Prós e contras: Toyota Yaris Sedan XS 1.5 CVT

Quando o Toyota Yaris Sedan chegou às lojas, muito se perguntou se ele seria mais um Etios, um carro racional e que abre mão do refinamento para ter um preço mais acessível; ou se seria um mini-Corolla, trazendo o conforto e a dirigibilidade do sedã médio num pacote menor e mais acessível. O fato é que o modelo caiu no gosto do consumidor e já se aproxima das vendas do Corolla, o best-seller da marca, ao mesmo tempo em que empurrou o Etios Sedan para o mercado frotista. Como já havíamos avaliado a versão topo de linha XLS num comparativo contra o Honda City, agora optamos pela intermediária XS (R$ 78.490) para esse prós e contras. Vamos aos tópicos:

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Prós

O Yaris Sedan é um mini-Corolla? Ao menos em termos de conforto, ele chega bem perto disso. Mesmo nos momentos em que o motor fala mais alto, o isolamento acústico do Yaris é eficiente e mal dá para ouvir os sons da rua. E isso é um alívio, amplificado pelo fato de que o sedã ainda usa a mesma transmissão CVT do sedã médio, com funcionamento suave e esperto.

A suspensão também faz sua parte, com um ajuste macio, mas sem ser mole demais, deixando sua vida no trânsito bem tranquila ao passar em buracos e lombadas. Também é espaçoso, aproveitando o entre-eixos do Etios Sedã (mais longo que o do Etios hatch) para oferecer boa acomodação tanto na frente quanto atrás. Já o porta-malas é bom, mas distante dos melhores da categoria, com 473 litros.

Uma das características de modelos das marcas japonesas é que eles não têm opcionais. A versão que você escolher vai vir com aquela lista de equipamentos e ponto, sem cobrar nada extra para deixá-lo mais equipado. O Yaris XS é assim, trazendo um bom pacote de itens de série e deixando de lado poucas coisas realmente importantes.

Vem com central multimídia com tela de 7” sensível ao toque, vidros elétricos nas quatro portas e retrovisores elétricos com rebatimento também elétrico, ar-condicionado digital e automático, controles de estabilidade e tração com assistente de partida em rampas, direção elétrica, computador de bordo com 8 funções, volante multifuncional com paddle-shifts, faróis com acendimento automático, acabamento em couro e retrovisor interno eletrocrômico. Dos itens do modelo de topo XLS, só fazem falta os airbags extras (lateral, de cortina e de joelho) e o sensor de chuva. Também perde os faróis com projetores, teto-solar e lanternas em LEDs. 

Modelos com câmbio CVT costumam ser eficientes. Mas nem todos são agradáveis de dirigir, com um ligeiro "patinamento" do câmbio e excesso de ruído do motor gritando nas acelerações e retomadas. Felizmente, o CVT da Toyota é o melhor do mercado nacional. O Yaris usa a mesma caixa do Corolla, que tem uma primeira marcha mecânica para saídas, enquanto as demais são simuladas. Mesmo as "trocas" manuais são rápidas. 

Na prática, o Yaris Sedan parece ter mais que os 110 cv e 14,9 kgfm do motor 1.5 16V, por sua boa disposição. Em nosso teste, o Yaris Sedan 1.5 levou 11,5 segundos para chegar aos 100 km/h, menos do que os 11,8 s marcados por seu rival Honda City - que também utiliza um motor 1.5 e câmbio CVT. É melhor ainda nas retomadas, levando 8,6 s para ir de 40 km/h a 100 km/h, o que se traduz em agilidade no trânsito urbano.

Para completar, o consumo também é comedido: 8 km/litro na cidade e 11,9 km/litro, com etanol, em nossas medições. 

Contras

Direção elétrica é algo muito bom, exceto quando ela é leve a ponto de não ter nenhuma sensação. É o que acontece com o Yaris. Ela é progressiva e tem um pouco de peso em velocidades mais altas, mas, rodando devagar, ela é uma maria-mole e não transmite sensação alguma, o que incomoda num primeiro momento. Outro ponto negativo da direção do Yaris é que a coluna só ajusta em altura, ficando um pouco distante do motorista. E o volante ainda despenca ao se liberar a trava de regulagem, coisa que não combina com um carro desse preço e que quer mirar em antigos compradores do Corolla. 

A parte tecnológica é um dos pontos fracos da Toyota. Tirando os modelos mais caros, o resto da linha mostra a dificuldade da marca manter-se atualizada. A central multimídia do Yaris é, disparada, a melhor entre os modelos fabricados pela empresa na América do Sul, mas ainda tem funcionalidades abaixo do que encontramos no segmento.

Outro problema é causado pelo posicionamento da Toyota e que afeta não só o Yaris como os demais carros da marca. Ela se recusava a trabalhar com a Google por questões de segurança, deixando suas centrais multimídia sem compatibilidade com Android Auto, adotando somente o Apple CarPlay em alguns poucos modelos. Se você tem um celular com iOS, isso não é um problema, mas 93,2% dos celulares vendidos no Brasil em 2018 usam Android, então a fabricante acaba atendendo somente os 6% das pessoas (as que têm um iPhone). A montadora já mudou de ideia e diz que irá equipar seus carros com Android Auto, porém levará um tempo.

O Yaris demorou para chegar ao Brasil. A geração atual foi lançada na Ásia em 2013 e a que é feita aqui é o reestilizada de lá. Ou seja, o modelo pode trocar de geração muito em breve na Ásia e o mesmo não deve acontecer por aqui, já que ele ainda vai completar seu primeiro ano de loja em nosso mercado.

Embora a embalagem seja bonita, temos que lembrar que, por baixo, o Yaris está um pouco datado. A plataforma é a EFC do Etios, feita para mercados emergentes. É uma arquitetura que está aí desde 2010, quando o Etios foi lançado na Ásia. O motor é mais atual, uma versão atualizada lançada em 2016, porém, a mídia chinesa diz que a fabricante já trabalha em um novo 1.5 de três cilindros para a próxima geração do Yaris.