Teste Fiat Toro Volcano 2.0 turbodiesel 2022: ainda vale a pena?
Com a chegada do motor 1.3 turbo, o 2.0 turbodiesel perdeu a posição de mais potente na picape. Vale o valor extra?
Com a reestilização da Fiat Toro 2022, a picape queridinha do mercado brasileiro corrigiu diversas falhas, como seu motor flex aspirado. Apesar de manter o 1.8 na versão de entrada, as demais versões estrearam o 1.3 turbo da Stellantis, com até 185 cv e 27,5 kgfm de torque. Já mostramos como isso ajudou a picape a dar um salto aqui no Motor1.com.
Ao mesmo tempo, a Fiat manteve a Toro com o motor 2.0 turbodiesel, câmbio automático de 9 marchas e tração integral disponível na linha completa. Mesmo menos potente, tem mais torque e algumas particularidades que ainda justificam sua manutenção na linha. E aqui testamos a Toro Volcano 2.0 turbodiesel, a última versão que pode ser tanto 1.3 turbo quanto 2.0 turbodiesel para mostrar as vantagens (e desvantagens) de se pagar mais caro pelo motor diesel.
Identificada por detalhes
Visualmente, a Toro Volcano 1.3 turbo e 2.0 turbodiesel são idênticas. Mesmo os mais atentos vão entrar em um jogo de sete erros, tamanho trabalho que vão ter para encontrar a única diferença perceptível na Volcano 2.0, um emblema da tampa da caçamba. Ao lado do nome da versão à direita, o logo “4X4 Diesel” mostra que ali tem um conjunto mecânico diferente. De resto, você leva para casa o mesmo visual da versão flex.
Ou seja, estamos falando da nova grade dianteira com filetes horizontais e o logo Fiat por extenso, faróis mais afilados em LEDs, nova luz diurna em LED (que agora inclui também as setas), régua cromada ligando os faróis e o capô, que recebeu uma parte côncava no meio da peça em uma tentativa de dar uma cara mais robusta à picape, além dos faróis de neblina também em LEDs.
Já as rodas de 18" com pneus 225/60, skid plate dianteiro pintado de prata, retrovisores em preto brilhante, frisos cromados nas janelas laterais e base das portas e o rack de teto prateado são itens estéticos que diferenciam a versão Volcano da Freedom, posicionada logo abaixo.
A Toro Volcano turbodiesel também traz o mesmo visual da flex para a cabine. Mas enquanto o facelift da linha 2022 pode passar despercebido para alguns, por dentro a picape ganhou maior ar de novidade pela faixa prateada que atravessa todo o painel, os novos botões para o ar-condicionado de 2 zonas e o maior espaço no console central, que recebeu 2 porta-copos e um espaço para carregar o celular por indução. Uma baita evolução em relação ao modelo antigo em questão de aproveitamento de espaço interno.
Assim como a flex, a versão diesel também traz botões emborrachados logo abaixo dos comandos de climatização. Mas enquanto a 1.3T tem botões do modo Sport e TC+, a diesel trocas esses pelo acionamento da tração 4x4 e o botão de controle de descida, e soma o de 4x4 reduzida e o de desligamento dos controles de estabilidade e tração.
O painel de instrumentos digital com tela de 7" traz 3 diferentes tipos de visualização: esportivo (com grafismos vermelhos), econômetro (um grafismo muda de cor de acordo com a intensidade que você pisa no acelerador) e uma mais limpa aparecendo somente a velocidade, entre outras informações. Uma solução interessante e moderna.
Mais do que números, as sensações
Não há dúvidas que a Toro Volcano com o motor 1.3 turboflex concentrou todas as atenções para a linha 2022 da picape, afinal deu nova vida a picape ao substituir o 1.8 aspirado de 139 cv em quase todas as versões.
O turbodiesel que equipa a Toro Volcano 2.0 diesel era a única versão que entregava algum desempenho antes da chegada do 1.3T, com 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 kgfm de torque disponíveis desde 1.750 rpm. São 15 cv a menos que a flex (quando este abastecido com etanol), mas 8 kgfm de torque a mais, que faz muita diferença no dia a dia, tanto em deslocamentos dentro da cidade, onde percebe-se grande agilidade em saídas de semáforo, como na estrada, situação onde a picape roda bem e registra ótimas retomadas, mesmo carregada. Para ir de 80 a 120 km/h, ela precisa de 8,1 segundos em nossos testes quando vazia.
Embora a nova Toro 1.3 turbo tenha registrado um 0 a 100 km/h de 9,6 s em nossos testes, os 11,2 s na mesma prova da Toro diesel não traduz a sua agilidade na prática. Em diversas situações, a força do motor turbodiesel, que tem funcionamento característico em rotações mais baixas, mostra disposição e aparenta “sobrar” o tempo todo - é aqui que os 8 kgfm a mais fazem diferença na hora de pisar mais forte no acelerador.
E como não se faz nada sozinho na vida (e nem na engenharia), o 2.0 diesel trabalha com um câmbio automático de 9 velocidades da ZF, que faz trocas mais rápidas que o câmbio Aisin de 6 marchas da Toro flex. Chama a atenção a suavidade no funcionamento dessa transmissão, que joga marcha sobre marcha quando você trata o pedal da direita com mais suavidade, ajudando a chegar a um bom consumo de combustível. Na cidade, a picape fez a média de 9,5 km/litro, com a pior sendo 8,6 km/litro em um dia de trânsito mais congestionado.
Falando ainda de câmbio, a Toro diesel sempre arranca em 2ª marcha, já que a 1ª tem relação bem curta e que atua como uma reduzida – sistema igual ao usado na VW Amarok, por exemplo, única entre as picapes médias que não tem caixa específica para a reduzida na tração 4x4. Com tração integral, a Toro Volcano 2.0 tem o modo padrão automático, que distribui a força entre os eixos por demanda, 4WD (que trava a tração com distribuição igual entre os dois eixos) e 4WD Low (reduzida usando a 1ª marcha).
Quando ativado o 4WD Low, os controles de tração e estabilidade são desligados, enquanto os freios ABS ativam um modo off-road, onde demoram mais para atuar justamente para deixar as rodas cavarem o solo para achar um piso firme antes de evitar o travamento. Isso auxilia em percursos off-road e descidas mais íngremes, ajudando na frenagem em solos de areia ou terra, por exemplo.
Conforto no dia a dia, mas não tão prática
Ao dirigir, a Toro Volcano diesel mantém as qualidades da flex: suspensão bem calibrada para o conforto sem ser “molenga” e direção leve fazem parte do pacote, o que reforça a semelhança com um SUV. Mas o bacana mesmo é que se pode atacar curvas com segurança na Toro que ela não vai sair de traseira, diferentemente de uma picape média – que merece mais cuidado em trechos mais sinuosos. Ponto para a suspensão independente da picape da Fiat e sua base monobloco. A passagem por buracos e valetas também são feitas tranquilamente.
Contribui também para o conforto a bordo os bancos dianteiros, que acomodam bem os passageiros. O senão fica na parte traseira, que traz encosto menos inclinado e com ângulo muito próximo de 90 graus, além de acomodar de forma apenas razoável pessoas de no máximo 1,80 m. Se passar disso, o joelho vai ficar batendo no banco dianteiro, além de uma pessoa mais alta sentada próxima da janela vai ficar encostando a cabeça na coluna das portas traseiras.
Mas esses pequenos pênaltis não desabonam a Toro diesel, que caprichou na linha 2022 com um painel de instrumentos 100% digital com tela de 7” e a central multimídia com tela horizontal de 8,4". Na unidade testada, ela veio com a tela vertical de 10,1" (opcional) que até então era normalmente vista nas grandalhonas picapes da Ram. O sistema é compatível com Apple CarPlay e Android Auto sem fios, com o layout do smartphone e o mapa ocupando toda a tela – diferentemente de modelos da Volvo, por exemplo, que ficam em apenas uma parte.
Você só lembra que está em uma picape por conta dos longos 4,91 m de comprimento e ângulo de esterço baixo. Isso quer dizer que você terá que tomar mais cuidado em garagens, principalmente se forem mais apertadas, o que vai exigir mais manobras. A praticidade da caçamba continua com sua tampa dividida em duas partes e de abertura lateral, que é leve e tem funcionamento bem prático. Novidade é a luz lateral na direita da caçamba, que ajuda a iluminar algum objeto que esteja guardado lá atrás. E como comparação com a flex, a vantagem é que a diesel pode levar até 1.000 kg de carga na caçamba, 330 kg a mais que Toro flex.
Vale a pena?
Na lista de equipamentos, a Toro Volcano 2.0 turbodiesel compartilha o mesmo pacote com a flex. Com isso, ela soma 7 airbags, rodas de 18 polegadas, controles de estabilidade e tração, acendimento automático dos faróis, chave presencial para acesso e partida (que pode ser feita remotamente), banco do motorista com ajuste elétrico, retrovisores elétricos com rebatimento automático, sensor de estacionamento dianteiro, bancos em couro e faróis fullLED.
A Toro tem ainda o Fiat Connect Me, com serviços de concierge, alertas de manutenção, chamada de emergência, recuperação em roubo e furto e mais. A novidade é um pacote de serviços conectados que agregam o controle de informações da picape pelo smartphone, smartwatch ou pela assistente virtual Alexa (Amazon). Tem internet WiFi a bordo, mas com valores cobrados a parte devido ao chip da TIM que vêm no carro.
Bem equipada, o único opcional da Toro Volcano é o Pacote Tecnologia que, além do multimídia com tela vertical, soma ainda o sistema ADAS composto por alerta de colisão e frenagem automática, alerta de saída de faixa e farol-alto automático. Um kit que custa R$ 5.000, mas que pela tecnologia e segurança que oferece, sem dúvida ainda continua valendo a pena na hora de fechar negócio.
A Toro Volcano 2.0 turbodiesel ainda é uma boa opção se você considera ter uma picape diesel na garagem, principalmente se viajar bastante, já que a autonomia da versão diesel é maior que da flex, podendo rodar no mínimo cerca de 750 km em trecho rodoviário. Mais econômica que a flex, a Toro diesel pode ser a melhor escolha para em alguns Estados do Brasil, onde o preço da gasolina e, principalmente do etanol, variam com mais frequência. Embora o diesel seja mais caro, ele costuma ter um preço menos volátil, o que pode ser benéfico dependendo da região que você mora.
A Toro diesel também é válida para aqueles que trabalham na cidade e moram em uma zona mais rural, ou vice-versa, pois as estradas de terra serão mais comuns e a tração 4X4 com certeza vai garantir mais segurança na hora de enfrentar pavimentos mais irregulares. Isso irá custar R$ 183.990, enquanto a versão testada com Pacote Tecnologia (R$ 5 mil) e pintura perolizada branco Polar (R$ 2,5 mil) sobe essa conta para R$ 191.490.
Se você não faz questão das rodas de 18 polegadas, acabamento cromado na carroceria, da central multimídia com tela vertical e dos recursos de segurança e assistência a condução, a Toro Freedom 2.0 turbodiesel (R$ 170.990) sai mais em conta e melhora o custo x benefício. E se você vai dirigir a picape na maior parte do tempo na cidade, vale optar pela Volcano flex mesmo, que traz os mesmos equipamentos da Volcano diesel e custa cerca de R$ 33.000 a menos. O que sobrar dessa diferença, você enche o tanque por alguns bons anos.
Fotos: Paulo Trindade (para o Motor1.com) e Divulgação
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Fiat Toro Volcano 2.0 TD
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