A velocidade e pressa das montadoras chinesas segue o oposto das japoneses e seu conservadorismo e cuidado para qualquer movimentação. Olhe para este Toyota Corolla 2024 das fotos e tente achar as diferenças para o anterior e, provavelmente, muita gente nem sabe que mudou recentemente. Mesmo assim, domina o segmento de sedãs médios e isso não vai mudar tão cedo.

Este é o Toyota Corolla Altis Hybrid Premium 2024, a versão topo do sedã médio eletrificado que custa R$ 198.890. Em resumo, mudou quase nada no visual, mas trouxe novidades que impressionarão quem está dirigindo e manteve suas qualidades, apesar do sistema híbrido já pedir algumas novidades pela concorrência que chegou nesta parte do mercado. No fim das contas, ainda é o Corolla.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024

Nome forte e respeitado

O Toyota Corolla é um dos modelos mais antigos ainda em produção no mundo. Nasceu em 1966, chegou ao Brasil na sexta geração ainda importado do Japão, com produção nacional a partir da sétima em 1998. A 12ª geração é esta, nascida em 2018 no mundo e que chegou por aqui em 2019. Sim, este Corolla é um carro já com seus quase cinco anos de mercado brasileiro e, mesmo assim, não parece perder fôlego.

Aqui entra o conservadorismo da Toyota. Nesse tempo de vida, algumas montadoras já aplicam mudanças mais pesadas em seus carros. Enquanto isso, a Toyota trocou a grade dianteira por uma com formato colmeia, um pouquinho mais jovem, mudou o desenho das rodas de 17" e...só. Identificar um Corolla 2024 nas ruas é difícil, o que também ajuda a não desvalorizar os que já estão nas ruas. Japoneses sendo japoneses.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024

Por outro lado, o Corolla trouxe mudanças mais interessantes e úteis ao interior. Por exemplo, o novo painel de instrumentos em uma tela de 12,3", completa em informações, dá um ar mais moderno ao carro que mudou pouco e, ao seu lado, a central multimídia com tela de 9" chegou com espelhamentos sem fios, Apple CarPlay e Android Auto, e portas USB-C dentro do apoio de braços e duas para os passageiros do banco traseiro, que também vão perceber a chegada das saídas de ar-condicionado. Mudanças úteis, por assim dizer, onde mais nada mudou, nem mesmo qualquer acabamento extra ou novo. 

No demais, o Corolla se mantém o mesmo. O acabamento é bom, melhor que o do Corolla Cross, com bom espaço interno e porta-malas de 470 litros. Com 4.630 mm de comprimento, sendo 2.700 de entre-eixos, vai muito bem para quatro ocupantes - só atenção com a altura das bagagens, já que a abertura e acomodação em altura dos sedãs não é ampla como em SUVs. 

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024

O bom Corolla de sempre

Esta geração do Corolla usa a plataforma TNGA, modular da Toyota e que está sob praticamente todos os modelos mais modernos da casa. Além da própria estrutura de boa construção, o sedã tem suspensão independente na traseira, com multilink, e a eletrificação desde seu lançamento. Dá para falar que o Corolla foi quem mais colocou carros híbridos nas ruas de 2019 pra cá e mostrou como a tecnologia funciona para quem ainda não tinha essa experiência.

Era esperado que a Toyota fizesse algumas mudanças no conjunto híbrido, como mais potência, o que aconteceu no exterior. Como aqui ele é preparado para o uso do etanol, a empresa preferiu deixar como está ao menos por enquanto. O 1.8 aspirado, de ciclo Atkinson com variador de tempo na admissão, segue com 98/101 cv e 14,5 kgfm de torque - a baixa potência é pelo ciclo de combustão mais focado em eficiência e para trabalhar com motores elétricos. Nos dois motores elétricos, 72 cv e 16,6 kgfm e, no geral, a Toyota fala apenas em potência, com 122 cv combinados. 

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024

O fato é que o Corolla Hybrid ainda é um bom carro. O que ele não te dará de empolgação para dirigir rápido, ele entrega em conforto e bom acerto do conjunto. A Toyota trocou os pneus das rodas de 17" de 225/45 (ou seja, cerca de 101 mm de altura) pelos 215/50 (cerca de 107 mm) que, ao mesmo tempo em que reduziu levemente o arrasto em busca de melhor eficiência, aumentou a altura da lateral em prol do conforto e resistência aos buracos. 

A cidade é seu ambiente favorito. Além da suspensão e de ser um carro confortável em bancos e peso de direção, assim como posição, o conjunto híbrido tem boa força para esse uso. O torque imediato dos motores elétricos enganam os apenas 122 cv e, em baixas velocidades, proporcionam um rodar silencioso e suave. A bateria é pequena, com 1,3 kWh e instalada sob o banco traseiro, então não vai muito longe com esse silêncio e logo aciona o 1.8 para ao menos fazer a recarga ou, em casos de necessidade, tracionar as rodas.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024

Com etanol, marcou 13,6 km/litro na cidade - 1 km/litro melhor que o Corolla Cross Hybrid -, o que poderia até ser melhor em um conjunto atualizado, com mais potência nos motores elétricos, por exemplo, e bateria de maior capacidade, algo que os novos híbridos já estão buscando. Usaria menos o motor a combustão, mesmo que ainda fosse o 1.8. Ainda assim, não é um número para se ignorar.

O que o Corolla Hybrid não gosta é estrada. Não pela falta de conforto ou por problemas de dinâmica, pelo contrário, mas pelo conjunto híbrido. Neste ponto, a velocidade mais alta vai colocar o 1.8 para trabalhar e, em uma relação fixa de câmbio, vai pedir mais aceleração, maior rotação e mais ruídos. Manter a velocidade sacrifica o consumo e pouco de usa o conjunto elétrico - o consumo é pior na estrada, com 12,3 km/litro, algo muito semelhante a algum carro a combustão com mais potência e torque. 

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid 2024

Ou seja, se seu uso for prioritário rodoviário, não compensa ter o Corolla Hybrid. É praticamente a única reclamação quando falamos em dirigir o Corolla, já que o restante é um carro com muitas qualidades e que justifica a escolha de muitos compradores. Se for viajar, pense em uma versão com o 2.0 a combustão e câmbio CVT. Nem os números de teste empolgam, com 0 a 100 km/h em 12,5 segundos.

O que explica seu sucesso?

O Corolla domina o segmento. Civic e Jetta foram para o lado de nicho, enquanto o Cruze se despede em breve desse mundo. O Nissan Sentra chegou no ano passado para a briga, mas não tem volume para realmente ser uma ameaça, apenas outra opção de compra. E qual a explicação para isso?

Um bom carro para usar e que não te dá a expectativa de ser mais do que é. Tem um pacote de equipamentos com piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática, alerta de saída de faixas, farol-alto automático, alerta de ponto-cego, 7 airbags e alerta de tráfego traseiro, o que é ponto de convencimento de compra quando se custa R$ 198.890. Como híbrido, um bom carro urbano, confortável e com bom espaço interno, mas não espere potência com eficiência, tem que ser uma só escolha. 

Mas mesmo mudando pouco, o Corolla não perderá seu reinado. Podem chegar SUVs e carros chineses, parece que o sedã médio tem seu público fiel, suas qualidade conhecidas e a fama de seu nome, com tantas décadas de serviços prestados ao mundo e o conservadorismo da Toyota como assinatura final disso tudo. 

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

Toyota Corolla Hybrid (2024)

Motor dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.798 cm3, duplo comando com variador na admissão, flex + 2 motores elétricos
Potência e torque combustão: 98/101 cv a 5.200 rpm/ 14,5 kgfm a 3.600 rpm; elétricos: 72 cv e 16,6 kgfm; combinados: 122 cv
Transmissão automática transeixo, tração dianteira
Suspensão McPherson dianteira e multilink na traseira; rodas de liga-leve de 17" com pneus 215/50
Comprimento e entre-eixos 4.630 mm; 2.700 mm
Largura 1.780 mm
Altura 1.455 mm
Peso 1.450 kg em ordem de marcha
Capacidades porta-malas: 470 litros; tanque: 43 litros
Bateria 1,3 kWh
Preço como testado R$ 198.890 (Altis Premium Hybrid)
Aceleração 0 a 60 km/h: 5,6 s; 0 a 80 km/h: 8,6 s; 0 a 100 km/h: 12,5 s
Retomada 40 a 100 km/h (em D): 9,9 s; 80 a 120 km/h (em D): 9,4 s
Consumo de combustível cidade: 13,6 km/l; estrada: 12,3 km/l (etanol)
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