Quando a Renault comprou a Dacia do governo romeno em 1999, poucos suspeitavam que ela se tornaria um ativo importante para a montadora francesa. Foi uma medida inteligente que permitiu à Renault ter seu próprio centro de desenvolvimento automotivo na Europa Central e Oriental. A Romênia estava despertando lentamente após anos de regime comunista e havia muita demanda por veículos.

Quase 25 anos após essa aquisição, a Renault pôde respirar e manter sua independência graças, principalmente, à Dacia. Ao vender modelos acessíveis e competitivos, a empresa francesa encontrou uma maneira de aumentar sua presença fora da Europa e ganhar mais dinheiro. O poder da Dacia dentro do grupo, no entanto, cresceu tanto que é de se perguntar se ela não é uma ameaça à marca Renault. Vale lembrar que, no Brasil, nomes de sucesso da francesa, como Logan, Sandero e Duster, têm origem em produtos da romena.

Como um foguete

Em 2000, durante o primeiro ano completo da Dacia sob o controle da Renault, as vendas da primeira corresponderam a dois por cento do volume da segunda. Era uma marca desconhecida fora da Romênia e do Leste Europeu, com uma linha de produtos muito antiga.

Como uma empresa que havia sido administrada por muito tempo sob as regras econômicas comunistas, era burocrática, ineficiente e totalmente desconectada da realidade e das necessidades dos clientes europeus.

O mesmo pode ser dito de outras marcas de automóveis, como a Oltcit na Romênia, a FSO Polonez na Polônia, a Tavria na União Soviética, a AvtoZaz na Ucrânia e a Zastava na Sérvia. A Skoda da República Tcheca também fazia parte desse grupo, mas também foi adquirida pelo Grupo Volkswagen em 1991.

Il successo di Dacia minaccia il marchio Renault?

O desenvolvimento (estimado) das vendas da marca Dacia desde sua aquisição pela Renault.

Graças à Renault, as vendas globais da Dacia se multiplicaram por três em apenas cinco anos, atingindo 150.000 unidades em 2005 após a introdução da primeira geração do Logan, que foi projetado pela Renault não apenas para a Romênia e o Leste Europeu, mas também para mercados emergentes como o Norte da África e a América Latina, incluindo o Brasil.

Il successo di Dacia minaccia il marchio Renault?

Participação da Dacia nas vendas globais do Grupo Renault (excluindo a Lada).

Em 2008, após um ano completo no mercado com o Sandero, a Dacia vendeu quase 260.000 unidades, representando 11% do volume do Grupo Renault. Também nesse ano, a Renault do Brasil começou a vender o Sandero sob a marca Renault, de modo que o total real da Dacia foi maior. O volume aumentou para 343.000 unidades em 2011, o primeiro ano completo do Dacia Duster. O total da Dacia foi de 814.000 unidades, de um total de 2,72 milhões de unidades do grupo.

Il successo di Dacia minaccia il marchio Renault?

Participação de mercado nas vendas globais do Grupo Renault de produtos de origem Dacia (incluindo Renault Sandero, Renault Logan, Renault Duster, Renault Dokker, Renault Lodgy, Renault Oroch, Renault Kwid, Renault Taliant) e da marca Renault.

Concorrência interna também

O rápido crescimento da Dacia ajudou a melhorar os resultados financeiros do grupo francês com uma fórmula bastante simples: a Dacia se posiciona como uma marca econômica e oferece carros competitivos usando a tecnologia da geração anterior de carros da Renault. Isso facilitou a produção e reduziu os custos, ajudando a oferecer os novos carros a preços muito atraentes.

O problema é que agora a Dacia é a marca de crescimento mais rápido e, às vezes, os produtos competem entre si dentro do mesmo grupo, como o Sandero contra o Clio na Europa Ocidental ou até mesmo o Duster contra o Captur.

O posicionamento de cada marca é certamente diferente, mas à medida que os carros da marca Dacia se tornam mais caros, muitas pessoas se sentem inclinadas a comprá-los. Enquanto isso, nos mercados emergentes, a imagem da Renault está até se tornando um reflexo da imagem da Dacia, que tem uma oferta maior. Será que veremos mais Dacia do que Renault em um futuro próximo? Continue nos acompanhando, a resposta virá.

O autor do artigo, Felipe Munoz, é Especialista em Indústria Automotiva da  JATODynamics.

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