A Stellantis, grupo formado pela fusão entre Fiat Chrysler (FCA) e Peugeot Sociéte Anonyme (PSA) foi criada como uma resposta aos desafios da indústria automotiva global da atualidade.
O conjunto de marcas unidas pelas duas empresas estava melhor posicionadas do que suas rivais na Europa, América do Norte e América do Sul e, segundo seus objetivos, poderia facilmente aumentar sua presença nos mercados asiáticos.
Quando foi criada em 2021, a Stellantis tornou-se a quarta maior fabricante de automóveis do mundo em unidades vendidas, com 6,2 milhões de veículos em 2020. O volume de vendas aumentou para quase 6,5 milhões em 2021, mas caiu para 5,84 milhões em 2022. Com 14 marcas, é claro que a Stellantis tem um único rival em mente: o Grupo Volkswagen.
A batalha entre as duas gigantes não é apenas em volume, também é sobre lucro. O desafio que elas enfrentam é quase o mesmo: deixar de lado o motores a combustão para vender carros elétricos, mas sem afetar a lucratividade. Enquanto há problemas a serem resolvidos - a Volkswagen precisa trabalhar em seu software e a Stellantis precisa de mais modelos - elas têm mantido suas posições fortes em seus respectivos mercados.
No entanto, o ritmo de crescimento é sentido em seu mercado mais importante: a Europa. De acordo com os dados de emplacamentos da JATO Dynamics, considerando 28 países europeus, a Stellantis está perdendo espaço não só para novatas como Tesla e as marcas chinesas, como também para a Volkswagen.
Quando a Stellantis começou a operar há dois anos e meio, sua participação no mercado europeu era 21,2%, apenas 4 pontos menos do que o Grupo Volkswagen. Embora o novo grupo automotivo seja o líder absoluto na Itália e na França, e tenha uma posição importante na Espanha e em outros mercados de tamanho médio, sua rival ainda domina a Alemanha (o maior mercado da Europa) e Reino Unido (o segundo maior), além de liderar outros países nas regiões central norte e oriental.
A diferença entre as duas chegou a uma média de 4,7 pontos entre janeiro de 2021 e junho de 2022, quando a Volkswagen começou a crescer rapidamente. Desde então, a distância entre as duas aumentou para 8,6 pontos e segue aumentando.
Em julho de 2023, o Grupo Volkswagen registrou sua maior participação de mercado mensal em dois anos, superando a Stellantis em 11,9 pontos. É a maior distância entre os dois grupos desde que a Stellantis foi criada e esta diferença pode crescer nos próximos meses.
Conforme as duas empresas tentam aumentar suas ofertas de carros elétricos, está claro que os VEs estão vendendo melhor na Alemanha, enquanto a maioria dos consumidores europeus continuam a demandar por automóveis com motores a combustão.
Entre janeiro e julho deste ano, o Grupo Volkswagen emplacou 244 mil novos carros na Europa, fazendo com que lidere neste importante segmento em crescimento. O volume cresceu 58%, fazendo com que sua participação de mercado fosse de 21% para 22,5% em comparação ao ano passado.
A gigante alemã conseguiu manter sua liderança contra a Tesla, que mais que dobrou os emplacamentos, mas acabou na 2ª posição com 18,7% de participação entre os elétricos. Por outro lado, a Stellantis registrou modestos 11% de crescimento na categoria, chegando a 142.600 unidades, o que é igual a 13,% de market share.
Entre estes dois períodos, a Stellantis perdeu 4,3 pontos de participação. Enquanto a Volkswagen oferece oito SUVs elétricos em sua linha com 14 modelos diferentes, a rival tem somente 4 SUVs no portfólio com 24 automóveis elétricos. Mesmo entre os carros a combustão (que ainda tem 58% dos emplacamentos na Europa), a diferença é significante: 54 modelos disponíveis (25 SUVs) para a Volkswagen, contra 46 (21 SUVs) da Stellantis.
A diferença continuará a crescer? Ou a Stellantis conseguirá alcançar a Volkswagen com mais carros elétricos?
Felipe Munoz, autor deste artigo, é Especialista em Indústria Automotiva na JATO Dynamics.
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