A compra e resgate da Chrysler
No final da crise financeira de 2008, a indústria automotiva norte-americana estava de joelhos, com as três principais fabricantes do país, General Motors, Ford e Chrysler, pedindo ajuda do governo para não quebrar.
A Chrysler era a que mais sofria. Sem conseguir emplacar nenhum modelo de sucesso após a crise financeira, a fabricante pediu falência no final dos anos 2000. Em 2009, a Fiat apareceu. Marchionne fez um acordo genial com o governo norte-americano. Os EUA emprestaram US$ 6 bilhões e a companhia tinha que pagar de volta e lançar um veículo compacto e econômico no país – em uma época que o combustível estava caro e o mercado estava inclinado para este tipo de carro. Este modelo acabou sendo o novo Dodge Dart, que até já saiu de linha.
Deu tão certo que, em 2011, a Fiat pagou de volta o empréstimo do governo e começou a comprar o restante da Chrysler. Em 2012, já era dona de 58,5% da empresa. Em 2014, comprou o resto das ações e iniciou a fusão, criando a Fiat-Chrysler.
Separar Fiat e Ferrari
A Ferrari era uma subsidiária da Fiat desde 1969, quando comprou mais de 50% da marca esportiva – na época, a Ford negociava uma possível fusão com a Ferrari.
Após finalizar a fusão entre Fiat e Chrysler, Marchionne voltou seus olhos para o outro lado e começou a separar a Ferrari do resto do grupo, para que operasse de forma independente da FCA. O executivo continuou a comandar as duas empresas.
O processo começou no final de 2015, com 10% das ações da Ferrari sendo oferecidas na Bolsa de Valores de Nova York, outros 10% ficando na mãos da família Ferrari, e os outros 80% foram distribuídos entre os acionistas da FCA. A marca tornou-se independente em janeiro de 2016.
Não foi a única marca a passar por algo parecido. Marchionne ainda separou a Ram da Dodge, tirou a CNH Industrial (produtora de veículos agrícolas) da FCA e começou os planos para tirar a Magneti Marelli do grupo – o que será finalizado neste ano.
A ressureição da Alfa Romeo
A Alfa Romeo é um dos maiores nomes da indústria automotiva e do automobilismo. Porém, nos últimos 20 anos perdeu muita força com lançamentos que não foram bem recebidos. Sua reviravolta começou em 2014, como parte do plano de cinco anos da Fiat-Chrysler, prometendo recuperar a fabricante.
As expectativas de vendas subiram a cada ano e, em 2017, a Alfa Romeo aumentou sua produção em 62%, montando 150.772 veículos. Para começar, parou de colocar o seu logotipo nos carros da Fiat, recebendo uma linha exclusiva. Começou com o pequeno 4C, subindo para o sedã Giulia e o Stelvio – o primeiro SUV da Alfa Romeo. Agora trabalha em um cupê esportivo, um SUV abaixo do Stelvio e um novo supercarro – uma mudança gigantesca em relação há alguns anos, quando só tinha os hatches Mito e Giulietta. E esperam vender 400 mil unidades por ano em 2022.
Ferrari F1 ganha força
Os dias de dominação de Michael Schumacher na Fórmula 1 acabaram há muito tempo. Após o alemão se aposentar em 2006 e a saída de Jean Todt e Ross Brown, a Ferrari F1 começou uma reestruturação para retomar a sua identidade italiana. Porém, nos anos seguintes, só conseguiram três títulos: o de pilotos e construtores em 2007, e o de construtores no ano seguinte.
Na primeira metade desta década, a Ferrari foi uma decepção. Uma vitória em 2009 e 2011, a perda da chance de ser campeã após uma estratégia ruim em 2010, e perdeu de novo em 2012 com um carro mais fraco que os demais. Em 2013, não tinha nem chances de competir pelo título e ainda piorou em 2014.
Em 2015, Luca di Montezemolo deixou de comandar a Ferrari F1 e Marchionne começou a acompanhar a equipe de perto. Sebastian Vettel chegou ao time (o último ato de Montezemolo) e a Ferrari começou a sua recuperação. Queria duas vitórias naquela temporada e conseguiram três. Perdeu um pouco a forma em 2016, mas voltou com força total em 2017. Neste ano, está tão forte que é uma das favoritas ao título.
Sucesso financeiro
A Fiat não era exatamente bem sucedida quando Marchionne assumiu a empresa, e já discutimos sobre as dificuldades da Chrysler. O maior legado do executivo foi o sucesso financeiro que ele alcançou com a Fiat-Chrysler Automóveis.
Em 2015, apenas um ano após a criação da FCA, as vendas subiram 18%, com o lucro bruto 40% maior e o lucro líquido alcançando 91% de crescimento. Neste ano, a FCA bateu previsões ao reduzir seu débito para menos de 1,1 bilhão de libras, enquanto o lucro operacional cresceu novamente em 5% para 1,4 bilhão de libras. A empresa espera finamente ficar com as contas no azul até o final deste ano.
Agora a Fiat-Chrysler é a sétima maior fabricante automotiva do mundo. Nada mal para uma empresa que, há apenas alguns anos, estava a ponto de desaparecer...