Diversas reportagens recentes têm chamado a atenção para um esquema de venda que cresce a cada dia: a dos carros "só para rodar". Nesta modalidade, são negociados veículos com financiamentos que não foram pagos, multas, impostos em atraso, busca e apreensão e até roubados. O principal canal de negociação são as redes sociais, em grupos públicos ou fechados.

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Diferentemente de uma compra tradicional, onde o cliente às vezes se surpreende com multas e débitos não revelados na hora de fechar o negócio, no esquema "só para rodar" ninguém é enganado. O comprador sabe exatamente o que está levando para casa: um carro cheio de débitos (muitas vezes superior ao valor do próprio veículo) com preço bem abaixo do mercado. Mas que pode ser apreendido em uma blitz. 

No esquema, as trocas também são muitos comuns, e muitos interessados oferecem outros carros "só para rodar", bem como "rolo" com diversos objetos como TVs, celulares e uma infinidade de coisas. Geralmente a pessoa posta o anúncio no Facebook e as peguntas são respondidas ali mesmo, ou via aplicativo WhatsApp. 

Para entender melhor como funciona o esquema, acessamos um grupo e nos deparamos com alguns anúncios. Por exemplo, um VW Gol 1997 em que o dono pede apenas R$ 1.700. "Com direção hidráulica, rodas de ferro aro 14" e papel puxado" - papel puxado é o termo para o veículo que não tem queixa de roubo ou furto, "apenas" pendência de débitos. Em outro anuncio, uma Toyota Hilux "NP" é oferecida por R$ 35 mil. NP é o termo para "ninguém paga", quando o dono deixou de pagar o financiamento e repassou o carro para terceiros, que também não irão liquidar as parcelas. 

De acordo com o Detran, não há crime em comprar ou vender carros com débitos. O que a lei determina é que o comprador tem 30 dias para liquidar débitos e fazer a transferência do veículo para o seu nome. Descumprir esse prazo é infração grave, sujeita a multa de R$ 293,47, além da apreensão do veículo e remoção ao pátio. 

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