Teste Renault Duster Iconic Plus 2024: Promovido por tempo de carreira
Sem Captur e com Kardian, pequenas mudanças foram necessárias para a nova fase do SUV
Já parou para pensar que o Renault Duster é o SUV compacto mais antigo do nosso mercado? Sem o Ford EcoSport, é um veterano que trocou de geração em 2020 e verá um novo cenário neste ano. Sem Captur e com a chegada do Kardian, foi promovido a SUV topo da marca no Brasil, ao menos enquanto não chegam os novos médios ainda este ano.
Mas não foi só ter um novo cargo. Recebeu mais equipamentos e pequenas mudanças no visual, mantendo o motor 1.3 turbo nesta versão topo, Iconic, e o 1.6 aspirado nas demais, com câmbio manual ou CVT. Até onde isso é bom e destaca o Renault Duster 2024 em um segmento que mudou tanto nos últimos anos?
Uma peça aqui, outra ali
Ainda não temos a nova geração do Duster, recentemente mostrado na Europa. Mas a Renault foi buscar no Dacia Duster europeu, antes dessa nova geração, os faróis e lanternas em LEDs para dar o maior efeito da mudança visual do nosso SUV. A grade mudou um pouco e, nesta versão, tem um detalhe laranja com o escrito Iconic. As lâmpadas dos faróis de neblina e, com o pacote Outsider, dos faróis de longa distância, são halógenas. Na traseira, apenas as novas lanternas, já citadas.
Nas ruas, essa pequena mudança já trouxe ao menos uma percepção de novidade ao Duster. Dá para reconhecer que tem algo novo, ajudado muito pelas novas rodas de 17" com acabamento diamantado escuro. Seu visual ainda é mais robusto e menos urbano que dos SUVs compactos que foram aparecendo com o tempo.
Por dentro, o Duster já tinha recebido uma nova central multimídia com tela de 8" e espelhamentos sem fios, e agora tem novo grafismo no painel de instrumentos e um console central mais alto, com carregador por indução e duas portas USB para o banco traseiro - peças também vindas do Duster europeu. Os tão esperados 6 airbags também finalmente chegaram, junto com o sensor de chuva. Estamos diante mais de uma mudança de ano/modelo que reestilização em si, mas bem efetiva.
Só que o Duster segue com um ponto forte que o marca desde seu nascimento. Classificado como SUV compacto, é um dos maiores do segmento, com 4.376 mm de comprimento, sendo 2.673 mm entre os eixos, tem quase o tamanho do Jeep Compass (4.404 mm; 2.636 mm), um SUV médio, e o SUV compacto que mais se aproximou dele foi o Citroën C3 Aircross, com 4.320 mm de comprimento e 2.675 mm de entre-eixos, apresentado recentemente inclusive com a opção de sete lugares.
Isso dá ao Duster um amplo espaço interno. No banco traseiro é bom, com boa largura para os ombros, mas não há saídas de ar-condicionado, uma falha em um carro com essa proposta. Acomoda bem os ocupantes e acaba sendo uma opção para as famílias com filhos maiores, inclusive pelos 475 litros de porta-malas - o Compass tem 410 e o C3 Aircross, 493 litros. Para quem procura este espaço, é difícil bater o veterano Duster mesmo a cada lançamento que aparece.
O que nasceu simples melhorou com o tempo
O Duster nasceu de um projeto para ser barato, como o Sandero e Logan. A primeira geração era muito clara nisso, mas esta mudou muito e, desde 2020, destacamos o quanto melhorou e deixou até mesmo o Captur para trás e como torcíamos para a Oroch se inspirar mais neste Duster.
Apesar da plataforma B0+, com algumas evoluções, pouco veio do Duster anterior. Por muito tempo, nos questionamos quando a Renault teria um modelo melhor que ele produzido no Brasil, que chegou só agora com o Kardian, um SUV menor na nova plataforma do grupo Renault, já que nem Captur ou a picape Oroch chegaram no que é seu irmão.
O Renault Duster se destaca até hoje pela suspensão. Tem curso longo, o que dá uma altura do solo de 237 mm, acerto voltado ao conforto e um histórico bom de resistência. Não reclama nem nos piores buracos, com a ajuda dos pneus 215/60 R17, e não é aquele SUV compacto que precisa de cuidado para passar por buracos e valetas, algo bem comum no mercado, por incrível que pareça. A direção elétrica não repassa ao motorista as porradas nas rodas, algo comum na geração anterior e sua caixa hidráulica, mas poderia ter mais comunicação em velocidades mais altas. Bom na cidade, leve demais na rodovia, mas foge um pouco da proposta do SUV pedir isso.
A chegada do motor 1.3 turbo em 2022 elevou o patamar (e o preço) do Duster. Disponível apenas na versão topo, tem 162/170 cv e 27,5 kgfm de torque, com um câmbio CVT com simulação de 8 marchas. É bem superior ao 1.6 aspirado das demais e entrega um bom desempenho em baixas rotações e fôlego para encarar viagens carregado.
Nos testes, cravou o 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, com retomadas entre 6 e 7 segundos. Só que não é exatamente econômico, com 6,9 km/litro na cidade e 10,1 km/litro na estrada, com etanol. O desempenho cobrou o preço, mesmo em um motor moderno e desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz, mas lá com algumas tecnologias a mais, como desativação de cilindros.
O câmbio opera de forma suave e, em modo Eco, aproveita as baixas rotações mas, quando fora desse modo, ele privilegia as respostas de um acelerador mais sensível e rotações mais altas. É ágil para o dia a dia e o conjunto está muito bem colocado no Duster, mesmo não sendo uma plataforma tão moderna assim.
Um Duster de R$ 150 mil?
Todas as qualidades do Duster topo de linha cobram um preço relativamente alto. Por R$ 155.890, tem chave presencial com partida por botão, acendimento automático dos faróis, piloto automático, alerta de ponto-cego e bancos em couro. Recebeu is 6 airbags e tem os controles de tração e estabilidade, mas não há itens como um alerta de colisão ou de saída de faixa, algo que seu segmento já carrega em diversos concorrentes.
O veterano está em sua melhor forma. Assume bem a posição dentro da Renault com as novidades sem perder o que tinha de melhor, mas já precisa de atualizações em sua parte de tecnologias, principalmente assistentes de condução pelo valor cobrado, e um refinamento no acabamento. Os tempos mudaram e cobram por isso.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Renault Duster Iconic 1.3T
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