Avaliação Chevrolet S10 Midnight 2024: crepúsculo de uma geração
À espera de renovação, série especial expõe o que há de melhor (e pior) na atual geração da picape
Já não é muito segredo que a Chevrolet está trabalhando em uma nova geração da S10, aguardada para 2024. Mas ainda falta praticamente um ano para isso e a concorrência já se mexeu. A Ford exibiu a nova Ranger e ainda nem estamos falando da nova picape nacional da Ram, que será um pouco menor.
Mas até lá, a Chevrolet S10 atual terá que continuar cativando seus clientes em um segmento em que a Toyota Hilux domina e os rivais não param de se renovar. Sabendo disso, a marca recorreu à uma jogada há muito ensaiada: a volta da série especial Midnight, inicialmente revelada em 2019 para a picape. Neste retorno para a linha 2024, ela está custando R$ 310.100, mas vai dar conta do recado de segurar uma plataforma de mais de 10 anos de idade neste contexto tão competitivo?
Galeria: Primeiras impressões Chevrolet S10 Midnight 2024
O que muda na Chevrolet S10 Midnight 2024?
Dentro do padrão já conhecido da grife Midnight, a S10 Midnight 2024 conta com detalhes escurecidos no logo, grade dianteira, rodas de liga-leve de 18 polegadas, para-choques e mais. Na comparação com a versão homônima lançada em 2019, há diferenças na grade frontal, para-choque dianteiro e rodas mais imponentes, assim como lanternas traseiras escurecidas. A carroceria pode ser pintada nas cores preta, a inédita Cinza Topázio e a Azul Eclipse das fotos.
Entre as novidades relacionadas ao conteúdo, destaque para os bancos e volante com revestimento de couro (algo indisponível em 2019), 6 airbags, câmera de ré de alta definição e tecnologia OnStar com Wi-Fi, myChevrolet app e atualização remota de sistemas eletrônicos do veículo. O santantônio é integrado na carroceria, ao invés do tubular como na Z71. Ela ainda traz de série trio elétrico, controle de estabilidade, ar-condicionado, direção hidráulica e volante apenas com ajuste de altura.
Sob o capô, segue sem alterações o conhecido motor 2.8 turbodiesel de 200 cv (a 3.600 rpm) e 51 kgfm de torque (a 2.000 rpm), o mesmo que equipa a linha toda da picape. A transmissão é a automática de 6 marchas com tração 4x4 e reduzida. Vale lembrar que a Chevrolet S10 ainda não faz uso de Arla 32 para ajudar a reduzir as emissões de materiais particulados derivados da queima do diesel.
Não há mudanças nas medidas, então a S10 Midnight permanece pesando 2.016 kg em ordem de marcha. Ela oferece 1.131 kg de carga útil, enquanto sua caçamba acomoda até 1.061 litros e já conta com capota marítima e abertura amortecida da tampa. Ela ainda tem 5.361 mm de comprimento, 3.096 mm de entre-eixos, 1.874 mm de largura e 1.781 mm de altura. Para quem for sair do asfalto, a picape oferece 29 graus de ângulo de ataque, 16,1 graus de ângulo de saída e 228 mm de altura mínima em relação ao solo.
Um pouco de contexto
Esta avaliação da nova Chevrolet S10 Midnight 2024 foi um pouco diferente. Ao invés de retirar a picape no lugar de sempre, pegamos o carro das fotos em Campinas (SP), de onde saímos para São Carlos (SP) e então iríamos para Ribeirão Preto (SP), onde a série especial foi revelada na Agrishow. Na volta, saindo da feira, voltei para São Carlos e de lá retornei para a capital paulista.
Então, ao contrário de todos os outros testes, esta S10 das fotos está suja. Seja o pó de terra de Ribeirão, a miríade de mosquitos das estradas do interior paulista ou as marcas de uso da caçamba que utilizamos para fazer uma mudança na redação do Motor1.com Brasil: tudo isso está lá de propósito, pois ajuda a contar a história.
Como anda?
O azar da Chevrolet é que eu estive presente na apresentação da atual geração da S10, lá atrás em 2012. Então, vários elementos escurecidos não conseguiram disfarçar que se trata de uma picape com mais de 10 anos, ao menos não para mim. Fosse um teste curto, seria bem difícil justificar os mais de R$ 300 mil da Midnight.
Mas a questão é que, nessa brincadeira de passear pelo interior paulista, rodei mais de 700 km com a nova Chevrolet S10 Midnight. Isso incluiu um trecho de mais de 4 horas atrás do volante enquanto voltava para casa saindo de Ribeirão Preto. E, quando se roda tanto tempo com um carro, o que mudou ou não deixa de ser tanto uma questão e o que está nas suas mãos, novo ou velho, pode ser melhor apreciado.
Entrar na cabine e ver os mesmos elementos de 2012, como o volante e os comando do ar-condicionado, não passa a melhor das impressões, mas foi justamente numa viagem longa como a que fiz que a S10 mostra porque durou tanto tempo no mercado. Um bom nível de silêncio a bordo e uma suspensão confortável na estrada fizeram o tempo passar rápido, sem cansar nem incomodar.
Os bancos de couro, que não estavam disponíveis na S10 Midnight de 2019, acomodam bem. Há espaço de sobra no banco traseiro, ainda que o assoalho seja alto e deixe as pernas dos passageiros muito dobradas. Alguns cuidados são bem-vindos, como os 6 airbags de série e a câmera de ré com boa resolução. Só que, em 2023, para uma picape de mais de R$ 300 mil, a Chevrolet ficou devendo mais auxílios à condução e até coisas simples, como sensor de estacionamento dianteiro.
Em ritmos até 100 km/l o consumo é realmente bom, ficando em 14,7 km/l de acordo com o computador de bordo. A 120 km/l, porém, esse número cai para menos de 13 km/l. No entanto, a S10 mantém o fluxo do trânsito em velocidade máxima permitida sem nenhuma dificuldade.
Logo na saída da Agrishow, a pista de terra batida mostrou que a picape não pula tanto em piso irregular. Não chega no nível de uma Nissan Frontier, que tem molas helicoidais na traseira, mas, entre as que têm feixe de mola, está entre mais bem comportadas. Porém, não é carro para se esperar esportividade. A transferência de peso nas mudanças de direção ainda é bem pronunciada.
O que se pode concluir é que a Chevrolet S10 ainda é um produto bom e de peso, tanto que se aproximou da Toyota Hilux nas vendas de abril. É simples, até demais, mas simplicidade em picapes médias costuma significar longevidade também, algo que é bem-visto por seu público. A série especial Midnight é um último esforço enquanto se espera para passar o bastão para a próxima geração.
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