiro, transversal, 3 cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, duplo comando de válvulas com variador no escape e MultiAir na admissão, injeção direta, turbo, flex
POTÊNCIA/TORQUE
106/111 cv a 5.200 rpm (G/E); 17,7/16,8 kgfm (G/E) a 2.600 rpm
125/130 cv a 5.750 rpm (G/E); 20,4 kgfm a 1.750 rpm
TRANSMISSÃO
automática, 6 velocidades, tração dianteira
automático CVT com simulação de 7 marchas; tração dianteira
SUSPENSÃO E RODAS
McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, rodas aro 16" com pneus 205/60
McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira; rodas aro 17" com pneus 215/60
FREIOS discos ventilados na dianteira e tambores na traseira discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
PESO 1.292 kg em ordem de marcha
1.272 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 4.420 mm, largura 1.768 mm, altura 1.699 mm, entre-eixos 2.620 mm; comprimento 4.320 mm, largura 1.796 mm, altura 1.678 mm, entre-eixos 2.675 mm
CAPACIDADES Tanque: 53 litros; Porta-malas: 162 L (7 lugares), 553 L (5 lugares) tanque: 47 litros; Porta-malas: 42 litros (7 lugares), 493 litros (5 lugares, terceira fileira removida)
 
PREÇO R$ 144.990 R$ 136.590
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina)
  Chevrolet Spin 1.8 AT Citroën C3 Aircross 1.0T CVT
Aceleração    
0 a 60 km/h 5,6 s 4,4 s 
0 a 80 km/h 9,8 s 6,9 s
0 a 100 km/h 14,4 s 10,4 s 
Retomada    
40 a 100 km/h em S 11,0 s 7,9 s
80 a 120 km/h em S 12,5 s 8,2 s
Consumo    
Ciclo cidade 9,9 km/l 10,4 km/l
Ciclo estrada 15,3 km/l

12,5 km/l

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