Honda e Volkswagen tomaram decisões parecidas para seus sedãs médios, Civic e Jetta. Deixaram para City e Virtus o papel de sedãs de volume, mesmo sendo compactos "evoluídos", e colocaram os médios em dois nichos de mercado com volume menor e maior valor agregado. Enquanto o VW Jetta GLI é um esportivo, o Honda Civic e:HEV é um híbrido, sendo ambos etiquetados acima dos R$ 200 mil.
Colocamos a dupla lado a lado não para eleger um campeão, já que tem propostas diferentes, mas justamente para mostrar o que cada um oferece e ajudar um comprador de sedã médio com essa grana no bolso a não escolher o carro errado. Você pode levar para casa um bom esportivo em diversos sentidos ou um bom híbrido carregado de tecnologias e apontando para os premium sem medo. Qual seria a sua escolha?
A Honda colocou o Civic em um patamar superior que o da geração anterior, nacional. Claramente apontando para o segmento premium, trazer o Civic da 11ª geração como um híbrido conversa com esse público que acredita na eletrificação. E esse caminho é claro não apenas pelo conjunto mecânico, mas também por acabamento, refinamento de rodagem e equipamentos.
O Civic já era um bom sedã médio e a 11ª geração evoluiu consideravelmente. Produzido na Tailândia, é perceptível o quanto ele melhorou em termos de construção pela rigidez da sua estrutura e como ela trabalha com suspensão e isolamento acústico, por exemplo. Não fica devendo diante de modelos da BMW e Audi em qualidade de rodagem, justamente uma turma onde a Honda quer colocar um ponto de dúvida com o Civic e:HEV.
Ao volante, lembra muito mais a geração anterior do Accord que o Civic G10. A suspensão foi acertada para dar conforto aos ocupantes, assim como a escolha de rodas de 17" com pneus 215/50. Esse conjunto precisa achar um buraco mais profundo para reclamar, mesmo se tratando de um carro importado. A direção é leve no uso diário e em manobras, com boa comunicação em velocidades mais altas.
Esse refinamento segue em acabamento. Material suave ao toque no painel e nas portas, inclusive traseiras, conversam com detalhes em preto, um plástico texturizado em detalhes onde as mãos tocam - evitam aquelas marcas de dedos do preto brilhante -, maçanetas em alumínio e botões com toque bom nos comandos de vidros e comandos do ar-condicionado. O visual limpo conversa com a sobriedade do design exterior, algo que marca essa geração quando o comparamos com o G10.
A grande estrela do novo Civic é o conjunto híbrido. Chamado e:HEV, tem dois motores elétricos, sendo um gerador e o outro propulsor, instalados na transmissão de uma só marcha. Um 2.0 aspirado com injeção direta entra em ação em duas situações: para recarregar as baterias para o sistema elétrico, gerar energia diretamente para o motor elétrico ou para locomover o carro em velocidades constantes, onde é mais eficiente. Por isso que não se soma a potência deles, já que nunca fazem o papel de propulsão juntos: o elétrico tem 184 cv e 32,1 kgfm e o 2.0, 143 cv e 19,1 kgfm.
A prioridade do Civic é trabalhar com o motor elétrico e acionar o 2.0 apenas quando necessário. A bateria de 1,05 kWh é pequena e pede constantemente recarga, mas o Civic chegou aos 23,5 km/litro na cidade e 21,7 km/litro na estrada, números de respeito para um eletrificado que não pede fonte externa de recarga. Se vale uma reclamação, o 2.0 acaba aparecendo demais em ruído quando acionado, principalmente com mais carga de acelerador. Poderia ser melhor isolado do restante do carro.
Carros são bem mais que apenas números, principalmente quando vamos aos esportivos. O sedã com seu 2.0 turbo de 231 cv e 35,7 kgfm levou 6,8 segundos para chegar aos 100 km/h em nosso teste. Animador, se não fosse o mesmo número do Civic híbrido, ajudado bastante pelas respostas imediatas dos 184 cv do motor elétrico.
Mas um carro vai além disso. O Jetta GLI se comunica bem mais com o motorista que o Civic, com direção mais direta, suspensão mais firme e o câmbio de dupla embreagem com 7 marchas trabalhando com o motor 2.0 turbo tanto para as trocas suaves do modo Eco quanto nas trocas rápidas e o controle de largada no Sport. Ronco, motor mais presente, trocas de marchas com trancos no modo esportivo e opção de trocas manuais, bloqueio do diferencial, tudo isso é um agrado ao motorista.
Não tem o acabamento tão cuidado quanto o Civic, mas usa bons materiais, e também aposta no painel 100% digital e um sistema multimídia com espelhamento. Tem um estilo mais esportivo com as costuras vermelhas nos bancos, que abraçam mais o corpo, e LEDs que mudam de cor conforme o modo de condução ou selecionável pela central multimídia. Os comandos de ar-condicionado são mais antigos, mas fácil de entender o funcionamento.
Não é tão confortável quanto o Honda, mas por ser um esportivo com suspensão pouco mais firme, não chega a ser um sedã desconfortável. Só dá para sentir se você tiver contato com o Civic ou outro sedã, por exemplo, mas entendendo a proposta do GLI. Ele compensa na dirigibilidade afiada, direção direta, com bloqueio de diferencial e vetorizador de torque, e pouca rolagem de carroceria. E sentir o 2.0 turbo entregando o torque com o o som do turbo sugando ar é algo que ainda agrada a alma.
Visualmente, o Jetta GLI deixa claro que é um esportivo e segue um caminho diferente do Civic. Rodas de 18" com pneus 225/45, pinças de freio em vermelho, frisos vermelhos, grade colmeia, um discreto aerofólio na traseira, duas ponteiras de escape e linhas mais retas e marcadas nas laterais são detalhes que marcam essa versão do Jetta desde seu lançamento e levemente mudada na reestilização.
Você só não terá o consumo do Civic e:HEV. O Jetta GLI se aproveita mais da força em altas do motor 2.0 para ter melhores retomadas, mas o consumo passa longe do Honda, obviamente, mas ainda com 10,1 km/litro na cidade e 15 km/litro na estrada, graças a um câmbio de 7 marchas e as respostas do turbo em baixas. E onde eles se equivalem?
Jetta e Civic ainda são sedãs de mais de R$ 200 mil. Existe sim uma briga quando falamos em acomodar os ocupantes e o pacote de tecnologias que cada um oferece. O Jetta GLI é maior em comprimento (4.747 mm vs. 4.679 mm), mas o Civic tem o maior entre-eixos, o número que importam na hora de falar em espaço interno.
O Civic tem 2.735 mm e acomoda melhor seus ocupantes. No banco traseiro, maior espaço para as pernas e ombros, enquanto na dianteira é mais arejado. Tem bancos maiores e mais confortáveis, mas o Jetta GLI se justifica pela proposta esportiva dos bancos que abraçam mais o corpo. O Honda também oferece saída de ar para o banco traseiro e duas portas USB. E, diferente do Jetta, tem o mesmo acabamento nas 4 portas. No porta-malas, uma leve vantagem do GLI: 510 litros versus 495 litros.
O pacote tecnológico de ambos é bem parecido. O Jetta GLI 2023 recebeu alerta de ponto-cego e assistente de faixas, ausentes na linha 2022, que se juntaram ao piloto automático adaptativo e o alerta de colisão com frenagem automática. O sistema de frenagem detecta carros e pedestres. O Civic tem tudo isso, mas o funcionamento principalmente do ACC e do assistente de faixas é superior, mais próximo dos modelos premium. O Civic também tem sistema de som Bose como outra vantagem ao Jetta.
Ambos trazem bancos dianteiros elétricos para o motorista, com memória no Jetta. Painel de instrumentos digital é também algo básico entre eles, com sistema multimídia de 8" no Civic e 10" no Jetta GLI. No pacote de equipamentos, o Civic híbrido é mais interessante, assim como o espaço interno, mas cobra por isso - R$ 17.910, para ser mais exato.
Por estilo de condução, Jetta e Civic são bem diferentes. Se analisarmos como sedãs médios de mais de R$ 200 mil, o Civic passa maior refinamento e mais tecnologia, fruto de um projeto mais novo e mais caro. O mesmo vale para conforto e acomodação dos ocupantes, mas era esperado em um comparativo entre um esportivo e um modelo que já aponta para os premium. Qual é a sua escolha?
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
Honda Civic e:HEV 2.0 | VW Jetta GLI 2.0T | |
MOTOR |
dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.993 cm³, duplo comando de válvulas variável, injeção direta, gasolina + 1 motor elétrico propulsor, 1 motor elétrico gerador
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dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.984 cc, 16 válvulas, duplo comando com variador de fase em admissão e escape e de tempo no escape; injeção direta, turbo, gasolina
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POTÊNCIA/TORQUE |
combustão: 143 cv a 6.000 rpm; 19,1 kgfm a 4.500 rpm/elétrico:184 cv, 32,1 kgfm
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231 cv de 5.000 a 6.200 rpm; 35,7 kgfm de 1.500 a 4.400 rpm
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TRANSMISSÃO |
automático de 1 marcha (e-CVT), tração dianteira
|
automatizado de dupla embreagem com 7 marchas; tração dianteira
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SUSPENSÃO E RODAS | McPherson na dianteira, multilink na traseira; rodas de 17" com pneus 215/50 R17 | McPherson na dianteira; multilink na traseira; rodas de 18" com pneus 225/45 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
PESO | 1.449 kg em ordem de marcha |
1.476 kg em ordem de marcha
|
DIMENSÕES | comprimento 4.679 mm, largura 1.802 mm, altura 1.432 mm, entre-eixos 2.735 mm; | comprimento 4.747 mm, largura 1.799 mm, altura 1.478 mm, entre-eixos 2.680 mm |
CAPACIDADES | tanque 40 litros; porta-malas 495 litros | tanque 50 litros; porta-malas 510 litros |
PREÇO | R$ 244.900 | R$ 226.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina) | ||
---|---|---|
Honda Civic e:HEV | VW Jetta GLI 2.0T | |
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,4 s | 3,7 s |
0 a 80 km/h | 4,8 s | 5,1 s |
0 a 100 km/h | 6,8 s | 6,8 s |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 5,8 s | 4,8 s |
80 a 120 km/h em S | 5,0 s | 4,4 s |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 23,5 km/l | 10,1 km/l |
Ciclo estrada | 21,7 km/l | 15,0 km/l |
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