Mesmo que os centros urbanos não sejam o ambiente natural das picapes médias pelo porte, elas tem entre o seu público quem aprecia um carro grande e utilizam a caçamba em algumas situações. Estes são os clientes que a Ford Ranger Black busca, focando bem mais no uso urbano, no custo-benefício atraente, nos acessórios exclusivos (como a caçamba com capota elétrica) e o visual totalmente preto, como seu próprio nome já indica.
À primeira vista, a Ford Ranger Black realmente remete ao estilo mais urbano, apostando bastante no preto ou em tons escurecidos para reforçar isso. A Ford usa o Preto Gales, perolizado, não só na carroceria, como também o preto sólido em outras peças como o santantônio, rack de teto, rodas de liga leve de 18” e grade frontal. Com exceção dos faróis e lanternas, do logo da marca e do escrito “Ranger” na tampa da caçamba (com fonte cinza), não há nenhuma parte da picape que não seja negra.
Este aspecto pode ser fortalecido com a adição da capota elétrica para a caçamba, um acessório exclusivo dessa versão dentro da Ford e que dá um ar diferente, mesmo que a cor seja a mesma das capotas marítimas de lona que equipam outras picapes. Tudo isso faz com que a Ranger Black esteja em casa ao rodar pelas ruas de qualquer centro urbano.
Para se diferenciar da Ranger Storm, a Ford usa na Ranger Black o motor 2.2 turbodiesel de 160 cv a 3.200 rpm e 39,3 kgfm de torque a 2.500 rpm, o 4-cilindros oferecido nas versões mais baratas da picape. Trabalha com a transmissão automática de 6 marchas e com a tração 4x2 traseira que, segundo a Ford, atende a parcela dos clientes que utilizarão a Ranger Black boa parte do tempo no asfalto ou em situações onde o 4x4 não é necessário.
Escolher o motor menor tem os seus altos e baixos. No nosso teste, a picape registrou 13,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h, o que são 2,3 s mais do que a Ranger com o 3.2 turbodiesel. As retomadas levam mais tempo, indo de 40 a 100 km/h em 10,1 s com a transmissão na posição S (na Ranger 3.2, este tempo cai para 8,4 s). Por outro lado, é bem mais econômico mesmo na cidade. Fizemos uma média de 9,5 km/litro na cidade e 13,7 km/litro na estrada, contra os 7,8 km/litro e 11,8 km/litro da versão 3.2, respectivamente.
Na prática e sem pensar nos números, a Ranger Black parece mais à vontade neste cenário urbano do que as demais versões. O 3.2 turbodiesel sobra no uso na cidade, ficando até um pouco arisco demais. Junte isso com um motor que vibra mais em rotações mais baixas e a picape fica cansativa depois de um tempo. Este não é um problema na 2.2, por entregar uma potência e torque na medida certa, além de ser mais “civil” no dia-a-dia e com um funcionamento mais suave. Até a transmissão automática parece conversar melhor, fazendo trocas no momento certo ao invés de segurar as marchas como faz ao trabalhar com o 3.2.
O que não muda é o comportamento mais bruto da Ranger em comparação a algumas outras picapes. Por usar uma suspensão de eixo rígido e feixe de molas na traseira, ainda mantém a característica de "pular" bastante quando a caçamba está vazia. Isso foi suavizado na linha 2020 e a Ranger Black traz um ajuste próprio que ajuda a diminuir este comportamento, mas não foi possível apagá-lo completamente. E a carroceria também balança mais nas curvas e frenagens, embora mantenha-se bem estável e respondendo bem com o uso da direção elétrica bem ajustada.
A cabine da Ranger não consegue esconder a idade em alguns pontos. Como é uma versão mais barata, tem muito plástico duro espalhado nos painéis das portas e no console, disfarçados com um acabamento melhor. Traz itens das versões mais caras, como o painel de instrumentos com duas pequenas telas nas laterais, uma para a multimídia e outra para o computador de bordo, ou o ar-condicionado de duas zonas. Por outro lado, é simples ao usar uma chave comum, não presencial com partida por botão.
Uma das fraquezas é a central multimídia Sync 3, usando uma tela de 8”. Com navegação confusa, ela nem sempre responde como deveria e, apesar de ter Android Auto e Apple CarPlay, a conexão por fios insista em cair constantemente após 10 minutos, mesmo trocando o cabo e a porta USB. Isso é ruim quando estamos usando algum navegador, pois exige retirar o cabo do celular e reconectar.
Apesar destes problemas, a lista de equipamentos é adequada para uma das versões mais caras com o motor 2.2. Traz itens como controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, sete airbags, controle de cruzeiro, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, direção elétrica, controle adaptativo de carga e o sistema FordPass, permitindo controlar a picape pelo smartphone para travar e destravar a porta, ligar o carro, mexer no ar-condicionado e mais.
Um dos itens mais legais da Ranger Black, infelizmente, custa mais R$ 10.000 para ser colocado: a capota marítima rígida de acionamento elétrico. Ao adicioná-la, ela fecha completamente a parte de cima e protege muito bem contra água. Por sorte, quando a picape chegou para teste, a chuva acompanhou e a caçamba continuou completamente seca. Ela tem uma trava antivandalismo e é acionada por um controle separado. Além do preço alto, este item tem um pequeno problema: o barulho da caçamba batendo contra as barras transversais ao passar em uma lombada. O ideal é que deixar as barras em casa se não for precisar, evitando a barulheira.
Atualmente, a Ford Ranger Black 2022 é vendida por R$ 187.990. São R$ 9 mil a mais em comparação à XLS 2.2 4x2, diferença essa que cai ao comparar com outras configurações menos equipadas, mas com tração 4x4. E é bem mais em conta do que a XLS 2.2 4x4, vendida por R$ 214.290. O salto para a Ranger 3.2 é considerável, já que a verão mais barata seria a Storm, por R$ 216.290.
Até mesmo ao comparar com suas rivais o seu preço fica interessante. A Toyota Hilux, picape média mais vendida do Brasil, parte de R$ 189.390 com motor 2.7 Flex. Colocar o 2.8 turbodiesel eleva este preço para R$ 209.590. A Nissan Frontier 2.2 turbodiesel custa R$ 191.890 na versão S com câmbio manual. Já a Chevrolet S10 parte de R$ 196.400 (os preços da versão 2022 ainda não foram revelados). Isso ajuda a Ranger a se posicionar muito bem e explica como as vendas cresceram tanto nos últimos meses.
MOTOR | dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 16 válvulas, 2.198 cm3, duplo comando, injeção direta, turbo, diesel |
POTÊNCIA/TORQUE |
160 cv a 3.200 rpm; Torque: 39,3 kgfm a 2.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automática com 6 marchas, tração traseira |
SUSPENSÃO | independente com braços sobrepostos e eixo rígido com feixes de molas na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 18" com pneus 265/60 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores traseira, com ABS e ESP |
PESO | 2.032 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 5.354 mm, largura 1.860 mm, altura 1.815 mm, entre-eixos 3.220 mm; |
CAPACIDADES |
tanque 80 litros; capacidade de carga: 1.168 kg |
PREÇO | R$ 187.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1.COM (diesel) obs: PISTA MOLHADA | ||
---|---|---|
Ford Ranger 2.2 AT6 4x2 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h |
6,0 s |
|
0 a 80 km/h | 9,0 s | |
0 a 100 km/h | 13,3 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 10,1 s | |
80 a 120 km/h em S | 10,9 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 47,0 m | |
80 km/h a 0 | 28,8 m | |
60 km/h a 0 | 16,2 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 9,5 km/l | |
Ciclo estrada | 13,7 km/l |
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