Seja pela mudança no gosto dos brasileiros, pela nova estratégia da própria marca ou uma consequência da falta de componentes, a verdade é que 2021 foi bem incomum na quantidade de carros que saíram de linha. Antes mesmo de chegar ao 2º semestre, a lista já tinha mais de 10 veículos e só aumentou com o passar dos meses.
Cada fabricante tem um caso diferente para contar. Um exemplo é a Ford, que encerrou a produção nacional, matando três modelos (sem contar a Troller). Outra que fez algo extremo foi a Citroën, que atualmente tem apenas um veículo de passeio sendo vendido em suas concessionárias – embora prometa o novo C3 para o ano que vem.
Agora que o ano acabou de vez, vamos lembrar todos os carros que saíram de linha em 2021. Deixamos de fora as versões que perderam um motor ou transmissão, como Chevrolet Tracker manual ou Volkswagen Jetta 1.4. Também não incluímos modelos que já esperam por uma nova versão para o ano que vem, como é o caso do Honda Civic ou Volkswagen Tiguan.
Um dos primeiros carros que a Caoa Chery lançou no Brasil desde que o Grupo Caoa assumiu a operação brasileira da marca chinesa, o Arrizo 5 nunca encontrou seu espaço nas concessionárias, ficando longe de enfrentar modelos como Chevrolet Onix Plus, Honda City, Toyota Yaris ou Volkswagen Virtus, emplacando menos de 500 unidades em 2021. Os clientes acabavam pagando mais e levando o Arrizo 6, maior e mais equipado. Embora ainda esteja no site, a empresa já confirmou o seu fim, vendendo as últimas unidades remanescentes no estoque.
A Chevrolet Montana voltará em 2022, mas será uma picape bem diferente da que conhecemos. A caminhonete deixará de ser um modelo compacto, crescendo um pouco para enfrentar a Fiat Toro no degrau mais acima, ao invés de continuar a brigar com a Strada. E finalmente enterra a plataforma que foi do primeiro Corsa. Sobreviveu mais do que deveria, tanto que emplacou somente 6.654 unidades ao longo de 2020, enquanto a Fiat Strada, líder da categoria, fechou o ano com 80.030 unidades.
Praticamente aos 45 minutos do 2º tempo, a GM confirmou que encerrará as vendas da linha Joy no Brasil. A primeira geração do Chevrolet Onix foi mantida nas lojas com o nome Joy, enquanto o Prisma mudou o nome para Joy Plus (imitando a estratégia usada com o Onix Plus) e tinha um foco nas vendas diretas. No entanto, a Chevrolet se afastou desta modalidade e os clientes já migraram naturalmente para a segunda geração do Onix, mais equipada, econômica e que custava pouca coisa a mais.
Um dos carros que a Citroën fazia em Porto Real (RJ), o Aircross perdeu muito espaço após a chegada do C4 Cactus, que atendia quem procurava um crossover da marca francesa. Além de ser um produto mais antigo, o Aircross ainda tinha um estilo um pouco polêmico, como o estepe pendurado na tampa do porta-malas ou a carroceria mais alta. Começou a desaparecer e emplacou somente 233 unidades nos três primeiros meses de 2021, antes da marca confirmar o fim da linha para o utilitário. Ao contrário do C3, que parou de ser feito na mesma época mas receberá uma nova geração agora no início de 2022, o Aircross tem poucas chances de retornar.
Os indícios do fim do Citroën C4 Lounge começaram a aparecer em setembro de 2020, quando sumiu do site da marca por diversos meses. Até retornou depois, mas só para dar adeus, pois a Citroën o incluiu na lista de modelos a sair de linha em 2021 e inclusive já parou de fazer o sedã médio na Argentina.
Um dos carros mais antigos ainda em produção no Brasil, o monovolume estreou em 2002, fazendo sucesso como uma das poucas opções de carros com 7 lugares no mercado, além da versão furgão. Acabou deixado um pouco de lado pela Fiat com o passar do tempo, recebendo uma reestilização mais profunda enquanto a Europa recebia a segunda geração. Desde 2016, teve sua oferta reduzida para apenas uma motorização, com o 1.8 E.torQ. Conforme mais SUVs chegaram ao mercado, acabou perdendo seu espaço, emplacando apenas 5.300 unidades em longo de 2021.
Segunda geração do sedã do Fiat Palio, o Grand Siena foi lançado em 2012, usando um pouco das linhas do hatchback e compartilhando o interior e os motores. Estreou com os motores 1.0, 1.4. e 1.6, perdendo este último quando o Cronos iniciou sua carreira. Assim como foi com o Argo, que substituiu o Palio, o Grand Siena foi perdendo espaço para o Cronos, sobrevivendo em versão única para atender as vendas diretas. Ainda aguentou mais tempo do que o Palio Fire, que saiu de linha em 2018 no Brasil, pois ainda tinha um bom volume de vendas.
No início de 2021, a Fiat dizia que ainda estava discutindo internamente qual seria o futuro do Uno, se teria uma nova geração ou se seria o seu fim. Acabou decidindo encerrar a carreira do hatch compacto no Brasil, montando as últimas unidades como parte da série especial Ciao. Não é uma surpresa, pois acabou espremido entre o Mobi (bem menor, mas mais barato) e o Argo (maior e que não custava muito mais).
Com a decisão de fechar as fábricas no país, chegou ao fim a história do SUV compacto que, não só criou o segmento no Brasil, como o dominou durante anos. O Ford EcoSport até deveria ter tido uma nova geração, que estava em desenvolvimento, mas a ordem da matriz para encerrar a produção nacional acabou com o projeto e o carro dará adeus até mesmo no mercado global ao longo de 2022.
Não foram só os Ford nacionais que se deram mal em 2021. A fabricante também encerrou a importação do Edge ST, antecipando o fim do modelo (rumores já apontam que não será mais produzido em breve). Feito no Canadá, o SUV com pegada esportiva chegava ao país com um preço muito alto, custando cerca de R$ 350 mil antes de deixar de ser vendido. A falta de semicondutores fez com que a Ford desistisse do utilitário um pouco antes do esperado.
Um dos nomes que definiam a Ford no Brasil, a linha do Ka havia sido renovada em 2018, recebendo a esperada versão com câmbio automático combinado ao motor 1.5 e uma inédita variante aventureira. Durou quase três anos no mercado, até a decisão da Ford de não fazer mais carros em território brasileiro. Assim como foi o caso do EcoSport, é um carro que acabou saindo até dos planos globais da marca, preparando-se para encerrar a produção em breve em outros mercados como Índia.
O Honda Civic está em um momento bem delicado. A produção nacional em Sumaré (SP) foi encerrada agora em dezembro, enquanto o esportivo Civic Si deixou de ser importado em fevereiro. Porém, a fabricante já testa a nova geração do sedã médio por aqui e confirmou que continuará a oferecê-lo nas lojas, agora importado. Por outro lado, ainda não se sabe se o Civic Si tem chances de retornar e, se isso acontecer, só devemos vê-lo no Brasil em 2023.
Durante anos, o Honda Fit foi o carro de entrada da marca japonesa no Brasil e com muito sucesso. Trouxe novos clientes para a marca, por sua versatilidade e mecânica confiável. Apesar de ter recebido sua quarta geração na Europa e Japão, a fabricante mudou a estratégia nos países emergentes. O novo Fit ficou mais caro para produzir, então veio a ideia de criar uma versão global do City Hatch, aproveitando mais peças do sedã e que pudesse atender também ao público que torcia o nariz para a carroceria monovolume. A produção em Itirapina (SP) foi encerrada agora em dezembro e o City Hatch desembarcará nas lojas no início de 2022.
Foram 20 anos de espera para o Kia Rio chegar ao Brasil desde a primeira promessa de que seria vendido aqui. Finalmente chegou em janeiro de 2020 e, perto de completar dois anos, já deu adeus ao nosso mercado. Vinha importado do México em duas versões, posteriormente reduzindo a oferta para somente uma configuração.
Porém, envelheceu apenas alguns meses depois, quando a reestilização foi revelada no mercado global. Para piorar, a cotação do dólar disparou e já não tinha mais como disputar neste segmento. Assim, o Grupo Gandini, representante oficial da Kia no país, optou por “suspender” a importação do carro, mas sem previsão de retomar as vendas.
Um dos SUVs mais famosos do Brasil, o Mitsubishi ASX também deu adeus ao mercado, de certa forma. O modelo sobrevive com um visual renovado e o nome Outlander Sport, mas a versão anterior, que continuava nas lojas junto com seu sucessor, acabou encerrando a carreira em novembro, após 11 anos desde o lançamento por aqui, primeiro importado do Japão e depois montado em Catalão (GO).
Outro clássico da Mitsubishi era o Pajero Full, utilitário que foi o carro mais antigo da marca ainda disponível no Brasil – esta geração era comercializada desde 2007! Ao contrário do que aconteceu com o ASX, o Pajero teve uma despedida, recebendo uma edição especial chamada Legend, com 100 unidades. Por outro lado, o ASX “sobrevive” como Outlander Sport, enquanto o utilitário de porte grande sai de cena sem deixar um sucessor direto.
Quando a Nissan trouxe a nova geração do Versa, importada do México, decidiu manter o modelo antigo em produção em Resende (RJ), mudando seu nome para V-Drive. A velha estratégia de manter duas gerações do mesmo carro nas concessionárias não durou muito tempo neste caso, pois a fabricante nipônica acabou optando pelo fim da fabricação do carro após um ano, aumentando a capacidade de produção do Kicks no mesmo complexo, que vendia mais e gerava mais lucro.
Esportivos acessíveis são raros no Brasil e ainda perdemos a opção mais barata. O Renault Sandero RS já não é mais feito em São José dos Pinhais (PR), despedindo-se com uma série especial de 100 unidades, com o kit “Finale”. Ao invés de enfeitar o carro, a Renault decidiu que este kit seria algo para que o cliente pudesse lembrar da história do hatch, com boné, carteira, chaveiro e até um pôster que tem o desenho técnico do carro. Foram feitas 4.600 unidades durante os seis anos desde o lançamento, todas com o 2.0 aspirado de 150 cv.
Hatch com jeitão de SUV, o Suzuki S-Cross era um dos carros que simbolizava bem o DNA da marca: um design sóbrio e um ótimo conjunto mecânico. Nunca foi um sucesso de vendas, sempre bem abaixo do desempenho comercial do Jimny, mas ainda é possível ver alguns pelas ruas. A divisão brasileira da marca encerrou a importação em outubro, decisão tomada pela dificuldade da Suzuki em produzir carros durante a falta de semicondutores e também pela troca de geração do S-Cross, que agora abraçou de vez a ideia de ser um SUV. Até agora, nada é dito sobre seu retorno.
Praticamente o S-Cross com um visual mais urbano, o Vitara tinha uma situação semelhante. Apesar de competente com seu motor 1.4 turbo de 146 cv, tinha vendas bem modestas. Sem conseguir produzir unidades o suficiente no Japão, pela escassez de chips e outros componentes, não havia como continuar importando o veículo neste momento e ele deu um adeus silêncioso ao Brasil.
Quando foi lançado, o Toyota Etios não fez muito sucesso. Seu novo posicionamento de preço e a reestilização ajudou a fazer com que começasse a agradar os clientes e, aos poucos, foi subindo nas vendas. Só que a chegada do Yaris acabou matando o hatch menor, canibalizando as vendas por ser um produto mais equipado e com um visual menos polêmico. Ainda é feito em Sorocaba (SP), porém somente para exportação.
Outra vítima do fim da produção nacional da Ford foi a Troller. A marca brasileira foi adquirida em 2007 e montava o jipe T4 em Horizonte (CE). O caso é ainda pior, pois toda a Troller acabou morrendo, visto que o T4 era o único modelo existente e a Ford se negou a vender a marca para alguns interessados.
Após anos de rumores sobre seu fim, o Volkswagen Fox finalmente deixou de ser produzido, mesmo quando ainda tinha uma boa procura nas lojas, mesmo que fosse vendido com apenas o motor 1.6 de 101 cv e em duas versões. A VW ainda fez um esforço e foi atualizando o carro com mais equipamentos (alguns obrigatórios como o cinto de segurança central de três pontos. Como a Volkswagen está tirando de linha o 1.6 8V, por causa do Proconve L7, o Fox não tinha como sobreviver por mais tempo.
Com a promessa de ser o “Fusca do Século XXI”, o Up! estreou em um momento que a Europa apostava muito nos subcompactos com motores de três cilindros, para atender às reduções nas emissões de poluentes. Logo a fabricante resolveu trazê-lo ao país para substituir o Gol G4 como seu carro de entrada, o que não deu muito certo. Além de ser menor do que o Gol, era caro de produzir, então a VW o reposicionou como um modelo mais descolado na mesma época em que recebeu o 1.0 TSI que fez a sua fama. Só que este motor foi parar em mais carros, como o Polo, levando sua única vantagem.
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