Há tempos que não vemos uma nova marca investir tão pesado no Brasil. A Great Wall Motor, ou GWM, comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para produzir a partir de 2024, contratou executivos e outros profissionais de diversas montadoras e outras empresas ligadas ao setor e ganhou o direito a ter produtos exclusivos para nosso mercado diante da sua matriz.
O GWM Haval H6 GT é um deles. Em nenhum outro lugar do mundo o SUV-cupê tem conjunto híbrido como o nosso, além de acerto específico em suspensão e direção, por exemplo, e outros detalhes visuais. Conhecemos o Haval H6 GT em Interlagos em um rápido contato e, ao menos por enquanto, é bem positivo.
O segundo modelo da GWM no Brasil é baseado no primeiro, o Haval H6. A grande diferença do H6 GT é o caimento cupê da traseira. Com seus 4.727 mm, é 44 mm maior que o H6 normal. Largura (1.886 mm), altura (1.729 mm) e entre-eixos (2.738 mm) são praticamente os mesmos entre os dois SUVs.
Também compartilham o conjunto híbrido. O Haval H6 GT vendido no Brasil é o único no mundo a usar este pacote - em outros mercados, tem o 2.0 turbo de 204 cv e 32,6 kgfm de torque com tração integral, apenas. Une o 1.5 turbo a dois motores elétricos, um em cada eixo, para um total de 393 cv e 77,7 kgfm. A GWM ainda não divulgou os números individuais de cada motor do conjunto, mas sabemos que o 1.5 turbo tem injeção direta de gasolina e está sendo trabalhado para ser flex em 2024.
O conjunto híbrido é alimentado pela bateria de 34 kWh (nominal) com capacidade de recarga tanto em AC quando DC, algo incomum entre os híbridos. Em AC, chega a 6,6 kW, enquanto DC vai aos 48 kW, demorando de 5 horas para ir de 0 a 100% a 29 minutos de 10 a 80%, dependendo do carregador e sua potência. A autonomia declarada, pelo NBR, é de 170 km em modo elétrico, ou consumo de 27,4 km/litro na cidade e 25,2 km/litro na estrada, com gasolina.
Seu visual é bem mais descolado. A dianteira exibe um parachoque com entradas de ar maiores, uma grade colmeia em preto brilhante e gosta de usar a imitação de fibra-de-carbono em diversos pontos. O caimento do teto vem a partir da coluna C, permitindo usar as portas do H6 normal, apesar dos apliques laterais maiores e mais destacados. As rodas de 19" vestem pneus Michelin 235/55.
A GWM começará a produção no Brasil em meados de 2024. Por enquanto, são produtos importados da China prontos, com as mudanças feitas para o mercado brasileiro, um dos principais para a matriz, segundo Oswaldo Ramos, COO da GWM Brasil. A construção é boa, assim como montagem de acabamentos, algo que não encontrávamos em chineses não faz muito tempo.
Por dentro, uma mistura de materiais com bom gosto. A imitação de fibra-de-carbono está nos bancos e nos painéis, assim como material suave ao toque e parte em preto brilhante e prata. As duas telas, de 10" para o painel de instrumentos e de 12" para sistema multimídia com espelhamento sem fios, tem boa resolução e layout amigável, além de completamente em português.
O espaço interno também merece destaque. Na traseira, piso plano e as duas saídas de ar e mais duas portas USB dão um bom nível de conforto aos ocupantes, além de bom espaço para pernas e ombros. O caimento cupê começando na coluna C não prejudica o espaço para cabeça mesmo para os mais altos, que também conseguem conviver com o teto-solar panorâmico. Na dianteira, bancos confortáveis e de bom tamanho, como o console central alto dividindo as duas áreas.
Duas voltas no Autódromo de Interlagos não são suficiente para ver quais as qualidades (e defeitos) do Haval H6 GT, mas nos dá uma boa noção da força do SUV de mais de 2 toneladas. De fato, com a ajuda dos motores elétricos e sua força imediata faz o H6 GT arrancar forte. A suspensão com ajuste um pouco mais esportivo que o H6 segura o GT nas curvas.
Tem uma ajuda do peso das baterias no assoalho para reduzir melhorar o equilíbrio do H6 GT. Tem a rolagem esperada para um SUV desse porte e um comportamento neutro nas curvas. Não chegamos a abusar ou algum limite na pista, mas sua proposta principal será fora das pistas e essa é a maior dúvida: o comportamento do conjunto no dia a dia e nos buracos do piso brasileiro. Isso veremos em um teste completo.
A GWM ainda não divulgou o preço do H6 GT. É bem equipado, com sistemas ativos de segurança e condução, seletor de modos de condução, câmera para leitora facial do motorista, sistema de som com subwoofer JBL e outros equipamentos. Segundo a marca, não querem chegar aos premium, mas atuar perto do Jeep, Toyota e Volkswagen. Podemos esperar algo pouco acima dos R$ 300 mil pelo seu topo de linha.
Por enquanto, o Haval H6 GT tem boas qualidades e, se o preço é o que prometem, será competitivo. A marca ainda terá modelos abaixo dele, principalmente quando nacionalizar a produção, mas começa com uma proposta moderna de compra (e assinatura) e bons modelos, como o H6 GT.
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