Um rumor bem antigo na indústria automotiva argentina era que a Volkswagen poderia produzir a Caddy no país vizinho. A van rival de Citroën Berlingo, Fiat Doblò, Peugeot Partner e Renault Kangoo usava a plataforma PQ35 do Golf e exigiria um investimento. A empresa sempre negou estes rumores, o que realmente não aconteceu. Porém, o ex-presidente da marca na América Latina, Pablo Di Si, agora revela que o projeto existiu.
Di Si foi promovido para o comando da Volkswagen América do Norte e retornou para a Argentina na semana passada, para dar adeus à sua equipe e visitar a fábrica de Pacheco pela última vez. Participou de um café da manhã e o Motor1.com Argentina teve a chance de conversar com o executivo, que fez um resumo de sua gestão: "Quando assumi a Volkswagen Argentina, a filial se encontrava em uma situação difícil. Hoje temos uma produção industrial sólida e com um futuro para os próximos dez anos. Temos uma rede de concessionários forte e temos uma super equipe de colaboradores."
Motor1.com Argentina perguntou se Di Si poderia fazer um balanço dos projetos que tornaram-se realidade e os que foram descartados. O executivo respondeu: "Quando cheguei à VW Argentina, a situação da fábrica era desesperadora. Seu futuro parecia condenado. Na Alemanha, nos propuseram produzir a Caddy em Pacheco e eu respondi: 'A fábrica está morrendo. Se fizermos a Caddy, a morte será ainda mais rápida.' Por sorte, eles nos escutaram e graças ao trabalho realizado junto ao sindicato Smata, pudermos reverter a situação e salvar Pacheco com o Projeto Tarek, que foi um investimento que nos permitiu produzir a Plataforma MQB e o Taos, e construir uma nova linha de pintura".
O projeto para produzir a Caddy na Argentina apareceu em dezenas de rumores, que foram várias vezes desmentidos pelas fontes oficiais, mas que ainda assim circularam com intensidade entre 2010 e 2015. Naquela época, a fábrica argentina produzia somente a Amarok e a SpaceFox. A Caddy é um furgão do segmento B que existia na Europa há anos. Recebeu uma nova geração em 2020, adotando a plataforma MQB.
Apesar da VW ter negado na época, o Motor1.com Argentina flagrou a Caddy rodando por Córdoba dezenas de vezes. A marca sempre disse que era uma unidade usada para testar as caixas de transmissão que a empresa produz por lá e exporta para vários lugares do mundo, equipando a Caddy e outros modelos.
Di Si não revelou porquê ele acreditava que a Caddy teria acelerado o fim da fábrica da Volkswagen na Argentina. Em sua trajetória na região, o executivo também liderou algumas jogadas arriscadas, cujos resultados ainda não são conhecidos: impulsionou o desenvolvimento do inédito Polo Track (substituindo o Gol como o carro de entrada da marca); convenceu a Itália a montar motos da Ducati em Córdoba; e conseguiu um investimento para que a Argentina seja o único lugar do mundo a reestilizar a 1ª geração da Amarok, ao invés de receber a nova geração da picape média.
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