Mesmo sendo uma das maiores fabricantes de carros do mundo, a Volkswagen mudou completamente a sua linha de produtos buscando uma nova direção. Se antes ficava atrás em termos de opções de SUVs, a ofensiva da marca alemã em criar uma linha realmente ampla é surpreendente. E o novo Volkswagen Taos, um SUV médio, é mais uma novidade que vai dar trabalho aos concorrentes.
O Volkswagen Taos foi criado para ocupar o espaço abaixo do Tiguan AllSpace em diversos mercados, como Brasil e Estados Unidos. Assim, a Volkswagen terá um competidor no nível de Jeep Compass e o futuro Toyota Corolla Cross para o nosso mercado, e modelos como Nissan Rogue Sport, Hyundai Tucson e Kia Seltos em outros países.
E, como outros modelos da Volkswagen, o Taos tem muito em comum com outros carros da marca - mesmo produzido em Puebla, no México, o Taos divide diversos componentes com sua contraparte chinesa VW Tharu. Mesmo assim, junto com o novo crossover elétrico ID.4, ele representa uma nova era para o desenvolvimento de veículos da Volkswagen. E tivemos a chance de ver um pouco disso em um primeiro contato com um protótipo do Taos.
Johan de Nysschen, chefe de operações do Grupo Vokswagen, disse que muito do sucesso futuro da marca está no desenvolvimento de modelos regionais, alinhados com o gosto de cada mercado. Logo, os dias que uma VW centralizando todas as decisões em sua matriz para comandar o mundo inteiro acabou. No lugar, o escritório em Wolfsburg irá fazer a estratégia geral da empresa, deixando os detalhes para os representantes locais.
O Taos usa a plataforma modular MQB, que equipa diversos modelos do Grupo VW ao redor do mundo, na versão original MQB-A1 - por aqui, esta arquitetura é usada em Jetta, Golf GTE e Tiguan AllSpace. A estrutura rígida identifica o crossover como um veículo de engenharia alemã, vestida com um estilo regional e com diversas modificações feitas a partir da opinião dos consumidores (na carroceria e interior principalmente, disse Nysschen). Isso significa que o Taos terá materiais únicos, ao invés de copiar o chinês Tharu em mercados globais.
Isso está claro logo ao ver a frente do Taos. Enquanto o Tharu utiliza um desenho próximo do Atlas/Terramont, a versão global se aproxima da identidade adotada pelo Tiguan renovado, com a grade e os faróis formando um leve "V". O para-choque também tem outro desenho. E espere por um visual levemente diferenciado para o modelo feito na Argentina para os nosso mercado, algo antecipado por Pablo Di Si, presidente da VW América Latina. A marca divulgou imagens do crossover camuflado e podemos ver um para-choque diferente, mudando a entrada de ar nas laterais e sem os faróis de neblina na parte inferior.
Para o mercado americano, o Taos terá uma novidade, sendo o primeiro modelo na região a adotar o 1.5 turbo no lugar do 1.4 turbo. É uma evolução do 1.4 TSI que fez sua estreia global na reestilização da sétima geração do Golf, recebendo tecnologias em prol do rendimento e redução de emissões, como cilindros revestidos com material de baixa resistência a fricção, enquanto a injeção controla os ciclos de temperatura para atingir o ponto ideal de trabalho o mais cedo possível.
O motor 1.5 turbo do Taos norte-americano roda no ciclo de combustão Miller, que fecha a válvula de admissão mais cedo para ajudar na eficiência. O mais impressionante é que o Taos será o primeiro carro daquele mercado a utilizar um turbo de geometria variável, o que colabora nas acelerações principalmente em baixas rotações, mas sem prejudicar as repostas em regimes de médias e altas. Em resumo, são 160 cv e 25,4 kgfm de torque que, apesar de serem números próximos do motor 1.4, principalmente em picos, tem uma melhor distribuição de força.
Infelizmente, não veremos esta motorização por aqui, pois executivos da marca já disseram diversas vezes que o Taos argentino terá o 1.4 turbo flex de até 150 cv, como temos no T-Cross Highline, Jetta e as versões GTS de Polo e Virtus - afinal, o motor é produzido em São Carlos (SP), barateando o veículo e já está preparado para aceitar etanol.
A melhora no motor é algo que percebemos logo que deixamos o estacionamento. Enquanto outros SUVs desta categoria penalizam seus motoristas com motorizações fracas, o Taos parece ser mais forte mesmo em baixa velocidade, com bastante torque no uso urbano. A força do 1.5 TSI não decepciona mesmo em rotações mais altas. O pequeno motor turbo da VW é extremamente capaz, atendendo desde quem procura eficiência até quem quer acelerar um pouco mais.
Os modelos com tração dianteira terão câmbio automático de 8 marchas. Já as versões com tração integral terão um câmbio automatizado de dupla embreagem com 7 marchas - que a VW ainda trabalha na calibração para o lançamento. O Taos produzido na Argentina para o Brasil terá somente a transmissão automática de 6 marchas e tração dianteira, embora existam rumores sobre uma variante 2.0 TSI com tração integral, que seria batizada como Taos GTI.
Em termos de dirigibilidade, o Taos promete bastante, mas não podemos evitar um pouco de preocupação ao rodar no protótipo pré-produção, que tinha alguns problemas. Ao rodar na estrada em uma velocidade mais alta, o Volkswagen é um pouco inquieto, com uma direção leve demais, o que exigia um pouco de controle constante. Ele é cerca de 29 cm mais curto que um Tiguan AllSpace, então o Taos pode sofrer um pouco das inquietudes de um modelo de entre-eixos curto. Mas os engenheiros da VW ainda terão alguns meses para acertar isso até o lançamento no começo de 2021 - isso se já não tiverem arrumado tudo e forem problemas que ficaram no protótipo.
O interior é atraente e confortável, com um estilo sofisticado e cheio de espaço, e com o painel de instrumentos digital. Infelizmente, não podemos mostrá-lo para vocês pois ainda não estava finalizado quando andamos no protótipo, então a VW não nos deixou xeretar muito na cabine (muito menos fazer fotos).
No entanto, podemos dizer que é competitivo na sua categoria em materiais e conforto. Utiliza materiais soft touch nos paineis das portas e nos apoios de braço, que tem boa textura e aparência. Não deu para fugir do plástico duro, que pode ser encontrado na parte de baixo do console e das portas, por uma questão de corte de custos para que ele fique abaixo do Tiguan.
A marca já confirma alguns dos equipamentos. Virá com a nova central multimídia VW Play com tela de 10", que foi desenvolvida aqui no Brasil e fez sua estreia no Nivus. Também contará com controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência com detector de pedestres, alerta de tráfego cruzado e freio de estacionamento eletrônico, embora a fabricante não tenha dito ainda o que será de série e o que virá apenas nas versões mais caras.
O Volkswagen Taos será revelado por completo no dia 13 de outubro, com uma apresentação global. A fabricante promete que ele chegará às concessionárias no 2º trimestre de 2021 por aqui, como modelo 2022. A fábrica em General Pacheco (Argentina) está finalizando o período de pré-produção e o carro já começou a ser visto nas ruas com menos camuflagem.
Os preços ainda são um mistério, mas estará posicionado acima do T-Cross Highline e abaixo do Tiguan. Isso significa que deve ficar entre R$ 130 mil e R$ 150 mil, pois o T-Cross com motor 1.4 TSI sai por R$ 122.390, enquanto o Tiguan 250 TSI com cinco lugares parte de R$ 145.430. O Taos pode até passar um pouco dos R$ 150 mil, já que a expectativa é que o Tiguan perca a versão mais básica para focar nas variantes de 7 lugares.
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