Teste: Hyundai HB20 1.6 Premium - O hit do momento toca bem afinado
Teste: Hyundai HB20 1.6 Premium - O hit do momento toca bem afinado
Se tem um carro que posso dizer que conheço desde antes de nascer, esse é o HB20. Desde as visitas iniciais dos coreanos ao Brasil para análise dos concorrentes até o primeiro contato com o hatch no centro de desenvolvimento da Hyundai em Namyang, um ano antes da estreia oficial, dava para perceber que a marca não estava blefando ao falar de sua missão: fazer um compacto pensado para o mercado nacional com qualidade de Honda Fit e preço de VW Gol.
Depois das (boas) impressões colhidas em Namyang, na Coreia do Sul, meu contato com o HB20 tinha sido sempre em pistas fechadas. Faltava o teste das ruas, onde o carro finalmente mostraria, na prática, tudo aquilo que ele havia sido projetado para fazer. E aqui estou a bordo da versão Premium 1.6 manual. Ainda lembro como se fosse hoje dos engenheiros coreanos me enchendo de perguntas logo após eu descer do hatch (ainda no estágio de protótipo) no campo de provas da matriz. Na época, escrevi que a Hyundai estava para estabelecer um novo padrão de carro compacto no Brasil.
Após o contato mais íntimo com o hatch durante uma semana, com direito aos testes CARPLACE, vejo que não exagerei. O carrinho tem uma lista de qualidades (e alguns defeitos, claro) que o elevam a atual referência do segmento de compactos - com o Chevrolet Onix ali perto, na minha opinião. Para começar, o que mais chama a atenção é a qualidade de construção (algo tão buscado pelos engenheiros coreanos). Pode reparar na junção das chapas da carroceria (sem gaps), na montagem do painel, nas borrachas de porta... Tudo é feito com esmero. Você pode até puxar a alça de apoio dos passageiros (o popular "pqp") que não vai encontrar rebarbas plásticas atrás da peça - algo comum nesta categoria. E isso vale também para as versões 1.0, que apesar de mais simples apresentam a mesma preocupação com os detalhes. No geral, o carro transmite uma agradável sensação de solidez.
Novidades 2013
Claro que eu também tinha feito minha listinha de defeitos, mas aí veio a Hyundai e anunciou algumas correções para a linha 2013, derrubando alguns de meus argumentos. O que eu mais tinha estranhado era a iluminação noturna (antes eu só havia dirigido o carro de dia), que misturava elementos em azul com alguns comandos na cor verde. Pois agora tudo ficou azul, literalmente - seguindo os modelos importados da marca. Mais uma reclamação iria para a economia de adotar o comando "um toque" apenas para a janela do motorista. Resolvido: todas as janelas ganharam o recurso nessa versão Premium, além de poderem ser abertas/fechadas pelo controle remoto da chave. Outra anotação que fiz era detalhe (as palhetas do para-brisa não são do tipo rodinho), mas o Onix traz isso (outros carros mais baratos também) e o HB devia ter. Pronto, o modelo 2013 tem.
A Hyundai também aproveitou para incluir a conexão Bluetooth para celular nos modelos com o sistema de som de fábrica, além de oferecer um aparelho mais simples na versão Comfort 1.6 (sem CD player, mas com entradas USB e auxiliar). Só que esse som mais básico perde uma coisa legal do HB20, que é a localização das entradas USB/auxiliar no console dianteiro, com direito a uma tampinha corrediça. Assim, você pode deixar seu celular/MP3 player escondido dos olhares de cobiça. Também há uma gavetinha sob o banco do motorista, para deixar pequenos pertences, além de bons porta-copos no console central e porta-garrafas nas portas.
A vida a bordo é boa, mas nesse ponto ainda fico com o Onix. O Hyundai feito em Piracicaba (SP) tem a cabine um pouco mais estreita e os bancos não são tão confortáveis quanto os do Chevrolet. Levei algum tempo até achar uma posição ideal para dirigir, principalmente porque o ajuste de altura do banco é ruim - por uma roldana que só muda a inclinação do assento. O volante, em compensação, tem ótima pegada e um toque agradável de couro nessa versão, que lembra a textura dos volantes da Audi. Os comandos em geral estão bem localizados (menos o botão "Trip" do computador de bordo, perto dos instrumentos em vez de na alavanca de seta), mas a área central do painel (onde ficam os comandos do ar condicionado) destoa um pouco do desenho arrojado do interior. Um aparelho de ar digital cairia bem nessa versão top, não? Já o belo quadro de instrumentos faz a gente se sentir num mini-Elantra.
Embora tenha menos área útil que o Onix, o HB20 recebe bem até quatro adultos. Atrás, uma pessoa de até 1,80 m viaja confortável e o assento rebaixado livra os mais altos de baterem a cabeça no teto. Mas essa característica, em conjunto com a linha de cintura elevada, deixa os mais baixinhos "afundados" atrás da porta, com pouca visão do mundo lá fora. Outra coisa que causa estranheza é que as portas traseiras não trazem forração de tecido - só as da frente. O porta-malas, por sua vez, é muito bom para a categoria: 300 litros num compartimento com quase nenhuma interferência das torres da suspensão traseira, o que facilita no aproveitamento do espaço. Por fim, o estepe posicionado sob o forro traz roda de liga.
Rápido e leve
Mas o melhor do HB20 aparece mesmo em movimento. E os méritos vão em grande parte para o motor Gamma 1.6, um dos melhores dessa cilindrada à venda no Brasil - uma unidade moderna, com bloco de alumínio, 16 válvulas e comando duplo variável. Com bons 128 cv no etanol, o propulsor sobe de giro rápido e exibe suavidade em altas rotações, tornando a dirigibilidade até empolgante - e fazendo das esticadas de marcha algo comum, mesmo para quem não costuma andar assim. O torque em baixos giros não deixa a desejar (o máximo é de 16,5 kgfm a 4.500 rpm), mas é a partir das 3.500 rpm que esse 1.6 realmente mostra a que veio. A marca de 10,3 s em nosso teste de 0 a 100 km/h reflete bem a esperteza do hatch nas saídas.
O uso na cidade também é favorecido pela leveza dos comandos. Pedais, câmbio e direção são bastante leves, tornando a condução cotidiana menos cansativa - sem falar na maciez da suspensão, que absorve com competência a maioria dos buracos, lombadas e valetas. Tive oportunidade de dirigir um Gol no tempo em que estive com o HB e a diferença de "peso" no manejo do carro é claramente favorável ao Hyundai. Até mesmo no câmbio o novato conseguiu chegar ao nível do Gol, o melhor da classe nesse quesito, com engates macios e curtinhos. Nos testes de consumo, porém, o coreano não chegou a se destacar: 7,8 km/l em ciclo urbano e 11,4 km/l no rodoviário, ambos medidos com etanol no tanque.
Bom de andar no dia a dia, o HB20 também mostra disposição em viagens. O motor elástico favorece as retomadas para ultrapassagens e a relação do câmbio está bem acertada: a 120 km/h, em quinta marcha, o conta-giros aponta pouco mais de 3.000 rpm e o ruído na cabine é baixo. Em velocidades mais elevadas, no entanto, o hatch não se sente tão à vontade. A maciez dos comandos que agrada no trânsito deixa o carro um pouco "solto" na estrada, com o volante leve demais. Não que a estabilidade seja ruim (o hatch tem movimentos bem controlados e previsíveis), mas a carroceria inclina bem nas curvas e desvios rápidos, além balançar nas frenagens mais fortes. Creio que, em nome da preocupação com o piso brasileiro, a Hyundai preferiu não arriscar e apostou no conforto. Da mesma forma, a escolha de rodas e pneus foi conservadora: 185/60 em aros 15. Pelo que anda esse HB 1.6, eu gostaria de vê-lo com aros 16 e solados 195/55. Quem sabe numa futura versão esportiva?
Façam fila
O sucesso não só do carro em si, mas também da estratégia da Hyundai (5 anos de garantia e seguro e manutenção com preços fixos) está se revertendo em filas de espera nas concessionárias. Quem esperou até agora, porém, já vai levar o carro 2013 com as novidades promovidas pela marca - que no caso dessa versão Premium inclui o tão pedido Bluetooth. Só que o ano novo trouxe também uma tabela de preços nova, já com o retorno gradual do IPI. Desse modo, o carro testado passou de R$ 44.995 para os atuais R$ 46.595 - com ar, direção, duplo airbag, ABS, comandos do som no volante, trio elétrico, rodas de liga e computador de bordo como itens de série. O HB20 básico 1.0 agora parte de R$ 32.935, ainda sem ABS.
A resposta rápida da Hyundai ao fazer mudanças em tão pouco tempo após o lançamento sinaliza que a marca está atenta aos anseios do consumidor brasileiro. E a família HB20 vai crescer em breve. Confira aqui a primeira avaliação do HB20X, a versão aventureira do hatch, já na semana que vem. Fique ligado!
Por Daniel Messeder
Fotos Rafael Munhoz exclusivo para o CARPLACE - Portfólio Flickr
Ficha técnica – Hyundai HB20 1.6 Premium
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.591 cm3, comando duplo variável, flex; Potência: 122/ 128 cv a 6.000 rpm; Torque: 16,0/ 16,5 kgfm a 4.500 rpm; Transmissão: câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção: hidráulica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Peso: 1.000 kg; Capacidades: porta-malas 300 litros, tanque 50 litros; Dimensões: comprimento 3,900 mm, largura 1,680 mm, altura 1,470 mm, entreeixos 2,500 mm
Medições CARPLACE – valores entre parênteses se referem ao teste com ar-condicionado ligado
Aceleração
0 a 60 km/h: 4,5 s (4,7 s)
0 a 80 km/h: 6,8 s (7,1 s)
0 a 100 km/h: 10,3 s (10,8 s)
Retomada
40 a 100 km/h em 3a: 10,6 s (N/A)
80 a 120 km/h em 5a: 16,6 s (N/A)
Frenagem
100 km/h a 0: 42,9 m
80 km/h a 0: 26,2 m
60 km/h a 0: 14,7 m
Consumo
Ciclo cidade: 7,8 km/l
Ciclo estrada: 11,4 km/l
Números do fabricante
Aceleração 0 a 100 km/h: N/D
Consumo cidade: N/D
Consumo estrada: N/D
Velocidade máxima: N/D
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