Avaliação Chevrolet Spin Premier 2022: Salvem as minivans
Minivan é a melhor (e única) opção do segmento com 7 lugares na faixa dos R$ 100 mil
O mercado brasileiro é bem variado. Existem carros feitos para dar prazer ao dirigir no fim de semana e outros que são ótimos para o uso diário, no deslocamento de casa para o trabalho, ainda mais importantes. E a Chevrolet Spin Premier 2022 é um bom exemplo disso, principalmente para quem tem família grande e precisa levar até 7 pessoas a bordo ou muita bagagem.
Apesar da idade (seu projeto é de 2012), a Chevrolet Spin ainda é uma boa solução para quem procura um carro com sete lugares, já que seu único concorrente direto na faixa dos R$ 100 mil é o Fiat Doblò, um projeto 10 anos mais velho. Voltando a Spin, passou por sua última atualização em abril deste ano, ao ganhar na linha 2022 a nova versão básica LS com câmbio automático de 6 marchas.
Galeria: Chevrolet Spin Premier 2021
A versão que passou por nossa avaliação é a topo de linha com visual padrão, a Premier, que custa R$ 104.890. Existe também a versão topo com estilo aventureiro, a Activ7 por R$ 111.890 – que inclusive testamos no final de 2020.
Além da reestilização em 2018 (como linha 2019), a Spin não teve uma mudança tão grande em todos esses anos. A que mais podemos destacar desde então foi a linha 2021, onde a minivan recebeu os controles de tração e estabilidade, algo importante em um modelo com a proposta familiar, assim como o assistente de partida em rampas, e um novo câmbio automático, que falaremos mais adiante.
Porém, mesmo pensando em segurança com os assistentes eletrônicos, um pênalti: tanto a versão Premier quanto as demais trazem apenas os obrigatórios airbags duplos frontais. É um deslize principalmente pensando no atual valor e, mais uma vez, em uma proposta familiar. Dentro de casa, o Tracker LT automático, com projeto mais moderno e que custa R$ 2 mil a mais (R$ 106.890), por exemplo, conta com 6 airbags.
Topo, mas não tão equipada
A Spin Premier é, ao lado da aventureira Activ7, a mais completa da linha. Entre os equipamentos de série, destaca a direção elétrica com regulagem de altura da coluna, central multimídia MyLink com tela de 7" e espelhamento via Apple CarPlay e Android Auto (com fios), além do serviço de concierge OnStar, pago a parte mensalmente. Também há faróis de neblina, rodas de liga-leve de 16 polegadas, acendimento automático dos faróis (com regulagem de altura do facho), sensor de chuva, sensor de estacionamento e câmera de ré.
A minivan ainda conta com luz de posição em LEDs, piloto automático, computador de bordo que, apesar de simples, cumpre a sua função ao exibir informações de consumo médio, velocidade média e autonomia. O alerta de não afivelamento do cinto de segurança do passageiro, que estreou na linha 2021, se manteve na gama atual. Pode parecer bem completo, mas não se difere muito de modelos mais baratos do nosso mercado.
Pelo valor cobrado, o pacote de equipamentos da Spin Premier 2022 não é lá muito amplo (assim como na Activ7) e poderia receber alguns itens encontrados no Tracker, à exemplo de chave presencial, da tela TFT de 3,5” e partida por botão, assim como o ar-condicionado digital automático também faria bem ao modelo. Mas o que chama a atenção mesmo é a ausência da regulagem de profundidade do volante em um carro de mais de R$ 100 mil. Se bem que, pensando bem, nem a picape S10 e o SUV Trailblazer trazem esse recurso, mesmo sendo bem mais caros...
Ergonomia esquecida
Assim como a falta do ajuste de profundidade do volante, outro ponto de ergonomia que incomoda na Spin é o botão de ajuste dos retrovisores localizados na coluna “A”, que acaba ficando distante das mãos. Com isso, na hora de regular os espelhos, você acaba saindo da posição ideal de dirigir e assim perde a referência da configuração mais apropriada para os retrovisores que, por sua vez, garantirão uma melhor visibilidade.
Outro ponto é a posição de dirigir bastante elevada, algo padrão nos modelos dessa época da Chevrolet feitos com base na plataforma GSV (Cobalt, Onix e Prisma). No caso da Spin, mesmo com o banco regulado na posição mais baixa, o motorista dirige lá no alto. Pessoas com mais de 1,85 m de altura, como eu, ficam com a cabeça próxima do teto, enquanto condutores com estatura na casa dos 1,60 m podem estranhar a altura dos pedais. A variação de altura da regulagem é pouca e é feita por uma roldana.
Outra herança dessa fase anterior da marca são os bancos que, embora confortáveis na lombar, são curtos e acabam não apoiando as pernas totalmente - o que pode cansar em viagens mais longas. Mas se a próxima geração do Spin receber os mesmos bancos dos atuais Onix, Onix Plus ou Tracker, essa questão certamente será resolvida.
Melhor ponto: espaço interno
Com 4,41 m de comprimento e entre-eixos de 2,62 m, a Spin aproveita muito de suas medidas dentro da cabine. Isso pois, mesmo que um motorista com mais de 1,80 m esteja dirigindo, o espaço para joelhos na segunda fileira é generoso. A situação pode ficar ainda melhor pois a segunda fileira pode deslizar até 11 cm para frente ou para trás, o que ajuda os ocupantes a escolherem a melhor configuração de espaço possível. O encosto também tem o ângulo ajustável, o que aumenta o leque de configurações de acordo com a necessidade do momento.
Isso ajuda também a galera que vai na terceira fileira, pois amplia o espaço para as pernas. Mas um detalhe: pessoas de no máximo 1,60 m conseguem viajar com algum conforto na turma do fundão, sendo recomendado o uso dos dois bancos extras para o uso na cidade ou em viagens com trajeto mais curto. A melhor opção mesmo é colocar crianças menores nesses assentos, já que elas não vão sofrer pelo espaço limitado e ainda se divertirão com a situação "inusitada".
Para acessar os assentos da 3ª fila, basta puxar uma alavanca para trás que o banco da 2ª fileira irá dobrar o encosto. Depois é só acionar uma alça de tecido que todo o banco dobra para frente. Quem for escolhido para ir ali fará um pequeno esforço para acessar a parte traseira, tomando cuidado principalmente para não tropeçar no cinto de segurança (que fica no meio do caminho).
E embora o porta-malas seja maior que de muito SUV compacto com seus 533 litros de capacidade quando os dois bancos extras estão rebatidos (ou 162 litros quando todos os assentos estão em sua posição), o antigo sistema da Zafira, que guardava os bancos auxiliares no assoalho e deixava o piso plano, seria bem-vindo na Spin, tirando a enorme peça "do caminho" do porta-malas. Mas isso é mero detalhe, já que o porta-malas amplo atende muito bem. Ainda tem dúvida quanto ao espaço? É só perguntar para os taxistas e motoristas de aplicativo.
Motor 1.8 ainda valente
Quem entrar no site da Chevrolet talvez estranhe que a Spin apareça lá como SUV ou crossover. Mas ainda é uma autêntica minivan e prova disso é o funcionamento suave da transmissão automática de 6 marchas, a mesma utilizada pela nova geração do Onix e que chegou a Spin no ano passado. Seu funcionamento é bastante suave, mas não espere rapidez nas trocas.
Essa transmissão trabalha junto do conhecido motor 1.8 flex com 8 válvulas que entrega até 111 cv e 17,7 kgfm de torque quando abastecido com etanol. E apesar de antigo, esse propulsor tem desempenho satisfatório na Spin, onde dentro da cidade mostra certa agilidade quando se pisa no acelerador (o torque máximo já a 2.600 rpm), mas tudo mais progressivo e sem aquela empurrada mais forte comum dos carros turbo. No uso rodoviário, a minivan embala bem, mas acaba sofrendo um pouco nas retomadas – principalmente quando o carro está carregado.
Em relação ao consumo, podemos pegar como referência a Spin Activ7 2021 que testamos em novembro de 2020. Comparado ao modelo anterior (linha 2020), a Spin Activ7 reduziu seu consumo de combustível graças ao novo câmbio. O rendimento urbano se manteve em 7,2 km/litro, mas foi bem melhor na estrada ao fazer 11,2 km/litro, contra 10,4 km/litro de antes. Não chegamos a testar a Spin Premier com etanol, mas na gasolina ela chegou a fazer 11,8 km/litro no circuito misto (cidade/estrada), uma boa média para seu porte.
Vale ressaltar que a Spin Premier provavelmente deve ter uma melhora no consumo com etanol em relação a versão aventureira, já que a versão "normal" usa pneus comuns enquanto a Activ7 é calçada com pneus de uso misto - que aumentam o atrito com o solo. Outro ponto que vale destacar é que esses números poderiam ser melhores se a GM não tivesse retirado a grade ativa da lista de equipamentos na linha 2021. O equipamento, que controlava a passagem de ar de acordo com a velocidade, ajudando na aerodinâmica e, assim, reduzindo o consumo de combustível, não é oferecido nem como opcional.
Já a suspensão traz um conjunto bem equilibrado entre conforto e estabilidade, com uma leve e esperada rolagem da carroceria em desvios repentinos de trajetória. No mais, a Spin se mostra uma boa companheira para o dia a dia, a não ser pelas raspadas na frente em saída de garagem ou em valetas. Elas acontecem com facilidade, mas não por culpa de um ângulo de entrada ruim na dianteira, mas sim devido a um defletor frontal (item aerodinâmico) que auxilia a minivan a poupar mais combustível.
Mercado
Lançada em 2012, a Spin sempre vendeu bem e conquistou o público que procurava por um veículo de 7 lugares com bom custo/benefício- hoje, seu preço parte de R$ 85.640 na versão LS manual com 5 lugares. A Spin tem à venda duas versões com espaço para sete: Premier com câmbio manual ou automático e Activ7.
Segundo a GM, a variante da Spin com a terceira fileira de bancos hoje é responsável por 60% das vendas da minivan, sendo este o maior percentual desde que ela foi lançada. E a Spin Premier 2022 automática que avaliamos sem dúvida é a configuração mais racional do modelo por combinar isso com este tipo de transmissão, além de um visual mais limpo sem os adereços da versão Activ. Mas isso já é questão de gosto.
De acordo com a Fenabrave, no acumulado de 2021 até maio a Spin vendeu 6.026 unidades (ante 2.160 emplacamentos da Fiat Doblò) – número ainda baixo por conta da pandemia. Em tempos normais, como 2019, emplacou no mesmo período 10.051 unidades.
O bom desempenho da Spin também é reflexo do abandono do segmento de minivans pelas outras marcas, que decidiram investir nos SUVs compactos. Mas vale revelar aqui que eles geralmente não têm o mesmo espaço interno, muito menos um porta-malas com tamanho apropriado para justificar a proposta de carro familiar. Assim, o que ocorreu com as peruas ao serem trocadas pelas minivans e monovolumes nos anos 2000, aconteceu com as minivans – que aos poucos foram perdendo terreno para os SUVs baseados em hatches compactos (o antigo Ecosport puxou a fila em 2003). Ponto para a GM que insistiu na Spin e se deu bem com isso.
Fora Spin e Doblò, no mercado nacional existe outros veículos com 7 lugares, mas todos são SUVs grandes e acima dos R$ 155 mil: JAC T80 (R$ 159.990), Caoa Chery Tiggo 8 (R$ 181.990) e Mitsubishi Outlander 2.0 HPE (R$ 201.990). Existe até uma minivan ao melhor estilo americano: a Kia Grand Carnival, mas seu preço passa dos R$ 370 mil.
Conclusão
A bem da verdade é que a Spin Premier ainda é a melhor do segmento, mesmo sua última grande atualização tendo acontecido há três anos. O espaço interno, a transmissão automática suave junto do motor 1.8 8V que oferece desempenho compatível com seu segmento (fora o baixo custo de manutenção por estar há anos no mercado) são algumas de suas qualidades, tudo isso somado a um preço na casa dos R$ 100 mil, que infelizmente se tornou banal em nosso mercado.
A minivan poderia ter mais equipamentos para justificar o preço de três dígitos? Com certeza, mas nessa tabela de preço não se acha nada com os mesmos atributos – e nem com os 7 lugares. Para comparação, o Fiat Doblò Essence 1.8 sai por R$ 115.990.
A boa notícia é que a Spin deverá ganhar sua segunda geração em 2022, adotando um visual totalmente renovado, plataforma GEM dos atuais Onix e Tracker, motores 1.0 e 1.2 turbo de três cilindros e quem sabe alguns mimos a mais entre os itens de série. E o melhor: apuramos com exclusividade no Motor1.com que a Chevrolet quer manter a faixa atual de preços de R$ 85 mil a R$ 111 mil e que a nossa Spin não terá desenho parecido com o do Orlando chinês. Agora é esperar para ver.
Fotos: Diego Dias (Motor1.com)
Ficha Técnica - Chevrolet Spin Premier 2022
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 8 válvulas, 1.796 cm³, comando simples, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
106/111 cv a 5.200 rpm / 16,8/17,7 kgfm a 2.600 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve de 16" com pneus 205/60 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e ESP |
PESO | 1.235 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.416 mm, largura 1.735 mm, altura 1.609 mm, entre-eixos 2.620 mm |
CAPACIDADES | tanque 53 litros; porta-malas 553 litros (com a terceira fileira fechada) ou 710 litros sem a terceira fileira |
PREÇO | R$ 104.890 |
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