Apesar do Polo ser o Volkswagen mais vendido no Brasil, o T-Cross tem um papel bem importante. Além de ser o segundo mais vendido da marca (tanto no acumulado até maio de 2024 quanto 2023 por completo), o lucro por unidade emplacada do SUV compacto é maior do que o do hatch, algo normal entre os dois segmentos. E se o carro dá dinheiro, ele precisa de investimento para continuar assim. 

O VW T-Cross 2025 recebeu um visual mais alinhado ao carro europeu, a esperada lanterna em LEDs interligada entre os lados e um interior com acabamento (um pouco) melhorado. Esta é a versão Highline com todos os opcionais, algo que o joga acima dos R$ 190 mil e já vira concorrente de SUVs médios em valores, mas a única com o conjunto 250TSI, o 1.4 turbo e câmbio automático de 6 marchas.

Abrindo espaço a um irmão menor

Todas as versões do T-Cross 2025 tem os faróis em LEDs e itens como piloto automático adaptativo e frenagem automática. Isso mostra como a marca quer posicionar o novo T-Cross em uma faixa acima - isso deve acontecer também com o Nivus, já esperando o futuro SUV menor produzido em Taubaté (SP). No T-Cross Highline, perdeu os faróis em LEDs com projetores (opcionais), mais eficientes que o sistema por espelhos. 

Na dianteira, o parachoque simula um peito-de-aço e, nas extremidades, trocou os faróis de neblina por entradas (falsas) de ar. A grade tem o mesmo formato anterior, mas um novo estilo interno com uma separação que vai de farol a farol e não é iluminada. Os faróis, como já dito, são em LEDs por espelho, com luzes diurnas e setas integradas. Na traseira, um falso protetor no parachoque e as lanternas em LEDs do T-Cross europeu que, atendendo pedidos, estão interligadas por um feixe iluminado. Tá na moda, né... 

Por dentro, a faixa central é o que mais muda. As saídas de ar laterais têm um novo formato, menores. Na versão Highline, uma faixa suave ao toque que imita fibra de carbono acompanha a pintura cinza. A multimídia VW Play mantém as 10,1" e recebeu uma nova moldura, mais destacada no painel. Nas portas, como no Polo e Virtus, uma área maior de tecido, mesmo que os bancos sejam couro. Volante, manopla e comandos do ar-condicionado já foram colocados nos últimos tempos no T-Cross. 

Visualmente, o T-Cross 2025 passa uma sensação mais refinada, principalmente por dentro. Ainda usa bastante plástico rígido, mas o visual atualizado e alguns novos materiais vão ao encontro de um ponto de crítica do SUV compacto. Não se destaca dentro do segmento, mas não tem como o posicionar como um carro ruim nessa parte, já que há concorrentes inferiores. Tem boa montagem e acabamentos sem rebarbas - algo que o Polo ainda apresenta, por exemplo.

As novidades de ontem

Não há mudanças ao volante do T-Cross 2025. O 1.4 turbo segue o mesmo conhecido, com 150 cv e 25,5 kgfm de torque, assim como seu par, o câmbio automático de 6 marchas, assim como o restante do SUV, como suspensão e direção. Aliás, foi até bom a marca não mexer nessa parte do T-Cross Highline, já que sempre o destacou entre os concorrentes até mais potentes. 

É um conjunto equilibrado. O modo Eco deixa as respostas um pouco lentas, já que quase sempre irá usar a segunda marcha para arrancar e fica ainda mais claro o turbolag com a programação focada em economia de combustível, mas ainda é melhor que um SUV 1.0 turbo em respostas. Um modo intermediário (Normal) reduz bastante isso sem chegar a uma configuração Sport, que atua nas respostas do motor e transmissão. 

Já que estamos falando de consumo, o T-Cross registrou 8,6 km/litro na cidade e 13,8 km/litro na estrada, ambos com etanol. São números um pouco melhores que o anterior (8,4 e 12 km/litro, respectivamente) que podem ser colocados na conta de ajustes comuns na vida de um modelo, principalmente eletrônicos. Nenhuma mudança visual teria efeito na aerodinâmica para isso - aliás, o T-Cross cresceu 19 mm no comprimento pelos novos parachoques. 

O lado bom é que o SUV segue um carro bom dinamicamente. A posição de dirigir é similar dos demais modelos da base MQB-A0, alinhada ao volante e relativamente baixa e menos sentada que outros carros do segmento. A suspensão tem um acerto um pouco mais firme, que não chega a prejudicar conforto e segura a rolagem da carroceria mesmo se exigir mais em curvas fechadas, com o importante auxilio do vetorizador de torque, que distribui a tração na roda de dentro. 

No modo Sport, o acelerador fica mais responsivo e a transmissão estica mais as trocas de marcha, apesar do 1.4 turbo não ter fôlego além do pico de potência a 5.000 rpm, algo normal em motores dessa geração. A direção ganha um pouco mais de peso, mas pouco afeta na prática. No teste, os 9,1 segundos no 0 a 100 km/h é praticamente o mesmo do anterior, assim como as retomadas, e mostra em números a sensação de um carro ágil para o uso tanto na cidade quanto na estrada. 

Preço de SUV médio em um compacto completo?

O T-Cross tem um bom espaço interno. Para o banco traseiro, há saídas de ar-condicionado e portas USB-C para recarga de smartphones e, no porta-malas, capacidade para 373 litros - que chega a 420 litros com o encosto do banco em posição mais reta, um sistema que o T-Cross tem desde seu lançamento. Então um comprador com família está bem atendido neste quesito e por isso acaba brigando também com SUVs médios.

Como uma versão topo, o T-Cross Highline custa iniciais R$ 175.990. Já vem com painel com tela de 10,1", sistema multimídia VW Play e assistentes como alerta de colisão com frenagem automática e piloto automático adaptativo. Chega aos R$ 186.840 com teto-solar panorâmico e pacote ADAS (assistente de faixa, assistente de estacionamento automático e alerta de ponto-cego), um preço alto por um compacto, mas que não foge de concorrentes diretos, como Hyundai Creta Ultimate, Jeep Renegade S ou Honda HR-V Touring. 

São preços que concorrem já com SUVs médios, como Toyota Corolla Cross, Jeep Compass ou o irmão, VW Taos, em versões de entrada com bons pacote de equipamentos, mas não tão quanto o T-Cross Highine e seus opcionais. No mercado, há o comprador que prefere uma lista mais cheia do que porte, mas não abre mão do espaço interno. As mudanças do T-Cross 2025 até colocam mais fogo nessa briga. Para a Volkswagen, essa atualização é ainda mais importante para um de seus produtos mais rentáveis. 

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

VW T-Cross 250TSI

Motor dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.395 cm3, duplo comando de válvulas com variador na admissão e escape, injeção direta, turbo, flex
Potência e torque 150 cv a 5.000 rpm; 25,5 kgfm de 1.500 a 4.000 rpm
Transmissão câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira
Suspensão McPherson dianteira e eixo de torção na traseira; rodas de 17" com pneus 205/55
Comprimento e entre-eixos 4.218 mm; 2.651 mm
Largura 1.760 mm
Altura 1.575 mm
Peso 1.305 kg em ordem de marcha
Capacidades tanque 49 litros, porta-malas 373 a 420 litros
Preço de entrada R$ 175.990 (Highline)
Preço como testado R$ 186.840 (s/Pacote Black)
Aceleração 0 a 60 km/h: 4,2 s; 0 a 80 km/h: 6,2 s; 0 a 100 km/h: 9,1 s
Retomada 40 a 100 km/h (em S): 6,6 s; 80 a 120 km/h (em S): 5,7 s
Consumo de combustível cidade: 8,6 km/litro; estrada: 13,8 km/litro (etanol)
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