Durante a apresentação da picape Shark no México, a BYD confirmou que está no processo final para escolher a cidade onde irá erguer sua primeira fábrica no país. A notícia é preocupante para os Estados Unidos e, coincidência ou não, o governo norte-americano sugeriu a criação de “penalidades adicionais” para fabricantes chinesas que produzirem no México, para evitar que não paguem o novo imposto de importação de 100% anunciado recentemente.

Esta ideia foi revelada por Katherine Tai, Representante do Comércio dos Estados Unidos, durante uma coletiva realizada na última terça-feira (14) para falar sobre as novas tarifas. De acordo com a agência Associated Press, Tai disse que está conversando com a indústria, parceiros e trabalhadores locais sobre a suposta tentativa da China de vender carros produzidos no México nos EUA.

O que está por trás dessa preocupação é o acordo comercial entre EUA e México, que permite que os modelos feitos no país latino cheguem ao seu vizinho no norte (e também ao Canadá) sem pagar impostos de importação. Isto seria uma brecha que poderia ser usada pela China para conseguir colocar seus carros nos Estados Unidos, escapando da nova barreira de 100% de imposto anunciada recentemente.

O tema já tem preocupado nos EUA há alguns meses, desde os primeiros rumores de que a BYD estudava erguer uma fábrica no México. Segundo a agência Reuters, a Casa Branca estaria pressionado os mexicanos a suspender os incentivos para fabricantes chinesas. Por sua vez, o governo mexicano teria dito à BYD que não daria incentivos e suspendeu reuniões com todas as fabricantes chinesas.

BYD Shark

Isto não parece ter assustado a BYD, que está seguindo em frente com os planos. Ao site Automotive Business, Jorge Vallejo, diretor-geral da fabricante no México, disse que a decisão será tomada até o terceiro trimestre deste ano. A lista inicial contava com 22 cidades e foi reduzida para as três finalistas, que estão em um estágio de “avaliação final”.

Enquanto os EUA discutem uma forma de restringir os carros chineses feitos no México, a BYD não está preocupada. A fabricante reiterou o que havia declarado anteriormente, de que a fábrica mexicana irá atender somente o mercado local, sem se preocupar com exportação. O plano é montar 150 mil veículos por ano na primeira fase, o mesmo que a futura fábrica em Camaçari (BA). Além disso, caso preciso exportar, pode olhar para os demais mercados na América Latina.

A BYD não é a única de olho no México. A Omoda/Jaecoo, da Chery, também está procurando por um local no país para erguer uma fábrica, porém o plano é exportar para toda a região, focando na América Central. É uma estratégia semelhante ao que a empresa quer aplicar no Brasil, onde montará veículos para a América do Sul.

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