Trocas em montadoras são mais comuns do que a maioria das pessoas pensam, sejam em desenvolvimento, seja no compartilhamento de algumas peças, na motorização, ou até mesmo modelos completos. É o caso da Autolatina, por exemplo, talvez o mais famoso aqui no Brasil.
Na época, durante 1987 e 1996, os mercados argentino e brasileiro viram alguns curiosos modelos saírem da linha de produção da Ford e da Volkswagen, como o Gol, líder do mercado na época, com motor CHT, utilizado no Escort, e a marca dos EUA utilizando a base do Santana para criar um sucessor às pressas para o Del Rey, que, com a abertura das importações no mercado brasileiro em 1990, pelo então presidente Fernando Collor, não tinha mais condições de disputar com outros sedãs médios vindos de todos os lugares do mundo.
Gol 1000 utilizava motor CHT do Ford Escort
Ford Versailles, o substituto do Del Rey feito com base do VW Santana
Mas isso é outra história. Hoje, falaremos um pouco de um modelo vendido alguns anos depois e que também gerou o modelo de outra marca. É o Suzuki Fun, a versão argentina do Chevrolet Celta, vendida entre os anos de 2003 e 2011 no país do tango.
O modelo foi uma troca entre General Motors e Suzuki, numa época em que as duas tinham uma ligação bem curiosa: a japonesa vendida alguns GM no Japão, enquanto na América do Norte os modelos da Suzuki foram vendidos como Chevrolet e Geo, com foco nos jovens. Era a principal maneira da marca de atrair os clientes de RAV4 e Corolla por lá.
Suzuki Fun
Chevrolet Celta
Essa relação só podia existir porque as duas iniciaram uma parceria global nos anos 80, quando o grupo GM comprou cerca de 5% de participação da japonesa. Na década seguinte, essa participação dobrou. Em 2001, esse número passou de 20% e durou até meados da década, quando a própria Suzuki começou a comprar de volta ações que estavam com a General Motors, algo que foi concluído até 2011, como uma das consequências da crise econômica de 2008.
Já na América do Sul, enquanto o acordo estava vigente, cobria a fabricação do Suzuki Vitara de segunda geração em Rosário, na Argentina, que foi oferecido no Brasil como Chevrolet Tracker, durante os anos de 2001 e 2007. O SUV foi uma das primeiras opções de SUV compacto no Brasil, mas ainda era caro para o consumidor médio, que só abraçou a categoria de vez com a chegada do Ford Ecosport, um carro nacional e baseado no Fiesta, em 2003.
Chevrolet Tracker 2006, que era originalmente um Suzuki Vitara de 2ª geração
E como recebíamos o Tracker, em troca a Argentina recebia o Celta com o logotipo da marca japonesa. O carro era literalmente o compacto de entrada da Chevrolet, ou seja, o mesmo hatch baseado na plataforma GM4200 utilizada na segunda geração da família Corsa e no cupê Tigra. Por lá, foi lançado com o motor 1.0 MPFI de 62 cv e 8,3 kgfm de torque na carroceria duas portas, estreando depois a versão de quatro portas em meados de 2004 com motor 1.4 de 85 cv e 11,8 kgfm. As motorizações, vale lembrar, eram sempre a gasolina por lá.
O modelo durou até 2011, quando foi substituído pela 2ª reestilização do Celta, vendido pela Chevrolet. O hatch substituiu sua versão Suzuki e o Classic em versão hatch, que ainda estava disponível no país hermano, de uma vez.
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