Podemos chamar o Nissan Kicks de veterano. Apresentado em 2016, aproveitou as Olimpíadas do Rio de Janeiro para aparecer globalmente, produzido no México, e recebeu a cidadania brasileira em 2017. A reestilização de 2021 renovou seu visual e, mesmo após alguns anos, consegue emplacar entre os SUVs compactos mais vendidos.
A linha 2023 chegou com algumas novidades, como o novo logo da marca, mas trouxe uma redução de potência e torque no motor 1.6 aspirado para as novas normas, enquanto a linha 2024 trouxe uma nova chave presencial. E enquanto diversos concorrentes recebem novas gerações, o Nissan Kicks 2024 com seus anos nas costas ainda é uma boa opção? Este é o Nissan Kicks Exclusive com o Pack Tech, que custa R$ 148.790.
Esse tempo de mercado é um dos motivos que dá ao Kicks bons números de vendas. Em 2022, foi o 9º entre os SUVs no ranking, e no acumulado até abril deste ano, é o 6º - ou 4º se considerar apenas os compactos. E não dá nem pra falar que é pelas vendas diretas, pois das 14.377 unidades emplacadas no período deste ano, 5.032 são VD. Nas lojas, é o 8º SUV compacto mais vendido.
Por todos esses anos, o Kicks é um velho conhecido. A boa notícia é que suas qualidades se mantém até hoje. Com seus 4.310 mm de comprimento, é bom para o uso urbano, mas tem 2.620 mm de entre-eixos - maior que um novo HR-V, por exemplo - e um bom espaço interno. O porta-malas de 472 litros é um dos melhores da categoria, maior que o do Hyundai Creta e do Chevrolet Tracker, os líderes do segmento.
Ele falha, por exemplo, por não tem uma saída de ar-condicionado para os ocupantes traseiros, deixando apenas uma porta USB no console central para agradar quem vai ali. Os bancos tem boas dimensões, mas não para os ombros, deixando confortáveis dois ocupantes na segunda fileira e um terceiro, quando necessário, mais apertado.
O Nissan Kicks é na média no seu acabamento. Plástico rígido está em domínio pelo interior, com boa montagem e sem rebarbas pelo caminho. Não é seu ponto de destaque, apesar da versão Exclusive ter uma parte em imitação de couro no dashboard acompanhando o tom marrom dos bancos, um opcional de R$ 500 que está disponível dependendo da cor escolhida para a carroceria. De série, esse acabamento é preto, também em couro. Há a jogada de misturar detalhes em preto brilhante e prata para tirar um pouco da atenção dos plásticos de aparência mais simples.
Quando foi apresentado, o Kicks chegou com o 1.6 aspirado numa época onde os motores turbo ainda estavam aparecendo. Hoje, ele é o único que não tem ao menos uma opção de motor sobrealimentado entre seus concorrentes. Seu motor 1.6 aspirado é relativamente simples, sem injeção direta, mas com variador de fase nos dois comandos. Já teve 114 cv e 15,5 kgfm de torque, seja com gasolina ou etanol, mas foi reajustado por novas normas de emissões e consumo: hoje são 110 cv e 15,2 kgfm com gasolina e 113 cv e 15,3 kgfm com etanol.
Por um lado, o Kicks não tem a potência e torque dos novos SUVs. Por outro, seus 1.139 kg nesta versão colaboram na relação peso/potência e o câmbio CVT trabalha em boa parceria com o 1.6. O Kicks foi um dos primeiros a ter um CVT que pode ter simulação de trocas, mesmo que não tenha a troca manual, e aproveita bem esse torque que tem uma parte em baixa rotação. Na reestilização, recebeu mais material de isolamento acústico, com direito a um novo parabrisa mais grosso.
Na cidade, o Kicks responde bem. Agrada muito a linearidade de respostas e, com o baixo peso, desenvolve o suficiente para o trânsito diário na cidade. Não tem a força dos turbo, mas parece ser suficiente no dia a dia com bastante conforto - e isso puxa para a suspensão, que não reclama e tem uma boa relação entre o conforto e a dirigibilidade, com uma direção leve para manobrar, mas que não fica boba em velocidades mais altas.
Essa nova calibração tirou a potência do Kicks e, no nosso teste com etanol, teve praticamente o mesmo consumo na cidade: foi de 7,8 km/litro para 7,9 km/litro, ok para um carro sem injeção direta ou um motor mais moderno. Na estrada, o SUV sente mais sua baixa potência e precisa apelar para o câmbio em velocidades mais altas, como 120 km/h, e ainda mais se estiver carregado. Isso vai te dar um consumo não tão bom, com 10,8 km/litro, com etanol.
No teste, chega aos 100 km/h em 12,2 segundos - como referência, o Honda HR-V 1.5 aspirado fez o mesmo em 11,8 segundos com gasolina. As retomadas de 40 a 100 km/h foi de 8,6 segundos e, de 80 a 120 km/h em 9,1 segundos, também não são destaque dentro do segmento. Isso piora bastante com carro carregado, uma situação que complica mais com menos torque e potência.
Como estamos com o Kicks mais completo nas mãos, o pacote de equipamentos é bom. Destaque para o painel com a tela de 7", sistema multimídia com tela de 8" com espelhamentos com cabos, ar-condicionado automático, chave presencial com partida por botão, rodas de 17" com acabamento diamantado, acendimento automático dos faróis, faróis e lanternas em LEDs, carregador de smartphones por indução, retrovisor interno fotocrômico e sistema de som Bose, com falante até no encosto de cabeça do motorista.
Na parte de segurança, 6 airbags, controles de tração e estabilidade (com assistente de partida em rampas), alerta de colisão com frenagem automática, alerta de saída de faixas, alerta de ponto-cego, alerta de tráfego traseiro, câmeras 360, vetorizador de torque e detector de objetos em movimento em ré. Vamos falar dos preços?
Esse Kicks completão custa R$ 148.790, sem adicionar cor especial ou couro marrom. O Honda HR-V EX tem o pacote de segurança até mais completo e moderno, com o ACC, e semelhanças no restante dos itens por R$ 150.400. O Hyundai Creta Limited, 1.0 turbo, é menos equipado, porém melhor em espaço interno, por R$ 143.890. O Chevrolet Tracker LTZ custa R$ 144.090, enquanto o VW T-Cross Comfortline 200TSI é bem mais caro, por R$ 152.990.
Se você não faz questão do motor turbo, é uma opção levar o Kicks pra casa por ter esse pacote completo por um preço dentro da média. Seus concorrentes ou são mais caros ou não tão equipados perto dessa faixa - e há versões do Kicks mais baratas. Só tenha em mente que é um veterano, onde boa parte de sua concorrência já mudou.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Nissan Kicks 1.6 CVT
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