Em 1970, as fabricantes norte-americanas começaram a vender veículos compactos e econômicos. A Ford entrou no segmento com o Pinto (sem piadas maldosas).
Lançado como modelo 1971, o Pinto chegava às lojas nas versões hatchback e perua. Poucos anos depois, começaram a aparecer as reclamações de que o modelo compacto pegava fogo depois de sofrer uma colisão traseira. O tanque de combustível estava localizado entre o eixo e o para-choque traseiro. A falta de espaço aumentava as chances do tanque ser perfurado.
Em 1977, a revista Mother Jones publicou uma reportagem sobre os casos de incêndio do Ford Pinto. O que piorou a situação, para a Ford, foi que a revista teve acesso a um memorando interno. Segundo o documento, a Ford havia descoberto a falha durante a pré-produção, fez as contas de quanto iria custar colocar um tanque de combustível mais seguro e achou que não compensava o gasto. Fizeram o absurdo de calcular que os custos para trocar o sistema de combustível seria maior do que pagar indenizações após os acidentes.
O National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), responsável pela segurança viária nos EUA, concluiu que o sistema de combustível era perigoso e mandou que a Ford fizesse o recall de 1,4 milhões de unidades.
O escândalo do Ford Pinto resultou em um processo criminal contra a Ford por homicídio doloso, movido pela promotoria do estado do Indiana após três mulheres morrerem queimadas no veículo. O memorando tornou-se uma prova de que a Ford assumiu o risco, sabendo que poderia provocar fatalidades. Foi a primeira vez que uma empresa norte-americana foi acusada de assassinato, porém, o júri absolveu a Ford.