Se lançar um carro esportivo já exige (muito) da equipe de engenharia de qualquer fabricante, imagine quando a base escolhida é de um popular nascido para ser barato. Pois a Renault convocou a sua divisão de competições, a Renault Sport, para dar alma e coração ao Sandero. Eis que nasceu o nosso já conhecido - e bem avaliado - Renault Sandero R.S.
Desde seu lançamento em 2015, foram vendidos cerca de 2.200 Sandero R.S. Parece pouco, mas considere que é uma versão com um público bem específico e de olho basicamente em adrenalina e emoção. Para celebrar esta marca (e diferenciar a linha 2018), a marca francesa lança agora a série Racing Spirit, com detalhes visuais diferenciados e produção limitada em cerca de 1.500 unidades (pode chegar a 2.000 dependendo do público e da distribuição para a Argentina).
Em resumo, pegaram o Sandero R.S e o vestiram com traje mais chamativo. A fantasia inclui detalhes vermelhos na faixa lateral, espelhos retrovisores, rodas, pinças de freio, para-choque dianteiro, painel de instrumentos, bancos, saídas de ar e soleira das portas. Pronto, está feito o Racing Spirit. Ao menos, ele manteve todas as (boas) qualidades que a Renault Sport incorporou ao, até então, pacato Sandero: suspensão trabalhada para maior estabilidade, com molas, amortecedores e barras estabilizadoras específicas, motor 2.0 de 150 cv e o câmbio manual de 6 marchas com relações bem curtas.
E onde os proprietários de um modelo esportivo, com toque das pistas, poderão usar todo o potencial de seus carros? Na pista, lógico. Para isso, a marca está organizando o "Sandero R.S. Speed Experience", um track day em autódromos pelo Brasil exclusivo para o modelo. Para a apresentação do Racing Spirit, foi escolhido o Autódromo Internacional de Curitiba, que já foi palco da Stock Car.
O Sandero R.S. já era um conhecido meu. Mas um autódromo permite explorar muito mais os limites do hot hatch e mostrar o que ele pode fazer em seu habitat. Para a linha 2018, a maior modificação do R.S está nos pneus. Saem os Continental ContiSportContact 3 e entram os Michelin Pilot Sport 4, que segundo a Renault, permitem frenagens em espaços mais curtos.
Em um curto trajeto pela cidade de Curitiba, notamos uma leve melhora no conforto do Sandero R.S. com os novos pneus. Mas ainda é um carro duro, como esperado em um esportivo, e que pode causar algumas reclamações de quem não entendeu que ali não está um simples Sandero. Mas vamos ao que realmente importa: pista!
O Autódromo Internacional de Curitiba, recentemente ameaçado pelo mercado imobiliário, se mantém vivo até segunda ordem. São exatos 3.695 m de extensão para a alegria dos pilotos. Apesar de achar que um circuito mais travado, como o da Fazenda Capuava em SP, era melhor para o Sandero R.S., ele não fez feio naquela sexta-feira que misturava sol e frio na capital paranaense.
"Aqui na reta, pode frear na placa de 100 metros", disse o instrutor Cacá Clauset antes que eu saísse dos boxes com o R.S. O primeiro "S" já fiz comendo as zebras e de pé embaixo. Como é bom relembrar a capacidade de fazer curvas do Sandero esportivo! Entre os três modos de pilotagem (Standard, Sport e Sport+), escolhi a mais agressiva, na qual os controles de tração e estabilidade estão adormecidos. Mas o melhor é que, mesmo provocado, não houve necessidade deste tipo de "ajuda".
Uma curva à direita, reta e uma curva fechada. Em um trecho curto, chego na quinta marcha. O câmbio do R.S tem relações bem curtas, para aproveitar a força do 2.0 16V (F4R) de 150 cv e 20,9 kgfm. Curva feita, pé embaixo novamente. Uma leve curva para a esquerda e entro em um trecho rápido da pista que, caros leitores, faço com a maior vontade de colocar um carro desse na minha garagem. "Na mão", o hatch tem o peso da direção (eletro-hidráulica) exato, uma experiência amplificada pelo volante vindo do Clio RS, de menor diâmetro.
Reta de chegada. Entro já com o "pé no porão", com outro Sandero na minha bota, e vejo que velocidade máxima não é o forte do esportivo, que chega a 202 km/h na ficha técnica, mas demora a chegar lá. Fecho a volta nos 140 km/h e sigo até os 150 km/h antes de frear na placa de 100 metros... o que é cedo ainda. Com o conjunto de disco nas 4 rodas, dava pra abusar nos 50 metros (o carro que estava atrás de mim fez isso e acabou me passando). Vacilei...
A série Racing Spirit custa R$ 66.400. São R$ 3 mil a mais que o R.S. comum, mas as rodas de 17" são itens de série e opcional no carro "básico" (R$ 1 mil a mais), então chegamos aos R$ 2 mil de diferença. Há uma plaqueta numerada entre os bancos semi-concha dianteiros, com o desenho do autódromo de Brno, na República Tcheca, importante para a Renault Sport. A marca diz que até estudou colocar Interlagos, mas criaria "problemas" com os vizinhos Argentinos. Uma pena.
Sim, eu teria um Sandero R.S. na minha garagem. Ele é a forma mais barata de ter um esportivo 0 km na garagem e ainda desfrutar de ar-condicionado automático, central multimídia e outros "mimos". Mas confesso que faria algumas "maldades" para ganhar, digamos, uns 50 cv. Ele tem conjunto para suportar esse "upgrade" sem problemas.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.998 cm3, comando duplo, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 145/150 cv a 5.750 rpm/20,2/20,9 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | manual de seis marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | de alumínio aro 17" com pneus 205/45 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira, com ABS e EBD |
PESO | 1.161 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.068 mm, largura 1.733 mm, altura 1.499 mm, entre-eixos 2.590 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 320 litros, tanque 50 litros |
PREÇO | R$ 66.400 |
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