Motor1Numbers: a ascensão e queda dos tipos de carros pelo mundo

Desde 2003, a proporção de carros "pequenos" vem diminuindo. No Brasil, a mudança vem pelos SUVs e agora com as picapes

Evolução dos tipos de carros pelo mundo nos últimos 20 anos Evolução dos tipos de carros pelo mundo nos últimos 20 anos

Que tipo de carros os consumidores compraram há 30, 20, 10 anos? Aos poucos, estamos começando a obter resultados para todo o ano de 2023. Enquanto aguardamos o panorama global (algumas áreas importantes, como a China e os EUA, ainda não enviaram seus dados), já há resultados interessantes de outros mercados importantes como Brasil, Itália, França, Espanha e Reino Unido.

Os insights a seguir correspondem à evolução dos novos emplacamentos de carros de passeio por tipo de carroceria de acordo com a JATO (e veículos comerciais leves no caso do Brasil) para os anos de 1993, 2003, 2013 e 2023.

Picapes pequenas no Brasil

As grandes mudanças são globais e, ao menos em termos de carrocerias, levemente diferentes. O Brasil é o maior mercado da América Latina e o lar dos veículos pequenos. Em 2003, os hatchbacks compactos dominaram com uma participação de mercado de 51%. Eles eram seguidos por sedãs (19%) e sub-compactos (9%). Em 2013, os hatchbacks ainda lideravam, mas sua participação de mercado caiu para 39%, enquanto os SUVs e as picapes ficaram em segundo e terceiro lugares, com 24% e 12%, respectivamente.

No ano passado, mais de um terço dos novos emplacamentos de veículos de passeio e comerciais leves eram SUVs, enquanto a participação dos compactos passaram a 22%, apenas três pontos a mais do que a participação de mercado das picapes.

 Império dos SUVs

A primeira tendência perceptível nos últimos 30 anos é o aumento da participação dos SUVs. Na Itália, esses veículos mal existiam em 1993, com uma participação de mercado de 1%. Naquela época, seus registros totalizavam 19.700 unidades. Dez anos depois, esse volume aumentou quase seis vezes, chegando a 110.300 unidades.

Então, em 2013, os registros de SUVs chegaram a 232.000 unidades. No ano passado, eles foram responsáveis por 55% dos emplacamentos de carros novos na Itália, com 868.000 unidades.

O impressionante crescimento da participação dos SUVs ocorreu à custa de menos carros pequenos. Tradicionalmente, a Itália tem sido um grande mercado para carros pequenos, mas a situação está mudando drasticamente. Em 1993, esses carros foram responsáveis por 59% dos registros, com 1 milhão de unidades. A participação no mercado caiu para 51% em 2003 e 40% em 2013. No ano passado, os carros pequenos foram responsáveis por 24% dos registros de carros novos.

O mesmo se aplica ao Reino Unido, à França e à Espanha. Entre 1993 e 2023, a participação dos SUVs aumentou de 3% para 58%, de 1% para 47% e de 6% para 60%, respectivamente.

O aumento e o declínio dos MPVs

Enquanto isso, a demanda por minivans e vans apresentou uma tendência interessante. Em 1993, elas não eram um tipo de carroceria popular, pois a maior parte da oferta era composta por vans quadradas e pouco atraentes. Na melhor das hipóteses, sua participação no mercado francês era de 3%. No final da década de 1990, eles se tornaram um veículo da moda depois que os fabricantes de automóveis franceses lançaram o Renault Scenic e o Citroën Xsara Picasso. Em 2003, sua participação no mercado subiu para 11% na Espanha, 20% na França, 10% no Reino Unido e 11% na Itália.

O crescimento foi interrompido quando os SUVs entraram no mercado no final dos anos 2000 e depois declinou. No ano passado, esses veículos atingiram uma participação de 2% na Espanha, França e Itália, e apenas 1% no Reino Unido.

O autor do artigo, Felipe Munoz, é Especialista em Indústria Automotiva da JATO Dynamics.

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