Salão de Detroit 2018 - Destaques e decepções da mostra americana

O que deu certo e o que falhou no principal evento automotivo dos EUA

2019 Volkswagen Jetta 2019 Volkswagen Jetta

Após passar por todas as novidades do Salão de Detroit, chega a hora de olhar para trás e pensar no que gostamos e o que não gostamos do evento. Houve poucas estreias importantes, como o Volkswagen Jetta e a Ford Ranger para os norte-americanos, mas ainda encontramos muitas coisas bacanas na feira deste ano. Com carros interessantes que fazem sentido para os consumidores e um toque de nostalgia para os apaixonados por automóveis. Mas nem tudo foram flores. Se liga na galeria acima!

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Acerto – Mercedes-Benz Classe G na resina

Sim, sim, houve muitas piadas sobre como o Mercedes-Benz Classe G de 1979 dentro de um grande pedaço de resina lembra o filme Jurassic Park - lembra do mosquito encontrado por John Hammond?. Mas o que torna essa peça legal é sua audácia. Afinal, não é todo dia que alguém passando em frente ao Cobo Center (o local do Salão de Detroit) encontra uma arte de 44,4 toneladas.

Erro – Mach 1 renasce como SUV elétrico

Quando a Ford usava o mítico nome Mach 1, era para batizar edições especiais do Mustang, normalmente como o modelo mais forte daquela geração. Virou um ícone dentro da marca. Por isso, quando a fabricante disse que o Mach 1 voltaria, era impossível não se empolgar com as possibilidades.

Aí veio o balde d’água fria. A Ford fez um post no Twitter com um vídeo do Mach 1. “Inspirado por ícones. Desenvolvido pelo Ford Team Edison. Nascido em Detroit. Um novo SUV de desempenho totalmente elétrico. Chega em 2020.” Pois é. O Mach 1, nome sempre associado a um cupê de alta performance, virou um crossover elétrico. Terá um design legal? Talvez. Será rápido? Provavelmente. Mas não é o ponto. Mach 1 é sobre carros esportivos com roncos monstruosos. Um SUV elétrico, em comparação, parece um tapa na cara.

Acerto - Híbridos ficam mais normais

Até agora, parecia que as fabricantes seguiam uma regra de que os carros híbridos precisam ter design futurista, o que levava a alguns desenhos polêmicos. Felizmente, parece que essa tendência está chegando ao fim. A Honda mostrou o Insight, seu sedã híbrido que irá brigar diretamente com o Toyota Prius. Se nos dissessem que era um Civic, teríamos acreditado. Não tem nenhum vinco estranho e não parece ser o carro do Jaspion. Tudo por causa da ideia da Honda de que o objetivo não é fazer um grande carro híbrido, e sim fazer um grande carro que, por acaso, é um híbrido.

Erro – Toyota praticamente sumiu

Muitas marcas fortes nos EUA levaram poucas novidades para o evento. Ainda assim, levaram algo que fosse fazer barulho. A GM mostrou a Silverado, a Honda revelou o inédito Insight, a Mercedes finalmente atualizou o Classe G. E a Toyota? Mostrou somente um carro, o Avalon. O problema é ele ser um sedã grande, segmento que está em decadência nos EUA.

Acerto – Hyundai Veloster N

Já sabíamos que a Hyundai iria mostrar a nova geração do Veloster no Salão de Detroit. E também não era segredo que trabalhavam na versão N, mais potente para brigar com carros como Golf GTI e Focus ST. A surpresa foi o N ser revelado também no evento, com boas mudanças no design e uma mecânica que parece ter tudo para ser divertida: motor 2.0 turbo de 275 cv e câmbio manual de 6 marchas. Bem que poderia chegar ao Brasil.

Erro – Cadê os conceitos?

É normal que um Salão do Automóvel tenha conceitos e protótipos, adiantando coisas como tecnologias, tendências de design e até mesmo como será um futuro modelo de produção. Neste ano, só vimos três conceitos: o Nissan Xmotion, o Infiniti Q Inspiration e o Lexus LF-1. Todos servem como estudo de design (e não são dos melhores). Honestamente, ficamos com a sensação de que foram muito sem sal.

Acertos – Respeito aos clássicos

Por um lado, a Ford desanimou os entusiastas com o Mach 1 virando um SUV elétrico. Por outro, acertaram em cheio com o novo Mustang Bullitt. Além de reviver o clássico baseado no filme de mesmo nome, desenvolvendo uma nova versão, ainda conseguiram levar o Bullitt original ao evento, com direito à neta de Steve McQueen fazendo a apresentação.

E não foi só a Ford. A Chevrolet comemorou seus 100 anos de picapes com uma amostra dos primeiros modelos, enquanto a Mercedes levou uma série de Classe G antigos para dar destaque à nova geração. Sempre é bom relembrar a história automotiva e o quanto os carros evoluíram.

Erro – Hyundai Veloster

Ué, falamos que o Veloster N é um acerto e agora falamos que é um erro? Calma, isso faz sentido sim. O Veloster N foi uma agradável surpresa. O problema é que o Veloster normal não foi tanto assim. O cupê é apresentado lá fora como um hatch de pegada esportiva, uma alternativa para o i30 (vendido nos EUA como Elantra GT). E colocar um motor 2.0 aspirado com ciclo Atkinson, que sacrifica desempenho para melhorar o rendimento energético, não nos parece uma escolha adequada para um carro esportivo.

Acerto - Salão das picapes

Enquanto os SUVs dominam o resto do mundo, os americanos se voltam cada vez mais para as picapes. Detroit foi o evento para este segmento, com estreias importantes. A Ford relança a Ranger (com design inédito) para os EUA, a Chevrolet mostrou a Silverado reestilizada e a RAM renovou a 1500. Até os norte-americanos ficaram surpresos com a quantidade de picapes apresentadas em um único Salão do Automóvel.

Erro - Estreou na CES, sumiu em Detroit

Muitos apostam que o Salão de Detroit está com os dias contados. Fica difícil não pensar a mesma coisa ao compará-lo com a CES, feira de tecnologia que acontece em Las Vegas. Muitas novidades foram apresentadas antes na CES, como o carro autônomo sem volante da GM ou os conceitos da Toyota, e nenhum deles estava exposto nos estandes em Detroit. Como os carros estão cada vez mais recheados de tecnologia, a feira de Vegas faz mais sentido. Além disso, muitos reclamam de ir para a Motor City nesta época do ano, em que a cidade está praticamente congelada.

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