O segmento de veículos comerciais não tem tempo para enfeites. Para o trabalho, escolhe-se o mais eficiente dentro de uma conta que inclui custo de aquisição, de manutenção, a capacidade de carga e o valor de revenda. Mas e o motorista profissional que está atrás do volante o dia inteiro? Esse raramente entra na conta.
Para quem encara o trânsito todos os dias, um câmbio automático é quase uma necessidade. No entanto, eram poucos os furgões e vans que ofereciam o item, o que começa a mudar com a Ford Transit. A marca está oferecendo seus comerciais com opção de câmbio automático "pelo preço das rivais com câmbio manual", deixando implícito se tratar da Mercedes-Benz Sprinter.
A Ford Transit com câmbio automático pode ser adquirida na configuração furgão com 12,4 m3 de capacidade por R$ 274.500, Vidrada (furgão com janelas para transformação) por R$ 298.200, Minibus de 15 lugares por R$ 336.500 e Minibus de 18 lugares com rodado duplo traseiro por R$ 358.900. E claro que o Motor1.com já andou na novidade, incluindo a versão de passageiros.
A única Transit que não terá o câmbio automático é furgão curto, com 10,7 m3. Todas as demais podem ser adquiridas com a transmissão automática de 10 velocidades. A caixa em si é da mesma família usada nos Ford Mustang e Ranger do mercado dos Estados Unidos, mas com acerto e componentes internos específicos. Ela ainda oferece a possibilidade de trocas em modo manual por meio de botões na lateral da alavanca.
O furgão é o mais básico da linha. Ele traz de série câmera de ré, central multimídia com tela de 8 polegadas, conectividade via Android Auto e Apple Car Play, computador de bordo com tela de 2,3 polegadas, sensor de estacionamento traseiro, start-stop, assistente de partida em rampa, controle de estabilidade, controle anti-capotamento, luz diurna, ar-condicionado, banco do motorista com ajuste de altura e lombar, volante multifuncional, limitador de velocidades, espelhos ajuste elétrico, sensor de chuva e volante com regulagem de altura e profundidade.
As opções Minibus acrescentam ainda computador de bordo com tela LCD de 4,2 polegadas colorida, assistente de permanência em faixa, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de frenagem autônoma, faróis de neblina, cintos de 3 pontos para todos os ocupantes, bancos traseiros com encosto regulável (somente versão 18 lugares), ar-condicionado traseiro (exceto Vidrada), entradas USB para motorista e passageiros e tacógrafo (exceto Vidrada).
Todas serão equipadas pelo mesmo motor da Transit com câmbio manual, o 2.0 turbodiesel de quatro cilindros. Com câmbio automático, porém, a potência máxima cai de 170 cv para 165 cv a 3.500 rpm. O torque é de 39,7 kgfm a partir de 1.750 rpm.
A Ford está entrando com um câmbio automático num segmento onde as rivais da mesma categoria não oferecem algo similar. O medo dos compradores, geralmente empresas e frotistas, era com relação aos custos de manutenção, de acordo com a marca. A Ford diz que contorna essa questão com números. Nos testes feitos pela empresa, o consumo da Transit automática se mostrou muito parelho com a versão manual. Além disso, a diferença de consumo entre um motorista experiente e um novato usando a Transit automática foi muito menor na comparação com a manual.
Quanto à manutenção, a Ford informou que a troca de óleo da transmissão automática deve ser feita somente a cada 250.000 km. Além disso, não há custos com substiuição de embreagem, por exemplo. Nas contas da marca, isso resulta em 70% menos custos com a transmissão da Transit.
O teste-drive inicial da Transit automática compreendeu 180 km de um trajeto majoritariamente rodoviário, mas com a saída a partir da capital paulista com o trânsito carregado. Na ida, fomos ao volante da Transit Minibus 18 lugares automática e o retorno foi feito com uma furgão automática.
A Ford Transit já tinha se consolidado como um dos modelos mais equipados e acertados para dirigir dentro de sua categoria. A Minibus tem mais equipamentos de segurança e conduzi-la, ainda que em ambiente urbano, é uma tarefa tranquila. Tanto ela quanto a furgão se comportam quase como automóveis de passeio em termos de isolamento acústico, acerto de suspensão e conforto para quem conduz.
A furgão, vazia, ainda deixa passar um pouco dos buracos, mas a Minibus, maior e o com o peso dos assentos e dos bagageiros, traz um conforto similar ao de um ônibus de viagem mesmo. Apesar do rodado duplo na traseira e o comprimento maior, seu ângulo de esterço se mostrou o suficiente para as manobras. Mas estes elementos já eram conhecidos da Transit, então restava avaliar a nova transmissão automática.
Uma característica marcante deste câmbio de 10 marchas é a suavidade de operação. Mesmo trocando entre as posições Drive e Ré rapidamente, não passou solavancos no engate. Na hora de passar as marchas, tem tantas relações à disposição que era rotineiro passar ou reduzir mais de uma marcha por vez, dependendo da aplicação do acelerador.
E em nenhuma dessas seu funcionamento era perceptível. Foi preciso ficar atento ao conta-giros para saber o que estava acontecendo. A grande quantidade de marchas também garante que o motor esteja operando sempre em uma relação que aproveita melhor a curva de torque do propulsor. A 120 km/h na Transit furgão, o tacômetro marcava somente 2.250 rpm.
Mas a grande sacada do câmbio automático para a Ford Transit não está somente em números ou nas contas. Trazer essa opção ao mercado também será um alívio para motoristas profissionais que vão economizar cerca de 400 trocas de marcha por hora todos os dias. As contas são da Ford, mas o benefício será de quem está atrás do volante. E, por enquanto, ninguém mais oferece isso.
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