Teste: Novo Nissan Versa Exclusive 2024 muda, mas é o bom sedã de sempre
Entre pontos positivos e negativos, é um sedã compacto japonês em essência, sem exageros
O cliente que entrar em uma concessionária Nissan em busca de um sedã tem duas opções: Versa e Sentra. Enquanto o sedã médio ainda é uma novidade depois de ser lançado em março, o sedã compacto recebe uma reestilização e melhorias em equipamentos para ganhar fôlego, principalmente como opção aos seus concorrentes diretos, como o Honda City.
Qual o efeito na prática dessas mudanças? Aqui está o Nissan Versa Exclusive 2024, de R$ 126.590, com um bom pacote de equipamentos e itens de segurança ativa, mas já vendo o tempo passar com seu motor 1.6 aspirado na era dos turbo, apesar de ainda eficiente e linear, como gosta o cliente deste segmento. Vale a pena?
Moço, que cor é essa?
Seja na hora de abastecer ou nos estacionamentos, quase sempre alguém me perguntava sobre a cor deste Versa 2024. O Cinza Lunar, uma mistura de cinza claro com toques de lilás, é uma das novidades desta reestilização e está disponível para a linha toda por R$ 1.900 extras. Não sou o maior fã desse tom em qualquer carro, mas é a moda falando mais alto.
Ela emoldura as mudanças visuais do Versa 2024. Na dianteira, o novo parachoque se destaca com a grade em preto e detalhes cromados logo abaixo dos faróis. Aposenta aquele clássico V da Nissan e dá um ar mais moderno ao sedã, que mantém os faróis em LEDs nesta versão, mas deve faróis de neblina com a mesma tecnologia. O novo logo da marca esconde o radar dos sistemas de segurança ativa, que também é auxiliado por uma câmera no topo do parabrisa.
Na lateral, as novas rodas de 17" em preto e diamantado que você implorará para não lavar pela quantidade de raios. A traseira tem uma leve mudança no parachoque, mas o Versa Exclusive recebe um pequeno aerofólio na tampa, detalhe para dar um ar de esportivo ao sedã japonês e seu motor 1.6 aspirado. No restante, o Versa 2024 ainda é bem resolvido, com linhas que até fazem ele parecer maior do que é.
Por dentro, a principal novidade é a opção de acabamento em azul e preto, tanto em tecido quanto em couro, além do tecido (ou couro) claro até mesmo na versão Sense. No Exclusive, há um novo apoio de braços central, com porta USB-C dentro do porta-objetos e mais uma para os ocupantes do banco traseiro - mas falha em não ter saídas de ar para a segunda fileira. Há também um novo carregador sem fios, bem integrado ao painel e com uma luz indicadora de funcionamento bem posicionada - o que pode ser pouco usado, já que a central multimídia de 8" ainda depende de fios para espelhamentos.
O de sempre, bem funcional
Esta geração do Versa chegou ao Brasil em 2020. Naquele momento, trouxe uma evolução considerável e diversas melhorias, como isolamento acústico bem mais eficiente e uma suspensão mais robusta. Isso não muda nessa reestilização, assim como o motor 1.6 aspirado e seu câmbio CVT, seja isso bom ou não.
Este Versa é um carro bem mais refinado que seu antecessor. É um bom sedã compacto, que se alinhou mais aos médios em aspectos como cuidado em design e equipamentos. Se apoia bastante no SUV Kicks para isso e compartilha muito com ele, como um acabamento bom, que usa bastante plástico rígido rebatendo com alguns pontos de materiais mais suaves ao toque, e uma sobriedade que ainda é destaque em modelos japoneses.
O bom do Nissan Versa é justamente ser condizente com sua proposta. Com seus quase 4,50 m de comprimento, sendo 2,62 m de entre-eixos, tem um bom espaço interno, principalmente no banco traseiro. Não é aquele latifúndio do seu antecessor, mas ainda é um dos que melhor acomoda os ocupantes do segmento, ajudado pelos bancos de boas dimensões e o confortável banco dianteiro Zero Gravity, que realmente ajuda a ficar mais tempo ao volante no trânsito do dia a dia. No porta-malas, 482 litros de capacidade e um bom acesso pela ampla área de abertura.
Sem turbo, vale a pena?
O motor 1.6 aspirado do Versa acabou sofrendo uma redução com as novas normas de emissões e consumo. São 110 cv e 15,2 kgfm de torque com gasolina e 113 cv com 15,3 kgfm de torque com etanol. Não tem turbo, não tem injeção direta, mas tem um câmbio CVT valente que trabalha, junto com os variadores dos comandos, para entregar o máximo de força, e aproveitá-la, sem precisar colocar muita rotação.
Ou seja, o CVT trabalha para sempre deixar o motor numa faixa de rotação em que ele entregue ao menos uma parte do torque. Na cidade, por exemplo, consegue rodar em baixas e entregar algo bom, sem incomodar, além das respostas lineares e baixa vibração do conjunto, que colabora no conforto. Abastecido com gasolina, chegou aos 10,8 km/litro no nosso ciclo de testes na cidade, com diversos momentos perto dos 12 km/litro - poderia manter algo assim se tivesse o start-stop. Em ladeiras que o Versa vai reclamar mais, com rotações mais altas, principalmente carregado.
Na estrada, se for plana e manter velocidade, o Versa 1.6 te atende. Chamou a atenção o consumo de 17,7 km/litro com gasolina, já que o motor trabalha em rotação baixa. Mantém a velocidade da via, mas como na cidade, ele vai reclamar em ladeiras e ultrapassagens - é consideravelmente mais lento que os sedãs com motores 1.0 turbo em todas as provas de aceleração. Coloque uma dose de paciência se viajar carregado.
Por outro lado, o Nissan Versa tem uma boa dirigibilidade. Bom peso e respostas na direção elétrica, além de uma posição de dirigir que acomoda desde o mais alto até mais baixo ocupante e a regulagem de altura e profundidade da coluna de direção. A suspensão bate seco em situações mais extremas, mas podemos colocar isso também na conta das rodas de 17" com pneus 205/50 desta versão, mas há um equilíbrio entre conforto e estabilidade em curvas, mesmo em velocidades mais altas. A plataforma dá a rigidez para a carroceria que ajuda não só nesse trabalho da suspensão, mas também em isolamento de vibrações e ruídos.
O Nissan Versa é um sedã japonês, ponto. Suavidade ao andar, boa dirigibilidade, bom acabamento, bom espaço interno. Nesta versão, temos o ar-condicionado automático, alerta de colisão com frenagem automática, alerta de ponto-cego, câmeras 360, faróis em LEDs, alerta de colisão com frenagem automática, chave presencial com novo design, 6 airbags, painel em TFT de 7", alerta de tráfego traseiro cruzado e alerta de atenção do motorista. O concorrente mais próximo dele é o Honda City EXL (R$ 128.000) e Touring (R$ 137.000).
Isso será o suficiente para ele ganhar mercado? É um bom sedã, como já disse algumas vezes durante este texto. Tem pontos a melhorar, como a falta de iluminação nos botões dos vidros elétricos, por exemplo, e para uma parte dos clientes, seu motor 1.6 aspirado que, apesar de eficiente, não é o mais moderno do segmento. No fim, é uma boa opção dentro e fora da concessionária, só precisa provar isso.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Nissan Versa 1.6 CVT
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