A Volkswagen Amarok foi lançada no mercado brasileiro em 2010. Na mesma geração há praticamente 13 anos, a picape média da empresa não tem perspectiva de mudar de geração no futuro próximo. A empresa comentou apenas que a Amarok 2024 receberia alterações pontuais em breve.

Em um encontro com a imprensa na Argentina, onde a Amarok é fabricada, Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil, confirmou ao Motor1.com Brasil, que a linha 2024 da picape será apresentada no primeiro semestre do ano que vem. Além de mudanças no visual, a nova Amarok também deverá receber mais equipamentos.

Galeria: Experiência VW Amarok - Argentina

Correndo atrás do prejuízo

Volkswagen e Ford anunciaram no passado uma parceria para veículos comerciais. Neste acordo, a VW ficaria responsável pelo desenvolvimento de modelos de carga e transporte de passageiros, como a Transporter e a Ford Transit. Já a Ford ficaria à frente do desenvolvimento das novas gerações da Ranger e da VW Amarok.

Por aqui, o chamado Projeto Cyclone para as picapes foi polêmico. Após muitos rumores, ficou acertado que apenas a Ford Ranger receberia nova geração, enquanto a Volkswagen Amarok permaneceria na mesma plataforma de 2010 com alterações pontuais de visual e de equipamentos.

Experiência VW Amarok - Argentina

Vale lembrar que a fábrica de General Pacheco, na Argentina, foi erguida na época da Autolatina. Após o fim dos acordos entre Ford e VW, a linha de montagem foi dividida entre as empresas. Sendo assim, a nova geração da Ranger sairá praticamente do mesmo lugar que a Volkswagen Amarok atual, que receberá pequenas modificações.

Durante a conversa com Ciro Possobom, o executivo não quis detalhar o que mais mudará na Amarok para além do visual. No entanto, observando a categoria, a picape da VW é uma das mais atrasadas em termos de equipamentos de segurança. Hoje, oferece apenas controle de estabilidade e 4 airbags (2 frontais e dois laterais). Então nossa aposta fica para o acréscimo de itens como alerta de colisão frontal e monitor de ponto cego, itens facilmente encontrados em rivais diretas.

Experiência VW Amarok - Argentina

"Muita lenha para queimar"

O convite da Volkswagen para conduzir a Amarok atual na Argentina tinha um propósito em mente: relembrar as qualidades da picape em um universo em que muitas novidades estão chegando ao Brasil para o público de picapes. Ciro Possobom afirmou que a Amarok ainda "tem muita lenha para queimar".

O executivo, porém, não quis comentar sobre o acordo entre Ford e Volkswagen que, em última instância, levou ao cancelamento da nova geração da Amarok para o Brasil, ao passo em que a Ranger será renovada. A VW continuará apostando nas qualidades atuais de sua picape da década passada.

A marca convidou jornalistas brasileiros à Argentina para o "Amarok Experto", série de experiências a bordo da picape da VW dentro e fora da estrada. É uma iniciativa da divisão argentina da marca. Por lá, o discurso de reforçar as qualidades da geração atual é válido. A Amarok vem numa crescente de vendas nos últimos anos por lá. Hoje, é a vice-líder de vendas entre as médias, atrás da Toyota Hilux. Com cerca de 30% de participação no país vizinho, ainda espera-se que a Amarok passe a rival em 2023.

Experiência VW Amarok - Argentina

Mas, da perspectiva brasileira, a VW Amarok realmente ainda tem muita lenha para queimar e se aproximar de duas décadas de vida na mesma plataforma? Sim e não. Sim porque ao andar na picape você é relembrado das qualidades da picape. Principalmente ergonomia e conforto, até mesmo no banco traseiro que normalmente sacrifica os passageiros em outras picapes médias. A Amarok também tem uma das maiores capacidades de carga, beirando 1.200 kg.

Outro predicado da Amarok atual é sua dirigibilidade. Mesmo na estrada e na cidade, a picape da Volkswagen é muito bem comportada. Como sempre, é a que tem o comportamento mais próximo ao de um carro de passeio. No Brasil, ela é vendida apenas com o motor 3.0 V6 turbodiesel de 258 cv de potência e 59,1 kgfm de torque. O câmbio é automático convencional de 8 velocidades. Ela oferece tração nas quatro rodas, mas sem caixa de redução. Seus preços variam entre R$ 296.860 e R$ 335.500.

Num percurso feito sob medida para o Amarok Experto, a ideia era mostrar que, sendo a picape mais potente da categoria e dotada de um bom câmbio automático de 8 velocidades com conversor de torque, não sentiríamos falta da caixa de redução. E, de fato, a Amarok se vira bem mesmo subindo e descendo as adversidades argentinas que incluíram aclives e declives difíceis, terra, lama e travessia de terrenos alagados. Mesmo apoiada em apenas duas rodas e torcida pelo desnivelamento do terreno, todas as portas abrem e fecham normalmente, indicando a rigidez do conjunto. 

Experiência VW Amarok - Argentina

Depois de tanto tempo, o conjunto que a Amarok traz ainda é bom e atende ao seu propósito enquanto picape média. Mas, nos mesmos moldes da Chevrolet S10 Midnight avaliada pelo Motor1.com há poucas semanas, o visual e a cabine entregam muito a idade. A cabine da Amarok ainda lembra e muito um Golf 2014 de sétima geração, com o agravante de que há mais plásticos rígidos na cabine. Também fazem falta itens como câmera de ré com melhor resolução, tela maior para a central multimídia, computador de bordo mais desenvolvido e até mesmo controle de cruzeiro adaptativo. Tudo isso pode ser encontrado em rivais, mas não na Amarok.

Após a experiência, Ciro Possobom afirmou que a estratégia da Volkswagen para a Amarok, agora e futuramente, será a de apostas em experiências, colocar os clientes para andar na picape e comprovar como ela ainda é um produto relevante. Porém, como lembrei o executivo, a estratégia é muito parecida com a aplicada ao Volkswagen up!. Um dos melhores compactos da categoria, mas que saiu de linha por não vender bem e ser relativamente caro.

Hoje, não adianta mais ter um produto bom e lembrar os compradores disso. Não deu certo para o up! e, se a reestilização programada para o ano que vem não trouxer novidades relevantes, pode não funcionar para a Amarok também.

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