Em abril, a Honda confirmou diversos lançamentos para este e o próximo ano. Uma das novidades para o próximo ano é o ZR-V, um SUV médio para concorrer com Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e VW Taos. Nos Estados Unidos, ele é o HR-V e, por uma questão de mercado local, será o menor SUV da Honda por lá.
Com esta avaliação feita nos Estados Unidos, já temos uma boa visão do que teremos em 2023. Com a produção no México, o Honda ZR-V que será vendido no Brasil deverá ser praticamente o mesmo do HR-V nos Estados Unidos, inclusive a motorização, equipamentos e a qualidade de construção.
Baseado na mesma plataforma do Honda Civic de 11ª geração, este novo HR-V (vamos chamá-lo assim, como é nos Estados Unidos) é perfeito para famílias pequenas e para viagens um pouco mais longas. No interior, o mesmo estilo do Civic e uma dinâmica de direção agradável, o que faz dele um bom SUV para viajar, com o benefício adicional de mais espaço no porta-malas e passageiros que no sedã médio.
Apesar de ser uma novidade, ele não chama tanta atenção nas ruas. O novo HR-V se mistura na multidão, sem nenhum destaque ou algo distinto para o diferenciar dos demais. É basicamente uma mistura de elementos de modelos familiares reunidos em um pacote discreto. O HR-V anterior (o mesmo que era vendido no Brasil) era mais reconhecível.
A pintura Nordic Forest, opcional, é um dos poucos pontos chamativos do SUV médio, acrescentando um pouco de destaque ao desenho discreto. Se optar pela versão Sport, terá a opção das rodas em preto com 10 raios e toda a identificação do carro no mesmo tom, além de outros detalhes escurecidos.
Por dentro, ao contrário do exterior, é fantástico. Limpo, refinado e de qualidade superior ao que normalmente vemos nessa categoria. O plástico macio texturizado está no painel e no console central, enquanto o couro de alta qualidade adorna os bancos e painéis de portas da versão EXL, com alguns pontos óbvios de plástico rígido pelo veículo.
E tudo parece sólido. Considerando que o interior do HR-V é quase idêntico ao do Civic, este tipo de coisa não é inesperada. Também não é uma surpresa ver as mesmas saídas de ar do Civic, os mesmos botões metálicos para os comandos do ar-condicionado e a tela opcional de 9" sensível ao toque no alto do painel.
As versões abaixo da EXL, a topo de linha, usam uma tela de 7", mas a tela de 9" tem ícones grandes e fáceis de ler e com rápidas respostas semelhantes a um smartphone - Apple CarPlay e Android Auto são de série, mas sem fio apenas no EXL, assim como o WiFi integrado e carregador sem fio.
O novo HR-V usa um motor 2.0 aspirado com 160 cv e 19,1 kgfm de torque, um aumento de 17 cv e 1,5 kgfm a mais que seu antecessor. Está ligado com o câmbio automático CVT com tração dianteira e, nos Estados Unidos, tração integral como opcional, obviamente longe do Brasil quando chegar.
A partir do momento em que o acelera, o HR-V se sente mais rápido que o anterior. O torque chega ao pico em 4.200 rpm mais generoso - antes, era a 4.300 - com o quatro-cilindros fornecendo mais força até os 100 km/h e mais ainda. O HR-V é rápido na cidade e capaz de chegar a velocidades de cruzeiro na estrada sem problemas.
O CVT é bom também. A Honda implementou as trocas falsas nesta nova transmissão, fazendo com que se sinta mais como um automático tradicional, fazendo a "mudança" com respeitável rapidez. Melhor ainda, não há mais um comportamento irritante em baixas velocidades
Ao subir as montanhas onde aconteceu este primeiro contato, o aspirado e o falso-automático não se dão exatamente bem com a altitude. Embora o motor 2.0 ainda fosse capaz de fornecer potência suficiente, foi necessário mudar o câmbio para o S (Sport) e enfiar o pé no acelerador para manter a velocidade. E ainda assim, o HR-V não estava contente, reclamando bastante ao subir. O motor 1.5 turbo do Civic seria uma boa solução aqui.
Dinamicamente, o HR-V é um esquiador olímpico em uma classe de novatos. Com a base do Civic, o HR-V tem uma estrutura geral mais rígida e uma nova suspensão traseira multilink que o torna marcadamente mais dinâmico, ao contrário do eixo de torção do HR-V anterior, com a base do Fit.
Com essa suspensão, o HR-V estava ansioso para mergulhar nas curvas da sinuosa estrada ao norte do Rio Columbia. A dianteira aponta exatamente onde eu quero e a suspensão totalmente independente mantinha a carroceria com rolagem mínima. Assim como no Civic, a direção é sublime, rápida, responsiva e perfeitamente pesada. Mesmo com uma caixa elétrica, o volante nunca é excessivamente auxiliado. Nos EUA, apenas o Mazda CX-30 dá ao HR-V uma concorrência neste aspecto.
Quando não está se esforçando para subir uma montanha, o Honda HR-V é um companheiro de estrada mais do que agradável. Além de um rodar um pouco mais firme, uma pequena desvantagem desta dirigibilidade, o Honda é silencioso, confortável e espaçoso.
O Honda HR-V 2023 é 6,6 cv mais largo que o anterior e tem 22 cm a mais de comprimento, o que o permitiu mudar de categoria e ter 4,57 m de comprimento. O entre-eixos é cerca de 5 cm maior, com 2,65 m. E isso significa mais espaço no porta-malas que antes, com 690 litros (padrão EUA).
Mas eis a má notícia: o novo HR-V perde a adorada função "Magic Seat", com o banco traseiro configurável - algo que o HR-V brasileiro, um outro carro, manterá - como resultado da troca da plataforma do Fit pelo Civic. Mas a Honda se certificou de manter intacta alguma dessa usabilidade. Com um pouco de espaço proposital sob o banco traseiro, os assentos se dobram quase planos. Graças a maior abertura do porta-malas, carregar e descarregar até mesmo objetos maiores, devem ser tarefa mais fácil.
O Honda Sensing vem de série em todas as versões do HR-V, acrescentando pela primeira vez a assistência de tráfego e o reconhecimento de placas de trânsito. Isso tudo ao lado de todas as mesmas características como frenagem automática de emergência, centralização de faixa, piloto automático adaptativo e mais.
Mesmo nas estradas sinuosas, o ACC permitiu que eu me movesse com conforto enquanto aproveitava a paisagem. A tecnologia de centralização manteve o HR-V na pista enquanto o controle de distância manteve o ritmo saudável dos carros da frente, aplicando acelerador e frenagem conforme necessário.
Embora o Honda HR-V cresça em tamanho e obtenha ganhos em tecnologia e segurança, este SUV ainda tem um preço competitivo. A versão LX básica com tração dianteira começa em US$24.895 com a taxa de $1.245 inclusa. E mesmo o EX-L topo de linha testado aqui com tração nas quatro rodas custa US$30.195 antes dos opcionais.
Algumas das alternativas menores, mais mal equipadas, são mais acessíveis do que o HR-V, com certeza. O Nissan Kicks começa com US$21.285 com frete e o Hyundai Kona é US$22.595. E consumindo 11,9 km/litro combinados em tração dianteira e 11,5 km/litro no integral, o HR-V também não é o mais eficiente do segmento.
Mas o que o HR-V oferece é uma experiência de condução de primeira linha, uma cabine de alta qualidade e mais espaço do que antes - o que significa que você será capaz de carregar muita bagagem. Considerando que o Civic já era um destaque, não é surpresa que o HR-V 2023 se sinta como mais um vencedor da Honda.
O HR-V, ou melhor, ZR-V (seu nome global) chega ao nosso mercado em 2023. Não deverá ser muito diferente do que vemos aqui, inclusive seu motor 2.0 aspirado com câmbio CVT que, no máximo, poderá ser adaptado para ser flex. Com a produção no México, já temos um cenário mais claro do futuro concorrente de Jeep Compass e VW Taos, aproveitando o acordo entre os países para ser competitivo e, esse sim, ocupar o lugar do Civic 10, antes produzido no Brasil. Veremos mais no próximo ano.
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