Poucos carros genuinamente brasileiros são tão interessantes como o Puma Espartano. Surgiu no final dos anos 1960, época em que as competições automobilistas ganhavam espaço e revelavam muitos talentos. Imagine transformar um carro esportivo, desejado, de apelo jovial, em um modelo de corrida. Assim era o Puma.
Feito pela própria fábrica, tinha carroceria de fibra mais fina para aliviar o peso e algumas melhorias aerodinâmicas como essa máquina do tempo mostrada no último Auto Show Collection de 2019.
Se por fora ele se destaca pela persiana de fibra e pela tampa do motor mais ampla, além das fendas para entrada de ar que refrigeram os freios a disco nas quatro rodas, por dentro ele é despojado ao extremo.
Sem carpete, sem forros de porta e com bancos em fibra, revestidos em couro, o Puma das imagens é o projeto de um entusiasta. Felipe Nicoliello viveu a alma da linha Puma, presidiu o Puma Clube de São Paulo, e era um profundo conhecedor do felino brasileiro. Nos deixou em agosto de 2017.
Certa vez, apresentando o Auto Show Collection, no sambódromo, eu disse que o Puma era fabricado artesanalmente e por Nicoliello fui corrigido: “a produção não era mecanizada mas esse carro tinha uma linha de produção de verdade. Não era artesanal”, ensinou.
Nicoliello viveu esse sonho do Puma Espartano mas não conseguiu concluir seu projeto. Assumido pelo clube, o carro teve a restauração conduzida por João Sergio Ferreroni Junior. O cuidado em reproduzir o Puma Espartano a tempo de mostrá-lo no sambódromo, está em cada detalhe. Eliane Weigand, diretora do Puma Clube, esteve perto desse projeto e também dos eventos do sambódromo. Agora o clube irá cuidar do esportivo como merece, nas mãos de quem mais aprecia os modelos da Puma.
O volante de Porsche Carrera, o motor 1.600 Speed de aproximadamente 90 cv tem ronco que entusiasma. O escapamento é específico do carro, bem como o som do motor boxer alimentado por dois carburadores Weber 40. É a música que soa das pistas. O cuidado chega a malha náutica que reveste o chicote e fios elétricos para evitar curto-circuito.
A carroceria é do final dos anos 1960, e o carro reproduz os modelos que eram protagonistas dos autódromos no início dos anos 1970. Estima-se que a Puma produziu de dez a doze unidades do Espartano. O primeiro foi o #48 da equipe MM, com o piloto Angi Munhoz.
Certamente o Puma Espartano está longe de reproduzir a segurança dos modelos de competição de hoje em dia. É um carro raiz, revivendo os bons tempos de grandes pilotos e da época de ouro do esporte a motor.
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